EMILY RODRIGUES
—Mãe eu já disse, gosto de trabalhar com o Fabinho e o Gabriel. Mas eu vou fazer faculdade— falei já me estressando
—Você sabe que eu nem queria que você fizesse faculdade, eu queria mesmo era ver você sendo uma grande modelo ou atriz. Mas aí você venho toda mas inchada igual a genética do seu pai né...— ela disse e eu revirei os olhos
Eu nem pareço ser filha da minha mãe, única coisa que tenho e o nariz mas fino.
Quando eu era criança as pessoas ficavam chocadas quando uma mulher loira de olhos castanhos e magrela dizia que uma criança negra era a sua filha é óbvio que ela sempre jogava na minha caraEla se envolveu com um homem negro e esperava que eu viesse loirinha e magrinha?
—Eu sei que não é culpa sua você ter vindo assim minha filha, mas você não tá fazendo academia não? Sei lá, tô te sentindo mas gordinha— ela disse e eu bufei
—Você só me chamou até aqui pra isso? Falar as mesmas coisas de sempre?— perguntei a encarando
—Alguém tem que te dar um toque, a sua tia linda e a Vanda só passam a mão na sua cabeça e eu sou a sua mãe. Na sua idade eu pesava 10 kg a menos— ela disse e eu concordei
—Ok mãe. Prometo que vou emagrecer e entrar na faculdade agora me deixa ir— falei tentando passar por ela
—Espera. Tem mas uma coisa pra te contar— ela disse e eu a encarei esperando respostas
—Voltei com Otávio— ela disse e eu arregalei os olhos—oh mãe?— a encarei chocada
—Eu sei que oque ele fez com você não é justo, mas eu amo ele— ela disse e eu respirei fundo
—Eu vou embora, não tô afim de brigar— falei tentando não chorar
—Volta aqui Emily. Não vira as costas pra mim porque eu sou a sua mãe!— ela me repreendeu
—Se você é minha mãe, onde você estava quando eu mas precisei de você esses anos todos?— a encarei e ela suspirou
—Foi oque eu pensei— a encarei de cima a baixo com nojo e virei batendo a portaDesci correndo e o meu corpo se chocou tão forte com alguem que eu iria cair no chão, uma mão grande segurou na minha cintura
Fechei os olhos reconhecendo esse cheiro, desde o dia da festa lá em casa que Filipe se sentou do meu lado eu gravei o cheiro dele. Também né, é impossível esquecer
Abri meus olhos e encarei ele
—Calma, você tá bem? Porque tá chorando?— ele perguntou me encarando
—Tô bem, você tem um baseado aí?— perguntei com a voz falhada e ele assentiu
—Não sabia que você fumava— ele me olhou desconfiado tirando as mãos da minha cintura
—Eu fumo de vez em quando— menti, eu fumava sempre que algo me deixava assim, ou melhor. Sempre que a minha mãe me deixava assim
—Ok né...— ele disse desconfiado
—Vem— me puxou pra um cantinho tirando do bolso e me entregando que logo coloquei dentro do sutiã—Obrigada, tenho que ir— falei e ia passando por ele
—Ou, vem aqui. Ainda não respondeu, porque você tá assim? Tava chorando?— ele me olhou e se eu tivesse intimidade poderia jurar que senti um ar de preocupação no olhar dele
—Não eu só, estou em um dia ruim, nada demais— fiz pouco caso
—Tá fazendo oque aqui?— o olhei arqueando as sobrancelhas—Minha mãe pediu pra entregar um vestido pra sua mãe, você pode entregar pra mim?— perguntou e eu neguei
—Sinto muito Ret, mas não vai rolar— falei e virei as costas
—Tchau morena, se liga em no bagulho— ele disse e eu revirei os olhos ouvindo a risada dele
—Eu te odeio— gritei passando pelo Francisco, porteiro
—Eu te amo, morena da minha vida— ele disse gritando e eu mandei dedo do meio pra ele ouvindo sua risada ficar mas potente
...
Desci as escadas com a coberta enrolada no meu corpo encontrando o tio Valdemir sentado assistindo o filme do Batman. Quando ele sentiu a minha presença na sala me olhou sorrindo fraco e batendo a mão ao seu lado no sofá
Eu tenho ele como um pai, ele foi o melhor amigo do meu pai de sangue e se comprometeu a cuidar de mim. Depois que o meu pai morreu, ele praticamente pegou a responsabilidade pra ele
Me deitei colocando a cabeça no colo dele enquanto ele me fazia um leve cafuné
—Dia difícil?— ele murmurou
—Século difícil— respirei fundo
—Você quer me contar oque houve minha filha?— ele perguntou e eu neguei
—Só quero ficar aqui, sentindo o seu carinho— suspirei sentindo meus olhos arder com as lágrimas e eu fechei os olhos para evitar chorar na frente dele
Quando estava quase dormindo ouvimos um barulho e olhamos para a porta vendo a Dhiovanna entrar com os saltos nas mãos.
Ela encarou a gente por um tempo e iria subir as escadas sem dizer nada—Boa noite também Dhio, filhinha
amada do papai— Tio disse e ouvimos ela bufar e logo em seguida a porta do quarto bater
—Acha que ela ainda está na adolescência?—Provavelmente— murmurei e ele riu
—Espero que um dia ela volte a ser como antes—A nossa Dhio?— perguntou e eu concordei
—A nossa Dhio— afirmei e vi ele me dar um beijo estalado na testa
—Estou com sono—Pode dormir, o pai tá velho pra te carregar mas o Gabriel te leva quando ele chegar— ele disse me fazendo rir
—Acha que ele e a tia dalvinha vai demorar?— perguntei e ele negou passando a mão no meu cabelo
—Seu cabelo tá lindo de trança, mas eu amo ele natural— ele disse me fazendo sorrir
—Me sinto melhor assim e de lace
—Você é linda de qualquer jeito querida, essa beleza todinha e da sua avó— ele disse me fazendo rir
—Obrigada, eu acho— falei sentindo ele soprar o meu rosto
—Está se sentindo melhor?— ele perguntou e eu confirmei com a cabeça
—Seu colo e carinho tira qualquer depressão— falei vendo ele rir
—Me sinto lisonjeado— ele disse me fazendo sorrir

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Sobre nós- Filipe Ret
RomanceÁs vezes o amor vem de onde a gente menos espera, é como acordar e tomar uma xícara de café e se sentir vivo. Se apaixonar é isso, como cair da cama, de repente e do nada.