Espelhos e larvas

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Acordo, pego meu celular, são uma e meia da manhã. Levanto vou até o meu quarto, pego o comprimido na mochila, e vou saindo, mas volto para ir ao banheiro. Lavo as mãos e me olho no espelho, as marcas das olheiras misturadas com as marcas roxas que já estão sumindo. Meu reflexo sorrir para mim, me afasto abrindo a porta entrando no quarto da Rosalie, elas ainda dormem. Deito-me entre elas, e tento dormir. Mas não consigo. Está frio agora, a temperatura mudou repentinamente. Levanto e saio da cama para ligar o aquecedor. Algo passa por mim, gargalhadas ecoam pelo recinto, olho para trás as meninas ainda estão dormindo. Sinto algo agarrar meu corpo como um abraço apertado. É como se cubos de gelo passassem por minha espinha.
      - Meninas!- Chamo e sou impulsionada ficando contra a parede. Olho por cima do ombro Rosalie acorda.
      - Kai, o que está fazendo?- Ela senta, mas cai da cama, e fica no chão. - Não consigo me mexer.
      - Rosalie...
Giulia começa se debater e gritar.
      - Me ajuda... eles estão em cima de mim, estão comendo minha pele... me ajuda. POR FAVOR!
      - Gi, acorda isso é só um sonho.- Grito. Ela começa arranhar o corpo, e se debater com mais força.
      - GIULIA! ACORDA!- Rosalie grita.- GIULIA PORRA!
Vejo a loira ser lançada contra a porta  ao meu lado. Giulia está chorando compulsivamente.
      - Eu não quero morrer! Kai, Rosalie...
Tento sair, mas continuo sendo precionada contra a parede, Rosalie olha para mim desesperada.
       - ELE ESTÁ AQUI!- Ela grita.
Me impulsiono para trás caindo de costas, e corro até a cama, seguro Giulia.
        - Acorda!- Chacoalho ela.- Giulia! ACORDA!- A dou um tapa no rosto antes de ser jogada no chão.
        - KAI!- Rosalie vem engatinhando até mim.
        - Ela acordou? - Pergunto.
        - Não sei.- Ela me ajuda levantar.
Giulia ainda grita desesperada. Vamos até ela.
        - Segura os braços dela.- Peço a loira faz.- Gi... Gi, acorda.
Ela abre os olhos, e vejo o medo estampado no rosto de minhas amigas. Rosalie acende a luz. Giulia está completamente arranhada, e tem sangue em alguns cortes. Rosalie a abraça. Saio da cama.
       - Onde vai?- Rosalie pergunta.
       - Pegar água para vocês.
Olho para o espelho na penteadeira, e sinto algo errado. Olho para trás e tudo some, o lugar está um breu, saio caminhando tentando voltar. Então, vejo a imagem formando-se em minha frente, parece ter uns três metros de altura e um sorriso medonho de orelha a orelha, olhos pretos profundos, e uma pele aparente podre, o corpo está decomposto. Não tem como fugir. Fecho os olhos, na esperança de abrir e conseguir sair daqui.
      - KAIRA! ACORDA AGORA! - Escuto Rosalie como se estivesse sobre mim, é quando sinto falta de ar. - ACORDA.
Abro os olhos, e ela para de apertar o meu nariz.
      - Oi?
      - Você apagou em frente o espelho, seus olhos reviraram... a Giulia não acorda.
Vou até ela. A seguro. Rosalie sai do quarto, e volta com um copo de água.
       - Ela não vai beber agora.
       -E quem disse que é para beber.- A loira joga a água no rosto da amiga.
Giulia acorda gritando, e se debatendo.
       - Foi só um pesadelo.- Disse a abraçando. Ela corre para o banheiro, e se joga em baixodo chuveiro, e começa esfregar o corpo com força.- Giulia, para!- Peço.
       - Eu ainda consigo sentir, as larvas em mim, me consumindo aos poucos, elas estão por todo lugar.- O corpo dela está cheio de marcas vermelhas. Rosalie desliga o chuveiro, e a enrola em uma toalha.
Voltamos para o quarto, Rosalie a entrega um pijama.
     - O que aconteceu hoje?- A loira pergunta.
     - Não sei explicar. - Disse escovando o cabelo da Giulia.
     - Eu vou pegar uma pomada para passar nesses cortes.- Ela vasculha uma gaveta, e começa passar a pomada na amiga.
     - Deve ser aquele jogo de vocês. - Falo.
     - Não faz sentido, você não brincou com a gente.
     - Mas de alguma forma, me afeta.- Respondo.
Não voltamos a dormir. Rosalie passou a noite procurando coisas na internet sobre a lenda, mas não encontrou nada, Giulia cochilava, mas acordava assustada, fiquei a observando para que não se machucasse mais.
      - Vou comprar um cone para colocar em você. - Falo, ela sorrir.
      - Espera... está me chamando de animal?
      - Está se comportando como um.- Ela me da um tapa.
Passamos a noite assim.

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