EMILY RODRIGUÊS
Quando eu acordei o Filipe me fez tomar café da manhã e depois me levou pra casa.
—Você não vai sair por aí assim mas, não é?— ele questionou enquanto andávamos pra dentro de casa
—Não vou, eu sei que fiz errado, fui imatura mas precisava de um tempo— falei e ele concordou
—Quando precisar de um tempo, sabe onde me encontrar— piscou e eu revirei os olhos rindo mas meu sorriso fechou assim que vi o Gabriel no batente da porta nos observando com os braços cruzados
—Eae cara, bom dia— Filipe cumprimentou—Bom dia, valeu aí cara— Gabriel disse enquanto me encarava e eu abaixei o olhar
—Já vou porque tenho que passar na gravadora, se cuida— Filipe me olhou e me deu um beijo na cabeça já que eu era mas baixa que ele. Fez um toque com o Gabriel e saiu
Passei pelo Gabriel sem falar nada e entrei na cozinha indo pegar o meu vidrinho de água que eu sempre guardo aqui
—Não vai falar nada? Você sai por aí naquele estado, some e me mata de preocupação e se não é o Ret me avisar eu estaria pela cidade até agora Emily. Deixa de ser irresponsável— ele disse trincando o maxilar e eu o encarei
—Eu sei que eu fiz errado ok? Não precisa ficar jogando na minha cara do mesmo jeito que a minha mãe sempre fez!
—Eu não estou jogando nada na sua cara, eu só estou esclarecendo um fato. Você sabe oque isso deu na última vez e na minha cabeça ontem você estava por aí...
—Por aí oque? Injetando heroína, usando cocaína? Pois é, eu não estava. Desculpa pelo que aconteceu, isso não vai mas se repetir— Suspirei e ele deu um passo na frente me encarando e fez oque eu menos esperava
Ele me abraçou apertado.
Senti alguma coisa molhar as veias do meu pescoço e arregalei os olhos
—Gabriel? Bi? Você tá chorando?— perguntei com a voz trêmula
—Pensei que tinha perdido você— ele murmurou
—Eu tô aqui, hum? Você não vai me perder de novo. Eu te juro— falei passando a mão nas costas dele e ele suspirou
—Você promete pra mim que se você sentir vontade de usar essas coisas vai me dizer?— perguntou e eu assenti
—Fica calmo, hum? Você tá tremendo— falei limpando o rosto dele
—Desculpa ter sumido, não vou fazer isso mas preto—O Filipe cuidou bem de você?— perguntou e eu sorri assentindo
—Ele é legal. Mas é segredo em? Não quero aumentar o ego dele— falei e ele gargalhou
—Ele ia adorar saber— ele disse e eu revirei os olhos
—Ele ia ficar me zuando— falei e ele riu
—Cadê o Fabinho?—Tá com a ruiva— ele disse e eu arqueei as sobrancelhas
—Qual delas?— perguntei abrindo a geladeira
—Já perdi as contas, não lembro o nome— ele disse e eu ri
—Comedor de ruivas— murmurei rindo
Dias depois o natal se aproximava, eu não estava animada. Tinha alguma coisa me impedindo de sentir o espírito natalino.
A verdade é que eu ficava xoxa, capenga e isolada nessas datas desde que o meu pai se foi. Eu tinha costume de passar com ele e então para mim essas não são datas comemorativas.
Gabriel ao contrário de mim amava o natal e ficava o mês todo de dezembro só falando disso. E isso me irritava pra caralho.
O natal esse ano seria comemorado na casa de praia do Filipe em búzios. Toda a família iria pra lá e eu iria obviamente obrigada já que o Tio Valdemir praticamente me carregou pra dentro do carro.
Falar em Filipe eu não vi ele o mês todo desde aquele dia, ao que parece pelo Instagram ele tem viajado bastante e a agenda dele com a de Gabriel e a minha não estava batendo.No carro do Gabriel foi Olivia e eu, tia linda e o tio val. No carro do Fabinho foi minha mãe, Dhiovanna e a amiga dela e com o Filipe foi os pais dele. Fora que o irmão do Filipe iria nos encontrar lá com a sua família.
Quando o carro parou em um posto de gasolina, os três carros pararam juntos para abastecer e tomar uma água e ir ao banheiro. Eu desci e fui saindo do posto de gasolina para fumar o meu cigarro, só não esperava que Olívia viesse atrás de mim igual uma matraca
—Não tô afim de ver a cara do Fábio. Ele é insuportável— ela disse e eu revirei os olhos
—Supera, vocês já terminaram a um tempão liv— falei fumando e ela me olhou cruzando os braços enquanto eu olhava de longe para Filipe que enchia o pneu do carro
—Eu superei, por isso pintei o meu cabelo— ela disse e eu ri
Lembro que quando ela terminou com o Fábio, a primeira coisa que fez foi pintar o cabelo e apareceu loira do nada.
—Tô vendo como você superou— provoquei e ela me deu dedo do meio
—Quando chega essas épocas o seu espírito começa a atentar né?— ela disse e eu dei de ombros
—Por mim eu estaria em casa, foram vocês que me obrigaram— falei e ela me ignorou indo em direção ao carro passando perto do carro do Fabinho, o coitado deixou o boné cair no chão e ela passou por cima pisoteando sem dó oque me fez soltar uma gargalhada e jogar a bituca do cigarro fora
Me aproximei do carro do Filipe e me encostei vendo ele terminar de fazer oque antes fazia e sorrir pra mim se aproximando
—Como você está?— perguntou e eu o encarei com as sobrancelhas arqueadas
—Pergunta errada Ret. Mas eu tô bem— falei firme e ele me analisou
—Bora pessoal. É NATAL— Gabriel chegou praticamente pendurando no meu ombro e eu revirei os olhos bufando
—Não faz essa cara pretinha. Vamo se animar— Tio Valdemir chegou também falando
—Vou comprar cigarro, me esperem— falei e sai do abraço do Gabriel e fui em direção o mercadinho do posto e depois entrei dentro do carro
Horas depois Gabriel entrou na garagem, do jardim já dava para ver a areia da praia e todos estavam animados. Cumprimentamos o Daniel e a esposa juntamente com o filho deles.
Todos se acomodaram em seus quartos e a maluca da Olívia ficou dividindo comigo. Ela não parava de falar um segundo e algumas vezes até que me fazia rir das suas bobeiras
—Se anima Emily. Você sabe quantas pessoas queriam ter o privilégio que você tem de ser irmã do Gabigol e passar o natal na casa de praia do Filipe Ret?— ela disse e eu revirei os olhos
—Não sou irmã do Gabigol, sou irmã do Gabriel e pra mim essas coisas não tem o menor preço— falei e ela suspirou
—Ok me expressei errado. Eu quis dizer que você tem o privilégio de passar o natal com a sua família em um lugar lindo. Aproveita só esses dias— ela disse e eu ignorei acendendo um cigarro
—Chega de fumar—Vai dividir quarto com o Fábio então. Só sabe reclamar— falei e ela revirou os olhos
—Deus me livre— ela disse arrumando as coisas dela
—Vou dormir— falei e ouvi ela bufar e ignorei colocando os meus fones de ouvido
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Sobre nós- Filipe Ret
RomanceÁs vezes o amor vem de onde a gente menos espera, é como acordar e tomar uma xícara de café e se sentir vivo. Se apaixonar é isso, como cair da cama, de repente e do nada.