Culpa do amor - Anthony Bridgerton - 1° Livro

um beijo inesquecível (II)

Quando Lilyan colocou os pés para dentro de casa a única coisa que desejava fazer era correr para o quarto e se jogar na cama, era horrível para ela não conseguir tirar o que havia acontecido dos pensamentos. Ela não sabia o que fazer a respeito, não sabia nem ao menos o que pensar a respeito. Foram muitas informações jogadas de repente, todas juntas. Por qual motivo lorde Bridgerton teria escrito aquele bilhete e depois desistido de corteja-lá? Que sentido tinha tudo isso?

Por qual circunstâncias desistirá no último minuto? Não quis entregar a ela o bilhete para levar ao pai e depois surgiu com interesse em cortejar sua irmã. Não fazia para ela o menor sentido, e não era como se pudesse perguntar, não era um jogo tão fácil. Ela já estava com perguntas demais e ao invés de serem respondidas elas se acumularam um pouco mais.

Lilyan colocou a mão na maçaneta de sua porta pronta para abri-la quando sentiu mãos fortes sobre seus ombros, ela se virou porque o aperto não era nada amigável e teve um susto quando percebeu que sua irmã, Clarice estava ali, diante dela e não parecia nada feliz.

— Lilyan, você não consegue mesmo não se intrometer em tudo, não é? - ela suspirou irritada, quase gritando as palavras - o que mais você deseja? Não posso nem ao menos ser cortejada! para você tudo tem alguma coisa errada. Isto é ego porquê consegui um bom partido?

— Do que você está falando, Clar? O que eu possa ter feito para você achar que eu...

— Fique quieta - ela lhe interrompeu - estou cansada de você se fazendo de vítima, pare com isso de uma vez por todas. Achou o bilhete, não foi? Tinha que entrar no escritório dele, tinha mesmo que saber tudo... aposto que ainda está tentando descobrir o que estávamos fazendo lá dentro naquela noite.

Lilyan arregalou os olhos, dando um passo para trás. Por um momento não conseguia reconhecer sua própria irmã.

— O que... - ela respirou fundo - Clar, você está fora de si. Não é o que está pensando, eu só queria ajudá-la!

— Me ajudar? Me ajudar com o que, exatamente? Eu estava sendo cortejada, Lilyan! Com a permissão de nosso pai, em bailes, em jantares. Um cortejo descente.  Do que especificamente estava planejando me salvar? Porque eu não vejo nenhuma ameaça eminente. - ela soltou, com ironia - não pense você que vou deixá-la estragar a minha chance de ser viscondessa, você não vai!

Lilyan explodiu, como podia ser tão ingrata? Como podia dizer essas coisas para ela quando não fez nada para impedir o maldito pedido de noivado? A única coisa que fez foi ficar de pé como uma estátua assistindo ao teatro.

— Ora, vejamos. Está se sentindo bem realizada, estou certa? - Lilyan sussurrou, com uma risada baixa vinda logo em seguida - que bom, eu fico feliz, irmãzinha. Não me lembro de ter feito nada para impedir que Lorde Bridgerton pedisse sua mão, não foi isso que aconteceu a poucas horas atrás? Quer ser viscondessa, seja viscondessa. Afinal, quem sou eu para dizer o que você deve ou não fazer? Você é tão crescida, uma mulher de fato, pode resolver seus próprios problemas e tomar suas próprias decisões. Espero que esteja se sentindo bem com tal liberdade.

— O que você está tentando dizer? - Clarice franziu a testa, respirando fundo - por acaso tem sentimentos pelo Visconde? Ah, claro que sim. Como não notei isto antes?

Lilyan apertou as mãos, podia decidir deixar aquilo a afetar ou não. Não era algo que estava planejando pensar agora, embora a cena de como vomitou ao perceber que sua irmã estava trancada com um homem em seu escritório não saísse de sua cabeça.

— Tudo que fiz foi para seu bem, sempre estive perto para dar-lhe apoio. E agora está agindo como uma ingrata. Eu esperava mais da mulher que é, esperava mais do sangue que tem em você. Esperava de mais compaixão com a melhor família que poderia ter. Que jamais te obrigaria a casar com o primeiro velho que aparecesse, que tudo que fazem é para te proteger, impedindo que você se machuque. Então me desculpe, senhorita perfeita, por me preocupar com você.