"Ele está consumido você, está drenando sua energia, e tirando sua sanidade. " Acordo lembrando das palavras da Yanna. Elas servem como um impulso, pois levanto da cama. Tomo um banho, e coloco um pijama limpo. Saio do quarto e encotro elas na cozinha, já são 17:25, o relógio na parede aponta.
- Bem-vinda de volta. - Giulia diz brincando.
Rosalie olha para mim. Seu olho esquerdo está roxo, e com um curativo.
- Como está?- A loira pergunta.
Minha vontade de voltar para o quarto é crescente.
- Envergonhada... me desculpem.
Elas sorriem.
- Todo mundo tem um momento assim, Kai. - Rosalie ameniza a situação. - Sabemos que você é perfeita, mas as vezes é preciso explodir.
- Isso justifica?- Pergunto sentando à mesa, junto a elas.
- Sim, não é?- Ela fala olhando para Giulia que mexe a cabeça concordando.
- Foi estranho.- Falo pegando um pedaço de torta de maracujá.
- Como assim?- Giulia pergunta.
- Vocês sairam, e eu estava sozinha, pelo menos era o que eu pensava...
- Como assim?- Rosalie pergunta.
- Deixa ela falar.- Giulia pede, a loira levanta as mãos em rendimento.
- Uma garota de aparentes seis anos estava comigo, ficamos conversando, ela disse que veio junto a ele.
- Ele quem?- Giulia pergunta.
- Não sei. - Respondo.- Ela disse que estava decepcionada comigo, por está me deixando levar por ele. Mas quem é ele?
- Paper Man. - Rosalie fala, a voz ríspida, cheia de medo e rancor.
- Como assim, o boneco de papel? - Gi pergunta tomando um gole de refrigerante.
- É. - A loira empalidece.- Conta o resto.- Pede.
- Ela disse que ele está acabando com a minha sanidade. - Continuo.- Mas não vou deixar.
- Mente fraca, corpo fraco.- Rosalie concluí. - É doentio.
- Mas por que você? No dia que fizemos o jogo você nem participou. - Giulia acrescenta.
- Nico me levou a uma psicóloga, ela me hipnotizou, mas algo deu errado, e ela passou mal. Antes de sairmos ela olhou para mim, com os olhos revirados, mas parecia me ver perfeitamente, e disse " Não há nada que possa fazer, estamos ligados. "
- Ligados!- Rosalie grita. - Lembra do dia do jogo? Você cortou o dedo com o papel do boneco.
- Uau!- É a única coisa que sai de mim.
- Isso não faz sentido.- Giulia diz.
- Para mim faz.- Falo.
- Para mim também. - A loira concluí. - Já temos metade das respostas, mas precisamos de mais, sabemos o porque dele atacar mais a você do que a nós. Mas não sabemos como nos livrar disso.
- É só papel, me recuso a acreditar. - Gi fala levantando.
- Não é só papel.- Falo.
- Eu vou sair, não me esperem voltar hoje. - Rosalie fala indo para o quarto.
- Certo, mas qualquer coisa liga para a gente. - Peço.
- Ligo!- Ela grita.
Ela logo sai completamente arrumada. Giulia fica comigo.
- Acredita mesmo no boneco de papel?- Ela pergunta sentando ao meu lado no sofá.
- Acredito, até agora não tive uma explicação melhor para os eventos que vêm acontecendo.
- Eu explico, estamos estressadas.
- É, pode ser também.
- É melhor a gente não ficar falando sobre isso, se você fala sobre o ser ele se faz presente.
- Falando ou não, ele é capaz ds nos jogar da janela agora mesmo.
Rimos.
- Está com fome?
- Um pouco.- Respondo enquanto ela levanta para pegar o celular na mesa de centro.
- Vou pedir Inhoc, vai querer?
- Claro. Pede um refrigerante também, e algo para a Rosalie comer amanhã, quando ela voltar.
- Certo. Vai querer algo para jantar também? A gente esquenta no micro-ondas, já é menos trabalho.
- Realmente. Me diz quando deu tudo, e eu faço o pix.
- Não precisa.
- É sério, manda logo.- Ela me passa a chave.
Esperamos as coisas chegarem, e vamos para a cozinha, enquanto comemos conversando.
- Kai, o que acha que a Rosalie está fazendo?- Gi pergunta enquanto toma um gole do refrigerante.
- É provável que já esteja bêbada o suficiente para que nem ela mesma saiba o que está. fazendo.
- Você tem razão...- Ela suspira. - Estou tentando me alto enganar dizendo que isso é mentira, mas fico preocupada quando uma de nós sai sozinha.
- Entendo, eu fico do mesmo jeito.
