Trabalho

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Acordei mais cedo, deixei as meninas dormirem, e fui preparar o café. Coloquei o pó na cafeteira, água, e liguei. Coloquei pão na torradeira, e fiquei esperando. Enquanto as coisas ainda estavam ficando prontas, sentei e comecei ler.
     - Bom dia, Kai.- Giulia disse esfregando os olhos com as costas das mãos.
      - Bom dia, Gi.- Respondo, levanto pego uma caneca, e coloco café.- Onde está a Rosalie?
       - Dormindo... só mais cinco minutinhos. - Rimos.
       - Ela não vai acordar, se não chamar ela.- Vou até meu quarto com a caneca em mãos. - Rosalie, acorda.- Ouço um murmúrio de cansaço.- Acorda, ou vai perder a aula.- Ela abre os olhos, e olha direto em meus olhos, senta-se, e pega a caneca em minha mão, dando o primeiro gole.
         - Eca! É café sem açúcar. - Faz cara de nojo.
         - Era o meu café sem açúcar. - Ela me entrega.
          - Coloca açúcar para mim, vou tomar um banho, me arrumar, e já chego lá.- Vou saindo, olho para trás.
          - Mais alguma coisa?
          - Não, obrigada.
Encontro Giulia sentada, em cima da bancada.
          - Desce.- Falo.
          - Certo...- Ela pula.- Gosto da sensação de ficar sentada aqui... me dá altura.
          - Você não é tão baixa, é só cinco centímetros mais baixa que eu.
          - Ainda assim baixa. A Rosalie é um titã perto da gente.- Começo rir.- O que foi?
          - É que da forma que você fala parece até que se incomoda com isso. E a Rosalie, é só uns cinco centímetros mais alta que eu.- Sento-me no banco, e deixo a caneca repousar sobre a bancada, coloco açúcar.
          - Vai tomar café com açúcar?
          - Agora é da Rosalie.- Levanto pego um copo termico, e encho com café puro, para levar para o trabalho.- Vou tomar banho.
Vou até meu quarto, entro no banheiro já tirando a roupa, e tomo banho rápido para não me atrasar. Coloco uma calça preta, e a camisa cinza do uniforme da livraria, e restauração de livros. Saio do quarto com a mochila, e vou até a cozinha pego a garrafa térmica.
         - Já vai?- Rosalie pergunta enquanto come.
         - Já, até mais tarde.- Pego minha chave e saio.
Chego ao ponto de ônibus, e fico esperando, vejo a hora, e estou basicamente atrasada. Chamo um uber. Logo o carro chega. Não tem muito trânsito essa manhã, as ruas estão muito tranquilas na verdade, coloco o fone de ouvido, e as músicas começam reproduzir de forma aleatória. Antes que perceba o carro já havia parado. Paguei e sai, entrando direto na livraria.
      - Bom dia, Kaira.- A senhora Angela fala, minha chefe, uma senhora adorável.
      - Bom dia, dona Angela.- Passo por ela e vou até minha área de serviço, deixo a mochila em minha cadeira, e analiso minha mesa, não há nenhum livro para ser restaurado, por mais que minha função seja restaurar os livros danificados pelo tempo, ou por acidentes, também ajudo nas vendas. Vou até a bancada central.
       - Bom dia, Kaira.- Anamary, fala sem olhar-me. Ela não gosta de mim, é filha única da dona Angela, e tem ciúmes da mãe, e por isso as vezes é rude comigo.
       - Bom dia.- Ela vira-se para me ver.
       - Tem livros novo para colocar nas estantes, e deve ter alguns para restaurar. Estão na sessão de usados.
        - Certo. - Vou indo. Encontro os livros em cima de uma mesa, e vou separando eles por gênero. Encontro uns cinco livros para serem restaurados. Coloco os livros em suas estantes específicas, e levo os outros até a minha mesa, sento-me e começo analisar o processo do que precisarei modificar, sem mudar muita coisa. A maior parte está com a capa danificada, então começo desamacando, e depois removendo algumas, para recoloca-las, coloco o primeiro na prensa, e vou arrumando o miolo. Repito o mesmo processo em todos os outros quatro. Assim que término, vou para o atendimento.
Fico sentada esperando algum cliente chega. Anamary senta perto de mim segurando um livro. Olho para ela, e dou um sorrisinho.
      - Hum...- Ela murmura.
Levanto e vou pegar meu café. Volto para o meu lugar.
Umas garotas entram, elas conversam enquanto andam pelas sessões. Uma dela vem até a bancada.
       - Vocês tem o pequeno príncipe?- Ela pergunta.
       - Não acredito que perguntou isso. - Anamary fala.
       - Temos uma estante basicamente só com edições dele.- Falo sorrindo para quebrar o clima.- Vou levá-la.- Saio da bancada e acompanho a garota.- É essa aqui.
       - Obrigada, moça.- Disse, parece não ter se importado com o que Anamary falou. Deve ser por sua aparencia de treze anos, e mentalidade, mesmo tento dezessete.
        - Se precisar pode falar comigo.- As deixo.
Durante a tarde arrumo minha mesa, coloco minhas coisas na mochila, saio da sala.
       - Até amanhã, dona Angela.- Passo por ela.
       - Até, Kaira.
       - Até, Anamary.- Ela resmunga alguma coisa.
O ônibus já está no ponto, vou correndo para não perder. Entro sento-me, estou quase dormindo, alguns minutos depois chego à minha parada, desço e vou caminhando para casa, entro no prédio, o elevador está em manutenção hoje, então vou subindo as escadas, quase nunca uso o elevador, a Rosalie odeia, e eu também, mas a Giulia adora não ter que descer as escadas ou subir, para não soar. Preguiça.
Pego a chave, entro, elas já estão aqui, ouço a Rosalie gritar com a Giulia quando abro a porta.
      - Faz alguma coisa!- Rosalie grita.
      - Eu não posso fazer nada.
      - O que aconteceu agora?- Pergunto.
      - Preciso de ajuda, Kaira meu amor.- Rosalie fala gentilmente, o que já sei que se trata de "quero alguma coisa".
       - O que seria?- Pergunto.
       - Lembra do garoto que estava ficando?
       - Marcos?
       - Não.
       - Júlio?- Ela mexe a cabeça negando.
       - Quem?- Ela senta-se no sofá.
       - O Felipe.
       - E no que posso lhe ajudar a respeito do Felipe?
       - Ele me pediu em namoro...- Começo rir.
       - Você namorando?
       - É eu sei que não combina... falei para ele que era lésbica, e mostrei uma foto da Giulia, e disse que era minha namorada, mas ela não quer me ajudar agora.
        - Não posso ajudar, Rosalie.- Falo saio da sala, e vou para meu quarto. Tomo um banho e vou para sala descansar, mas não dá com as duas discutindo.
Então, volto para meu quarto.

       

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