🍎 2 » Novo professor

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│👨‍⚕️Christopher Uckermann

Ucker ― Mas o que diabos aquela maluca tá fazendo? {Indago comigo mesmo enquanto atravesso a rua, indo em direção ao meu carro}

Uma mulher está mexendo em alguma coisa no meu veículo. Hoje é sexta-feira. Acabei de sair de uma cafeteria e estou a caminho de uma universidade para resolver os trâmites da minha contratação. Não, eu não tenho diploma na área docente. Eu era um cirurgião geral que, devido a um acidente de carro, atualmente está impossibilitado de exercer a profissão. Nisso, o meu sonho de me tornar um neurocirurgião também foi pelo ralo. 

Então, para que eu pudesse continuar próximo à minha paixão, resolvi me candidatar para ministrar aulas práticas nas universidades, ajudando a formar novos médicos que querem se tornar futuros cirurgiões.

Ucker ― Ei, o que você tá fazendo no meu carro? {Pergunto assim que encaro a mulher que, diga-se de passagem, é belíssima}

― Veja você mesmo, senhor! {Aponta para o para-brisa}

Observo um papel preso no limpador e o pego. Leio atentamente o que está escrito nele.

U ― Uma multa? Tá me multando por quê? {Meu tom de voz sai áspero}

― Por acaso o senhor não viu que estacionou em uma vaga de deficientes? Ou viu e mesmo assim não... {A interrompo}

U ― Droga! {Passo a mão pelo rosto} ― Eu não percebi. {Lanço o meu olhar para a placa na calçada, onde há o símbolo de uma cadeira de rodas}

― Lamento pelo transtorno. Só estou fazendo o meu trabalho.

U ― Eu não demorei nada. Só fui pegar um café. {Justifico}

― Acredito em você, mas não tem como a gente saber desde que horas o condutor está estacionado ou se ele vai demorar. São as leis.

U ― Tudo bem. Não vou criticá-la por estar trabalhando.

A beleza dessa mulher é de parar o trânsito. Tenho que admitir que eu nunca vi uma guarda de trânsito assim tão atraente. Seu cheiro é de protetor solar, a pele é bronzeada e seus lábios carnudos entreabertos fazem uma promessa de que sabem muito bem dar prazer a um homem. Ela percebe que estou lhe encarando demais e ao invés de receber um fora grosseiro, sou retribuído na troca de olhares.

U ― Já que você me deu uma multa, talvez eu tenha que te dar algo também. Pra ficarmos quites, sabe? {Dou um sorriso quase imperceptível}

Nós trocamos os números de telefone para combinarmos um encontro. Estou na seca há semanas e ainda não peguei ninguém desde que cheguei à cidade há quase um mês. Nasci aqui mesmo em Palo Alto, na Califórnia, mas morei durante algum tempo em São Francisco. Foi lá que aconteceram as tragédias da minha vida. Quem sabe mudando os ares de uma cidade, as coisas começam a entrar nos eixos para mim?

[»»»]

― Bom, não preciso nem falar sobre não ter relacionamentos com alunas, não é? {A auxiliar de Recursos Humanos me questiona após eu assinar o último documento da minha contratação como o novo professor} ― Ou alunos, dependendo da sua preferência sexual. {Dá de ombros}

A mulher aparenta ter uns cinquenta e poucos anos e também parece ser do tipo que não tem papas na língua e que possivelmente já está cansada de fazer o mesmo trabalho durante longos anos. Pela maneira entediada que ela me deu as orientações, eu julgo que deve ser uma das funcionárias mais antigas da instituição. A propósito, ela lembra um pouco a Edna do filme "Os Incríveis". Seguro o riso ao fazer a comparação.

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