Lições do Amor│Vondy

🍎 8 » Palestra universitária

│🦋 Dulce María│

Fiquei na dúvida se contava ou não para a minha melhor amiga que ontem o professor gostoso me chamou pra jantar com ele. Se eu contar, vou ter que explicar pra ela que ele só me fez esse convite como uma forma de agradecimento por eu ter lhe ajudado. E aí também terei que revelar sobre a invasão na minha casa. Como prometi não contar nada a ninguém, preciso tentar manter a língua dentro da boca. A vontade de compartilhar tudo com Annie é grande. Embora eu confie nela, o fato é que um segredo deixa de ser um segredo quando mais de duas ou três pessoas sabem dele. Mesmo sem querer a loira pode acabar deixando escapar essa história para o seu atual peguete. 

Dulce ― Não! Eu não quero sair com você! {Respondo o cara maluco que me desenhou na biblioteca}

Estou no refeitório. O pervertido veio se sentar na mesa onde estou sentada.

― Por quê? {Me analisa com curiosidade}

D ― Ainda pergunta o porquê? É sério? {Digo em tom debochado} ― Você me desenhou nua! {Exclamo alto, não me importando com quem está ouvindo} ― Esse não é um bom motivo pra eu recusar?

― C-como você...? {Seus olhos se arregalam}

D ― Não interessa como eu soube! Isso é coisa de psicopata, sabia? Onde já se viu? Fazer desenhos eróticos de uma pessoa? {As pessoas ao nosso redor estão nos olhando} ― Se eu tivesse as pernas boas, eu te daria um chute nas bolas!

― D-Dulce eu posso explicar. {Coça atrás da cabeça e sorri sem humor}

D ― Me poupe das suas explicações! {Levanto uma mão no ar} ― Aliás, acredito que a explicação seja que você é um pervertido e cafajeste!

― Era um trabalho que a minha professora de Arte Moderna passou para a turma. {Justifica}

Pelo jeito ele é aluno do curso de Artes.

D ― Quer mesmo que eu acredite nisso? {Cruzo os braços e o encaro com as sobrancelhas arqueadas}

― Pode confirmar! Ela nos pediu pra recriar uma pintura de Pablo Picasso. {Ele pega o celular, manuseia e depois me mostra uma imagem} ― É uma tela de 1901. O nome do quadro é "Mulher Nua Sentada". {Descreve e explica}

Fico observando a imagem. De fato é uma mulher nua sentada. No entanto, a pintura não é tão explícita. Os seios não têm mamilos e a parte íntima está escondida atrás da mão que está sobre uma das pernas da mulher. Eu não vi o desenho quando o professor Uckermann me contou que o mesmo estava sendo feito, porém eu acredito que seja semelhante a esse quadro. 

― Tá aqui o desenho. {Abre uma pasta e tira uma folha de papel de dentro da mesma}

Faço a comparação entre a pintura que vejo no celular e o desenho no papel, alternando o olhar de um para o outro. Ambos são bem semelhantes, exceto pelo cabelo preso da mulher no quadro e o meu cabelo no desenho está solto. As feições do rosto no desenho não se parecem em nada com as minhas, contudo, as minhas características presentes ali são incontestáveis, assim como o professor Uckermann descreveu.

D ― Por que escolheu a mim pra... Fazer o seu trabalho? {Questiono intrigada e devolvo-lhe o desenho e o celular}

― A professora pediu pra recriarmos o retrato usando as características de uma mulher que conhecemos. Não podia ser nenhuma famosa, e... bem, eu te acho a garota mais bonita daqui da Stanford.

D ― Mesmo? {Levanto as sobrancelhas, mas ainda estou um pouco desconfiada}

― Sim. {Dá um sorriso tímido} ― Desculpe pelo mal-entendido. Eu não queria desenhar a minha mãe nua. Ela é a única mulher que consegue me inspirar. Mas você me inspira também. E acho que imagina o porquê, né?