- Mas ela disse que ligaria se precisasse.
- Estamos falando da Rosalie, não confio muito quando ela diz que vai ligar.
- Obrigada.- Ela larga o garfo.
- Pelo que?
- por me deixar ainda mais preocupada com aquela bagunça loira.
- Ela está bem.- Dou um sorrisinho reconfortante.
Terminamos de comer, Gi está lavando a louça. Estou encostada na bancada. A campainha toca. Vou correndo atender. Olho pelo olho mágico. Abro a porta.
- Oi, linda!- Nico me abraça.
- Olá.- Ele entra.
- Oi, Giulia.- Ela rosna alguma coisa da cozinha que não se pode ouvir direito.- Onde está a Rosalie.
- Ela saiu, provavelmente em uma festa.
Giulia vem até nós.
- Eu vou na padaria, vão querer alguma coisa?- Ela pergunta pegando um casaco no cabide.
- Não.- Respondemos em uníssono. Ela sai.
- Vamos para o meu quarto.- Ele me acompanha, nos jogamos na cama.- Pensei que estivesse trabalhando.
- Hoje não, estou de folga durante as próximas três semanas. E pretendo passa-las com você. - Ele me abraça puxando para cima dele.
- Então, o tenho por três semanas completas, tirando o horário de aulas?
- Ex-a-ta-me-n-te.- Ele fala paussando entre cada celinho.
- Perfeito!
Sento-me olhando para ele.
- O que foi?
- Semana que vem vou tirar o gesso, vai comigo?
- Vou, finalmente.
Ouvimos a porta abrir.
- Já volto.- Saio do quarto, encontro Giulia na cozinha guardando algumas coisas no armário.
- A Rosalie deu notícias?- Ela pergunta.
- Não, vim fazer a mesma pergunta. Estou com um sentimento estranho a respeito dela.
- Eu também. Sabe onde é essa tal festa?
- Não, mas podemos encontrar pelas redes sociais dos amigos dela da faculdade.- Pego o celular, e começo uma busca pelo instagram da Rosalie. Encontro a localização na conta de uma irmandade. - Achei.- Mostro a ela.
- Vamos?- Ela larga as compras.
- Vamos.- Vou correndo até meu quarto.- Está com o carro?
- Estou, o que aconteceu?- Ele senta-se preocupado.
- Nós vamos atrás da Rosalie.- Troco de roupa, coloco um macacão preto, um vans, e uma camiseta vermelha.- Anda, Nico.
Encontramos Giulia na sala nos esperando. Saimos ela fecha a porta. Checo a hora, são 2:30.
- Onde ela está?- Nico pergunta ligando o carro.
- Já enviei a localização para você.- Ele me encara.
- Uma festa no meio do nada, esse lugar já é saindo da cidade, e fica no meio do nada, só têm casas em construção lá, é basicamente uma ruina.- Ele pausa. - Kaira, é da imobiliária da sua família.
- O que?- Olho com mais calma, enquanto tomamos rumo.- É invasão.
- É bem a cara da Rosalie se meter nessas coisas.- Giulia fala, viro- me para olha-la no banco de trás.
- Isso é loucura.- Falo.- Às construções nunca ficam sem vigilância, tem uma equipe enorme de seguranças. Acelera, Nico.
- Calma, Kai.- Ele pede acelerando.
- Não temos tempo para calma, é uma invasão a propriedade privada, os seguranças têm licenças para atirar caso precisem.
As coisas se intensificam durante o caminho. Mas finalmente chegamos.
- Onde estaciono?- Ele pergunta.
- Aqui mesmo, assim o carro fica perto. Vamos ver por onde eles entraram.
- Tenho certeza que eles pularam o muro.- Nico fala, mostrando as marcas de lama com solas de sapatos na parede.
- Então, vamos.- Os chamo.
- Vai pular uma coisa que é sua?- Giulia pergunta. - Está invadido sua propriedade, isso é muito irônico, o lugar literalmente têm seu nome. Imobiliária Egan.- Ela fala com ênfase.
- É, agora menos papo, e mais ação. - Nico sobe primeiro, e nos ajuda. Assim que entramos o lugar parece tranquilo, caminhamos até as casas.- Não sabia que eles estavam vendendo mansões aqui.
- Já faz um tempo, o seu irmão contratou a agência de marketing que eu trabalho para fazer as propagandas de vendas.
- Maldito Kiram.- Falo antes de ver as luzes piscando mais a frente, e ouvir gritos, e latidos.- Chegamos tarde.- Corremos, várias pessoas passam correndo por nós em completo desespero e êxtase. - Rosalie! - Grito.
- ROSALIE!- Ambos gritamos.
Vejo Felipe o paro.
