para lorde Bridgerton com amor (II)

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Lilyan não podia perguntar a Clarice e muito menos a Anthony Bridgerton sobre o acontecido naquela sala. Sim, ela se lembrava disso todos os dias, pensando no fato de que precisava descobrir. Mais cedo ou mais tarde, e se de preferência mais cedo.

De um jeito ou de outro ela precisava.
O salão de Andrey Hall estava lotado nesse horário, as pessoas não costumavam reparar em Lilyan, então foi o momento perfeito para que ela conseguisse sair de vagar para as escadas do fundo. Até o escritório de lorde Bridgerton. Ela sabia que o que estava fazendo era imensamente errado, podia até imaginar o que seu pai diria a ela se descobrisse. Não foi criada assim, mais era pelo bem da irmã! Só isso.

Ela só queria ajudar, queira descobrir. Não podia perguntar. E talvez não devesse perguntar, mesmo assim, não havia força que parasse ela ao entrar na sala. Exceto no entanto. Pelo barulho de passos no corredor assim que conseguiu fechar a porta de novo. Seus olhos procuraram com medo por algum esconderijo ali dentro, a sala não era pequena. Só era de todo decorada demais, sua única opção era se esconder atrás da mesa.

Foi o que ela fez. Como uma tola, agora se ders conta. Estava se metendo na vida da irmã dessa forma, não tinha esse direito. Era mais velha, mais a irmã não era uma criança, ia se casar. Talvez ela mesma soubesse aonde estava se mantendo, não cabia a Lilyan retrucar. Relutar, sapatear os esbravejar. Mais o fato de perceber isso só agora era repugnante. Encolhida ali embaixo enquanto sentia um cheiro estranhamente família invadir a sala. Era cítrico, e nada doce. Era adorável, e ela teria prestado mais atenção se não estivesse com tanta força tentando se esconder, mais agora que descobrirá quem era.

Lorde Bridgerton estava parado. Tinha certeza, não deu um passo des de que entrei na sala. Lilyan suspirou, o mínimo de som saindo de sua boca, e estremeceu assim que ouviu a voz soar por seus ouvidos como uma melodia dura e firme.

- Senhorita Dragoner. Acho que pode estar desconfortável aí embaixo, estou certo? - baixo. Porém forte o suficiente para fazer seus ossos rangerem.

Ela não respondeu de imediato. Parou, respirou fundo de novo e ele suavemente sussurrou no mesmo tom de antes.

- Pode sair agora- falou ele - por favor.

Ela se esticou, com uma dificuldade dolorosa. Engatinhando como um recém nascido até sair de debaixo da mesa. Se levantando e arrumando o vestido. Ela olhou pra ele, parado perto da porta, como ela presumiu que estaria devido os passos. Os braços cruzados e o rosto estava neutro. Não conseguiu identificar nenhuma reação nele. Nunca conseguia, quando ele não estava zangado, seus pensamentos na visão dela eram completamente um breu. Não conseguia nem imaginar algo que ele pudesse estar pensado.

Como se qualquer coisa de que passasse por sua cabeça não seria nada perto da realidade. Ele usava as típicas roupas pretas a que lhe caíam tão bem quanto em seu irmão Benedict.

- Lorde Bridgerton... - ela começou, era uma vergonha. Foi pega, descaradamente e ela nem se quer conseguiu procurar nada - devo pedir perdão por ter entrado no seu escritório sem permissã-

Anthony balançou a mão uma vez. Junto da cabeça em negativa.

- Não diga nada, não precisamos falar sobre isso - garantiu ele.

Ela franziu a testa, não parecia do seu fetil. Na verdade, ela até achou que ele fosse gritar com ela, não tiraria sua razão, porém a forma como estava agindo era estranha demais para ela... Era estranha, era diferente. Como bem lembrado, eles eram praticamente desconhecidos, trocavam pouquíssimas palavras juntos e ainda sim...

Ele sim parecia saber tudo que se passava na cabeça de Lilyan. E ele de fato sabia muito, sabia bastante. Anthony não ia perguntar, ele tinha quase certeza de que sabia a resposta. Uma coisa levaria a outra coisa que ele não iria contar. Ele ia fingir que ela nunca havia invadido seu escritório.

