um visconde enfeitiçado (III)

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A casa Dragoner estava uma tremenda loucura agora que voltaram para a casa, bailes para ir, muita coisa pra organizar, e Gilbert, atolado de trabalho e preso no seu escritório. Fazia um tempo que Lilyan estava procrastinando, sentada no sofá da biblioteca. Deveria se levantar, tomar seu banho e ficar apresentável. Por que? Simplesmente porque deveria, caso surgisse algo, caso uma visita aparecesse.

Ela fechou o livro e suspirou fundo, encarando a lareira apagada, e depois a janela onde a noite chegava bem próxima, se aconchegava e levava embora a claridade do dia, o sol fraco que iluminava. O vento começava a balançar as árvores pequenas ao redor, até que, de repente ouviu a porta se abrir. Virou, encarando uma das empregadas com uma bandeja na mão, uma carta sobre ela.

— Isto chegou para a senhorita a alguns minutos - anunciou, se aproximando.

— Obrigada, lis - agradeceu a ruiva, pegando a carta enquanto a criada se retirava.

Lilyan olhou, nenhum nome, pelo menos não na parte fechada. E então abriu, começando a ler o que estava escrito:

Lady Dragoner, Lilyan.

Como vai a senhorita?
Escrevo este bilhete, pedindo humildemente que venha até o Palácio de Buckingham, hoje a noite, se assim puder.

Rainha Charlotte.

Lilyan levantou os olhos do bilhete, não acreditando mesmo que ele fosse da Rainha, e o que poderia querer com ela, e ainda hoje a noite?
Ela se levantou, segurou o vestido e saiu pela porta da biblioteca em direção aos corredores, e não demorou a achar a porta da sala de seu pai. Bateu, esperando uma resposta.

— Pode entrar - falou, e então, Lilyan abriu a porta de vagar adentrando a sala.

— Olá, papai. Perdão por estar atrapalhando - se desculpou - preciso falar com o senhor.

— Sim, filha, o que deseja? - perguntou abaixando algumas folhas, atento.

— A Rainha, me enviou este bilhete - disse, se aproximando da mesa do pai, estendendo o bilhete em sua direção.

Pareceu concentrado enquanto lia, movendo as mãos com leveza meio inquieto, depois, olhou para a filha a sua frente e assentiu com a cabeça, devolvendo o bilhete.

— Sendo assim... vamos ao seu encontro - murmurou, se levantando.

— O senhor também irá? - perguntou ela, ainda segurando a barra do vestido.

— Sim, irei, para acompanhá-la. Mande me avisar quando estiver pronta - pediu.

~

Lilyan se levantou, encarando a pequena tiara na cabeça. Pegou a luva branca sobre a cama e então saiu pela porta, enquanto descia as escadas um dos criados foi chamar o seu pai, que não demorou a encontrá-la na porta.
Era de se esperar que estivesse nervosa, e estava, curiosa também, sem dúvidas. Mas não esperava que seu pai estivesse tão nervoso assim também, ele saberia de algo, afinal? Ou também só estava curioso?

O que ela poderia querer, Lilyan conhece seu jeito ácido. Talvez tivesse feito alguma bobagem e ela não gostará, talvez fosse alertá-la! E se de repente achasse que ela era Lady whistledown? Deus do céu, a cada minuto ela ficava mais apreensiva.

Culpa do amor - Anthony Bridgerton - 1° Livro  Onde histórias criam vida. Descubra agora