12

4.7K 341 28
                                    

EMILY RODRIGUES

Eu tinha começado a faculdade e estava indo bem, o único problema é que eu ando fazendo coisas que a minha família não vai gostar muito de descobrir...

Infelizmente recai ao meu vício em cigarro, eu acho que a ansiedade não colaborou e eu não consegui ficar sem, eu ando fumando mas que antes oque é bem ruim

Não sei como não perceberam ainda, e se depender de mim não vão descobrir por agora. Não quero decepcionar ninguém. Muito menos a minha mãe

Terminei de fumar e guardei o isqueiro no bolso da calça, mandei mensagem pro Fábio perguntando se ele poderia topar comigo e ele disse que estava com um dos empresários do gabriel em reunião mas segundo ele, iria me mandar alguém.

Estava sentada esperando quando de repente vi o carro de quem eu menos imaginava parar e buzinar pra mim

Me levantei pegando as minhas coisas e me aproximei me sentando e colocando o cinto.

—Não sabia que era você que vinha— murmurei

—Estava perto daqui— Dhiovanna respondeu toda séria enquanto mantinha o olhar na estrada
—Por quê? Não gostou que sou eu?

—Não. Não é isso, só fiquei surpresa— dei de ombros e ela murmurou um "hum"

Depois de um tempão em silêncio, eu já estava ficando desconfortável. A sorte era o Matuê que cantava baixinho no som do carro

—Como tá indo a faculdade?— perguntou e eu sorri por ser ela, a puxar assunto

—Eu estou gostando, está ocupando bastante o meu tempo e você sabe que eu não gosto de ficar parada— respondi e ela assentiu com a cabeça

Pensei que o assunto tinha acabado por ali até ela começar a falar

—Viu o grupo que a mamãe criou? Sobre o ano novo?— perguntou e eu neguei

—Não deu tempo de olhar— respondi abrindo o celular e vendo o grupo criado

Tinham as três famílias ali. Geral mermo

—Vai todo mundo é?— perguntei e ela concordou com a cabeça

Depois disso o assunto morreu e ela aumentou o som do carro e eu fui respondendo a galera no meu Instagram. As fãs do Gabriel são malucas

Quando chegamos em casa eu agradeci pela carona e subi pro meu quarto. Tomei um banho e fui fumar um cigarrinho ouvindo música de boa.

Tava cansada pra caralho, tava trabalhando até meio dia, depois ia pra faculdade e quando voltava ficava até tarde cuidando das coisas do Gabriel. Nem na academia eu estava indo esses dias e olha que temos uma academia dentro de casa

Fiquei observando a galera discutir no grupo sobre onde iria ser o natal enquanto fumava o meu cigarro, depois só cai na cama e fui dormir. Parecia que tinha passado um trator em cima de mim

Dias depois...

Eu estava descendo as escadas lá de casa e topei o Gabriel sentado na sala sozinho encarando um ponto fixo, ele parecia perdido em seus pensamentos

—Algum problema preto?— perguntei e ele virou sua cabeça devagar me encarando dos pés a cabeça

—Eu vou te fazer uma pergunta e eu quero a verdade, não quero mentiras, você ouviu?— ele me encarou sério e eu engoli em seco

Abaixei o olhar quando ele se levantou com um maço de cigarro e o meu isqueiro preto, e eu respirei fundo

—Preto, eu...

— Você recaiu ou não?— ele me olhou e os meus olhos se encheram de lágrimas

—É só o cigarro Bi, eu juro pra você que não to mexendo com coisas pesadas...

—AH, me poupe Emily— ele deu uma risada amargurada e o seu olhar de decepção caiu sobre mim me deixando sem ar

—Eu tô falando sério, eu não vou mexer com outras coisas Gabriel. Mas no momento eu preciso disso— falei e ele negou com a cabeça e eu vi a lágrima escorrer nele e em mim caiu logo em seguida

—Você não precisa, não precisa disso— ele passou a mão pelo cabelo tentando se controlar
—Você sabe oque eu, sua mãe, minha mãe e toda a nossa família acha disso. Fumar e um tiro no seu próprio pé Emily!

—Eu consigo controlar Gabriel, quando eu quiser e estiver melhor e só parar— falei simples e ele me encarou com o olhar perdido e se aproximou

—Sabe quantos milhões de pessoas dizem essa mesma frase e acaba em um caixão, ou em um lugar pior Emily? Exatamente, MILHARES. PORRA VOCÊ NÃO PARA PORQUE É VICIADA

—EU NÃO SOU VICIADA, NÃO FALA ASSIM COMIGO— Neguei chorando

—VOCÊ É SIM, VAI VOLTAR A FAZER O TRATAMENTO— Ele gritou e eu neguei

—NEM MORTA, ouviu? NEM MORTA!— gritei e passei esbarrando nele e sai batendo a porta

Eu não sou viciada. E só uma fase, quando eu quiser é só parar

Serve pra me acalmar, me espantar os mals pensamentos, não e como se eu tivesse viciada em Cocaina. É só cigarro...

Parei em um supermercado e comprei um maço é um isqueiro, precisava tirar aquela conversa da minha cabeça ou eu ia enlouquecer

Meu celular tocava sem parar e eu sabia que era o Gabriel, mas eu não tava afim de atender.

Tudo bem que estava tarde da noite, e eu provavelmente me arrependi já que estou morrendo de medo. Sei lá, eu sou mulher, preta e ainda por cima tô na zona dos playboy. Isso não dá certo.

Estava fumando o meu cigarro em paz e fui atravessando a rua mas um carro venho na minha direção e eu tenho certeza que vi o paraíso nessa hora. Iria conhecer Jesus se o idiota não tivesse freiado

—OH MALUCA, SAI DA FRENTE— ouvi aquela voz e me virei vendo Filipe me encarar com as sobrancelhas erguidas
—Oque você tá fazendo...

—Tá com o olho no cu? Que raiva, para de me perseguir— reclamei e ele me olhou confuso mas eu dei as costas e subi na calçada andando por aí

—Pra onde você tá indo essas horas doidona?— Filipe foi andando com o carro pareado na calçada enquanto eu o ignorava

—Não te interessa, me deixa em paz— respondi simples

—Não começa com gracinha, entra no carro eu te levo— ele disse e eu neguei

—Não quero nada que venha de você— falei e ouvi ele bufar

—Entra no carro Emily— ele disse e parecia tentar se controlar

—Não— respondi rápido

—Entra agora!

—Você não me manda— respondi de volta

—Então fica aí, problema é seu— ele disse e ia meter o pé mas quando eu olhei em volta caiu a ficha

Eu sou preta, qualquer B.o que der nessa rua eu tô fudida. Por que sejamos sinceros e óbvios...

Fora que eu sou uma mulher, podem ter vários homens que me fariam mal por aí.

—Ok— falei cansada e ele parou o carro, entrei e coloquei o cinto virando o meu rosto para encarar a estrada

—Por quê tá sozinha aqui essa hora?— ele perguntou e eu sentia o olhar dele em mim

—Não quero falar— respondi apoiando o queixo na mão enquanto observava onde passávamos

—E o Gabriel sabe que você tá aqui?— perguntou e eu bufei

—Olha, não quero falar sobre o idiota do Gabriel beleza? Só me leva pra casa da sua mãe que lá eu me viro— falei e ele suspirou

—Minha mãe não tá lá, fica no meu apartamento— ele disse simples e eu neguei na hora
—Relaxa tá morena, você tá muito estressada— ele disse e eu mandei dedo pra ele que riu em resposta

Odeio esse cara e um dia vou achar um apelido pra ele. Essa peste!

Sobre nós- Filipe Ret Onde histórias criam vida. Descubra agora