Ela ia perguntar sobre a sala naquele dia, mais cedo ou mais tarde nessa conversa. Não tinha para onde escapar. Ou sobre o bilhete, Lilyan não é burra. Ela provavelmente se lembrou, não importa quanto tempo isso tenha demorado. O que não foi muito; se é de observar.

- você quer descer? Podemos dançar e conversar- perguntou ele. Em tom gentil. Ela estava confusa - sinto que começamos errado e não quero me casar com sua irmã sendo um completo estranho pra você.

Por que ele estava agindo dessa maneira? Por que não ia contar ao pai dela que evadiu seu escritório sem permissão? Como ele a viu saindo se tinha a completa certeza que ninguém a estava olhando quando saiu?

- lorde Bridgerton, eu... - ela travou, ele estava normal. Nada irritado e tranquilo- quer dançar comigo?

- se assim desejar minha companhia, senhorita - respondeu ele, com um aceno de cabeça. Uma confirmação.

Ele não ia perguntar, ele não ia falar sobre ela estar ali. E era mais uma coisa pra Lilyan descobrir. Ou talvez não. Mais era uma outra coisa para atormentar seus sonhos com dúvidas, isso era.

- Claro. Eu adoraria- aceitou ela, fazendo uma reverência e saindo da sala.

Desceria primeiro para não gerar escândalo nenhum. E depois esperaria ele no salão para uma dança. Lilyan contou dez minutos suando frio e nervosa sobre o que ele falaria durante essa dança, e por que de repete tudo havia mudado assim, simplesmente com essa aproximação. Era perguntas demais, eram sentimentos demais.

Ela tornou a fazer a reverência quando viu ele se aproximar dela e estender a mão. Ela a pegou, deixando que ele a conduzisse para o meio do salão, uma nova dança começou.

- A senhorita se interessou por algum pretendente a altura nessa temporada? - perguntou Anthony, em tom sutil. Usando a mão para guiá-la.

- infelizmente não, lorde Bridgerton- respondeu ela, movendo-se - creio que logo... aparecerá.

Lilyan mesmo não acreditava muito nisso. Mais tinha de ser gentil, e estava na temporada para arranjar um marido e se casar.

- boa sorte, homens são bárbaros- disse ele, a surpreendendo.

- mais o senhor é um homem, lorde Bridgerton- rebateu ela, puxando os lábios em um sorriso torto.

- Eu sei, por isso posso de certo dizer com convicção- ele tornou a dizer. Rindo ao abaixar o olhar para o rosto da moça.

A melodia e a dança haviam se encerrado, e boa parte das pessoas saíam para os cantos do salão.

Lilyan notou que boa parte do que pensava sobre Anthony Bridgerton era mentira. Pelos boatos, pela fama. Mais não podia julgar muito o caráter dele, mal haviam conversado antes...

Lilyan estava pensativa sobre as ações de Anthony, ele mesmo estava sobre elas. Benedict, pensou ele, viu algo nela que ele não quis ver. Que ele não quis conhecer, e nem queria, claro. Por que a simples ideia de beijar Lilyan Dragoner era o suficiente para mandá-lo ao manicômio. Não é?

Como mesmo pensou a pouquíssimos dias atrás. Sim. Mais ia se casar com sua irmã, e tinha de estar bem com toda família, Lilyan procurava demais, Anthony sabia o que ela queria em seu escritório e por isso mesmo escondeu toda sua raiva por ela estar lá. Ou só sua indignação.

Os olhos dela parecem de uma coruja. Atentos, prestativos e um tanto doces.

- Anthony. - ouviu seu nome ser chamado. Muito perto o tirando dos pensamentos - O duque. Simon Basset, está a procura do Senhor.

Anthony levantou o olhar para a entrada do salão, lotada e atenta ao ver o duque de Hastings entrar por ela. Sorrir pra ele, e virar sua atenção para a mulher ruiva ao seu lado.

Culpa do amor - Anthony Bridgerton - 1° Livro  Onde histórias criam vida. Descubra agora