- Onde está a Rosalie, você a viu?- Pergunto.
- Ela correu para o outro lado, mas não sei para onde exatamente. Ela está muito bêbada, Kaira, e está sozinha.
- Não, ela não está mais sozinha.- Corro para direção que ele indicou. - Rosalie!- Chamo. Um homem alto aparece, segurando uma lanterna apontando para meu rosto.
- Fique parada.- Ele ordena.
- Não. - Passo por ele.
- Mandei parar.- Ele segura meu pulso.
- E eu disse que não. - Puxo meu pulso. - Eu sou Kaira Evangeline Egan.
- E eu sou o senhor Ytan Egan.
- Você não parece tão cruel e esnobe quanto ele.- Respondo, pego a carteira, e mostro a identidade.
- Desculpe, senhorita Egan.
- Tudo bem, agora ajude todos a sairem daqui em segurança.- Ele assente com a cabeça. Sigo meu rumo, enquanto ele vai caminhando na direção do motim.- Rosalie!?
- Kai...- Ouço distante.
Corro.
- Rosalie, estou aqui... grite o mais alto que conseguir.
- Aqui! Me tira daqui por favor!
Me aproximo.
- Grita de novo.
Ela faz o que peço, o som vem de um lugar um pouco a frente. Corro.
- Cuido. Tem um buraco aqui.
A encontro caida, acendo a lanterna do celular, e a vejo chorando desesperada.
- Eu vou tirar você daí.
- Eu não consigo respirar, Kai... eu não consigo... me ajuda, me tira daqui.
Não dá para mim entrar, o espaço é pegueno, se descer posso machuca-la, e tem uma tampa fechando metade da passagem.
- Rosalie, você consegue respirar sim, está falando comigo.
- Não consigo me mexer, Kai... Kaira...- Ela grita em desespero, e chora.
Entendo minha mão.
- Consegue segurar a minha mão?
- Consigo. - Sinto seu toque.
- Segura com força, eu vou puxar você.
- Não, Não, essa é a sua mão machucada.
- É a única que eu tenho para usar, a outra está me dando apoio para o inpulso de puxar você, então segura logo.- Grito a última parte. Ela segura, e a puxo, enquanto ambas gritamos. Consigo tira-la de lá. No inpulso caio de costas no chão.
- Kai?- Sua voz está tremula. Ela me ajuda levantar. Lágrimas lavam meu rosto.
- Vamos para casa. - Seguro a mão tentando aninha o pulso em vão. A apoio, sua perna está machucada, sua calça está rasgada, e cheia de sangue.
Encontramos Giulia e Nico.
- Onde ela estava?- Giulia pergunta.
- Dentro de um buraco. Nico consegue levar ela até o carro, ela não consegue andar.
- Claro.- Ele a pega.
As duas vão nos bancos de trás, Giulia está estacando o sangramento, estou sentanda no banco do passageiro. Qua ndo minha mente devaga, me arrastando para um tártaro. Me obrigo a voltar.
- Giulia, você fica com a Rosalie no hospital, eu preciso ir para o apartamento, tive uma ideia.
- Posso, mas o que você vai fazer?
- Vou acabar com isso, antes que isso acabe com a gente.
- Eu sou sensível. - Rosalie fala entre soluços de choro.- Eu não sei reagir a isso, gente... eu vou morrer...- Ela chora mais.
- Não vai.- Seguro sua mão. Nico para o carro, e a tira.
- Eu quero ajudar.- Ela fala.- A culpa é minha, eu quero ajudar.
- Você já está ajudando se cuidando. Deixa comigo, eu resolvo isso.
- Mas, você sempre faz isso, e agora vai fazer de novo, e sozinha.
- O Nico vai está comigo. Não se preocupa, e se cuida, eu amo você. - A dou um celinho, a loira chora falando um "Eu te amo."
Nico a leva, Giulia os acompanha, ela vira-se para mim.
- Não morre, por favor...
- Eu prometo. - Respondo, com um sorriso.- Eu amo você também baixinha.- Ela volta, e me abraça.
- Eu também amo você, Kai. Então, se cuida.- Ela me deixa com os olhos marejados, e tristes.
Respiro fundo, agora preciso ser forte, e manter a coragem que estava sentindo por elas.
Saio do carro, e vou caminhando de volta para casa o mais rápido que posso, não quero envolver o Nico nisso.
Minhas pernas travam, perante a situação presente, mas me mantenho firme, preciso me manter assim por elas. Já que a culpa é minha por ter celado o ritual sem nem mesmo perceber o que estava fazendo.
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Paper Man
HorrorUm boneco de papel. Uma maldição. Como fazer para livrar-se do mal?