🍎 20 » Jeito de iludir

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│👨‍⚕️ Christopher Uckermann

Ucker ― Pode deixar, senhor Fernando. Se a Dulce não ver problema, eu a ajudo. {Me ofereço e a ruiva olha na minha direção, me encarando pela primeira vez desde que entrou pela porta} 

Dulce ― Tudo bem. {Responde com tom de voz neutro} ― Obrigada, professor. 

U ― Fora do campus você pode me chamar de Christopher. {Me coloco de pé e me aproximo dela} ― O seu pai é namorado da minha mãe, então não precisa haver formalidades aqui. 

D ― Obrigada, Christopher. {Agradece sem sorrir}

Espero que minha mãe e o senhor Fernando não tenham notado o clima estranho entre mim e a ruiva. Quando pedi para mantermos distância, ela levou mesmo ao pé da letra. Além de não ter trocado uma palavra comigo durante o jantar, Dulce sequer me olhou. Eu a observo ir com a cadeira de rodas até a escada. Creio que seja para facilitar um pouco o meu serviço de carregá-la. 

D ― Desculpe pelo incômodo. Eu preciso mesmo ir ao banheiro. {Diz enquanto passa os braços em torno do meu pescoço}

U ― Não se preocupe. Não é incômodo nenhum. {Pego-lhe no colo e subo os primeiros degraus. Ela tem um peso considerável, mas nada que não dê para suportar}

Ao parar em frente à porta do banheiro, abro e fico sem jeito de fazer uma pergunta para a ruiva: se ela precisa de ajuda para se sentar no vaso sanitário.

U ― Você quer que... Bom, é só me dizer o que fazer agora. {Creio que ela deve estar tão constrangida quanto eu}

D ― A pia é próxima do vaso sanitário, então eu posso usá-la como apoio. 

U ― Certo. {Vou adentrando com ela no pequeno espaço. Acho que a cadeira de rodas nem caberia aqui} ― Notei que no seu banheiro tem barras de ferro. {Tento deixá-la mais relaxada}

D ― Sim. Elas servem de suporte. {Dulce apoia as mãos na pia assim que coloco os seus pés no chão. Eu fico lhe segurando pela cintura}

U ― O banheiro do quarto da minha mãe é maior. Mas a pia não fica perto do vaso.

D ― Aqui está ótimo. Já pode sair. Eu me viro agora. {Seu tom de voz parece mais relaxado}

U ― Vou ficar ali do lado de fora. Se precisar de algo é só chamar. {Vejo Dulce se sentando antes de eu sair e fechar a porta}

Não estou sentindo pena de Dulce. Ela não precisa disso, pois é uma mulher magnífica e fascinante. Mas é nítido o quanto ela está sem graça com essa situação. Meu coração se aperta dentro do peito. Eu nem consigo me imaginar passando por toda essa dificuldade que ela passa. A sua força e superação são mesmo muito admiráveis. Ela permanece ali dentro por quase cinco minutos. Resolvo bater na porta e perguntar se está tudo bem, sua resposta positiva sai abafada. 

D ― Christopher. {Me chama, poucos minutos mais tarde}

U ― Estou aqui, Dulce. {Me aproximo da porta}

D ― Já acabei. Pode entrar. 

Abro a porta e entro. Vejo a ruiva já vestida e seu semblante ainda expressa constrangimento. 

U ― Tá tudo bem? É normal demorar assim? {Questiono receoso}

D ― Eu não tenho controle da bexiga e do intestino. Não vou ao banheiro quando quero, assim como eu fazia antes da lesão. {Explica em tom paciente}

U ― Como funciona? Percebi que você não usa sonda ou fraldas. 

D ― Aprendi a educar o meu organismo para funcionar em horários específicos. Mas pra isso, tenho que seguir uma dieta específica e passei por um período de preparação. O alarme do meu celular me lembra quando já está perto de... você sabe.

Lições do Amor│VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora