Os Egan's

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Há vários carros nos estacionamentos. Agradeço por não ter vindo de bota, a caminhada até o salão de festas é longa, corto caminho pela piscina, e passo pela estufa. A casa está com todos os lugares iluminados. As estátuas estão enfeitadas, e a casa principal está em seu ápice de iluminação. Entro no salão por trás, encontro minha mãe.
- Chegou agora, por onde entrou?- Ela pergunta.
- Cheguei agora, e usei a porta.- Ela me olha séria.
- Saia, e use a porta da frente.
- Mãe, eu já estou aqui.
- Nem os empregados estão usando as portas do fundo. Ande... saia.
Faço o que ela pede, saio, e entro de novo usando a porta da frente. Encontro meus tios, aceno usando a cabeça, e sigo antes que alguém tente me parar.
- Kaira!- Tia Cristina vem até mim. Ela me abraça. - Quanto tempo, meu irmão vai amar vê-la.
- Aposto que ele está muito ansioso. - Falo me livrando dela.
- Não é todo dia que ele pode ver a filha desaparecida.- Ela mexe a taça de champanhe em círculos.
- Não gostaria de mais vinho, já que só vem nas festas para beber?- Pegunto com um sorriso sarcástico. - Agora preciso ir ver a minha mãe.- Saio. Encontro mamãe de novo. - Pronto, pela porta da frente.
- Oi, meu amor, estava com saudades.- Ela me abraça.
- Deixou para me abraçar só quando entrasse pela porta da frente?
- Sim, é bom tê-la em casa.
- Obrigada.
- Kaira!- Meu irmão vem me abraçar.
- Kiram.- Retribuo.
- Fiquem juntos vou tirar uma foto.- Mamãe fala fazendo gestos chamando um fotógrafo.
- Mãe...- falo.
- Não é todo dia que os meus gêmeos estão juntos.- Ela nos abraça, e as fotos são tiradas.
Kiram é três minutos mais velho que eu, e uns dez centímetros mais alto, e seu olho é de um azul mais claro. E ele é o preferido do papai.
- Onde estão os outros?- Pergunto.
- Megan, e Kaleb, estão brincando , e Rom, está olhando eles.- Kiram responde.
- Kiram, vá chama-los.- Mamãe pede. Ele sai.- E você, mocinha, venha comigo.
- Sim, senhora.- A sigo. Nos sentamos a mesa, ela senta-se perto da cadeira de papai, me sento no lado esquerdo perto dela, Kiram chega com os outros, e senta-se do lado oposto ficando de frente para mim. As crianças acenam para mim, aceno de volta. Todos se acomodam a mesa, com lugar para dezesseis pessoas, todos os lugares ocupados. Todos ficam em silêncio.
Papai entra, está com um terno cinza, ele senta-se. O jantar começa ser servido.
Ele me encara, o encaro de volta.
- Achou o caminho de volta.- Ele fala.
- Já...
- Calada, nos falamos depois do jantar no meu escritório.
Começamos comer. Assim que o jantar termina papai começa conversar com os outros convidados. Fico sentada conversando com mamãe sobre as coisas que aconteceram durante o tempo que não nos vimos, ela não me julga, na verdade ela diz entender.
- Vamos.- Papai diz, olhando para mim.
- Calma.- Peço.
- Agora.- Ele exije. Levanto, e vou com ele.
Saímos do salão, e entramos na casa principal, um dos empregados abre a porta. Entramos e caminhamos direto pada o escritório, olho a escadaria, a casa está igual por dentro, nada parece ter saído nenhum centímetro do lugar, ele abre a porta e entra, entro logo atrás dele.
Ele fecha a porta, e se encosta na mesa.
- O que a traz aqui?- Ele pergunta.
- Vim ver a família.- Dou um sorrisinho.
- Isso não a faria vim aqui.
- Me aproximo um pouco.- Repiro fundo.- Estou desempregada, e preciso que me empreste dinheiro por um tempo, só até conseguir um emprego, e quando conseguir, devolvo o que me emprestar.- vou direto ao ponto.
- Eu sabia que um dia iria voltar.
- Não vou voltar.
- Quer apenas o dinheiro?- Ele arruma a postura.
- Emprestado.- O corrijo.
- Então, a coisa que a faz falar comigo é apenas o dinheiro?- Seu rosto se enrijece.
- Não... agora foi, mas esse não é o único motivo.
- Agora eu sou apenas um banco.
- Esquece isso.- Disse me virando.
- Espere... se quiser posso ajudar, mas precisa fazer algumas coisas para mim, como tirar essas porcarias do seu rosto.- Ele fala do piercing no lambrete.- E pago a remoção das tatuagens.
- O dinheiro é emprestado, não estou me vendendo.- Ele caminha até mim.
- Faça apenas isso, não é difícil.
- Não. Esquece. - Ele segura minha mão direita.
- Eu ainda sou seu pai!- Ele começa apertar.
- Me solta!- Puxo, ele segura com mais força.- Me deixa...
- Calada.- Sua outra mão acerta meu rosto em cheio, tento me soltar.
- Pai! - Vejo sua feição mudar por completo. Era como se não fosse mais ele.
- Alguém precisa lhe ensinar uma lição. - Ele torce meu pulso um estalo seco ecoa pelo lugar, seguido de um grito meu. Ele me solta, abaixo com a dor, e seguro o braço. Levanto a cabeça e olho para ele, sinto uma dor aguda na cabeça, e caio, sou golpeada em vários lugares, por alguma coisa, mas não consigo ver direito o que é, ele parece cansar por um momento, vejo a bengala que era de meu avô em suas mãos ser baixada acertando meu rosto. Sinto o gosto de ferro em minha boca. Me arrasto, ele segura minha perna, e me puxa. Ninguém pode escutar o que está acontecendo aqui, estamos muito longe do salão de festas.
- Chega.- Peço reunindo toda minha força para falar.- para!- Mas é em vão, ele parece cego, lembro do celular em meu bolso, ligo para mamãe.
- Kaira...- Não consigo responder. Ele me acerta repetidas vezes.- Kaira, o que está acontecendo, que barulho é esse?- Ela pergunta.- Estou indo aí.
"RÁPIDO!" Grito internamente.
Ela desliga.
Ele larga a bengala, e coloca as mãos no meu pescoço apertando. Vou ficando sem ar, me debato, mas logo paro, sinto o líquido viscoso escorrendo pelo meu rosto, e cair em meu olho esquerdo, estou vendo linhas vermelhas. Mas ainda consigo ver uma enorme sombra preta atrás do meu pai, a mesma que vi no damasda noite. Ouço a porta abrindo.
- Ytan!- Mamãe grita. Não me mexo, não consigo.- Kaira... Kaira, olha para mim.- Ela pede, e olho. Ela puxa o celular do bolso.- Kiram, vem aqui no escritório do seu pai rápido.- Ela empurra meu pai, o fazendo se afastar de mim. Ela me puxa para si.- Amor, é a mamãe...- Minha visão está tão turva, sinto as lágrimas escorrendo uma atrás da outra, minha garganta inchando tampando as minhas vias aéreas.
- Mãe!- Ouço Kiram.- O que?
- Pega a sua irmã, eu vou ligar o carro, e chamar o seu tio, Cris para atende-la.
Kiram me coloca nos braços tirando-me do chão, solto um gemido doloroso.
- Me desculpa.- Ele pede, sua voz embargada. Fecho os olhos durante o caminho.
- Coloque ela logo no carro.- Ouço meu tio, e abro os olhos com dificuldade, estão inchados. Mamãe segura minha cabeça.
- Kaira?- Ela passa a mão em meu rosto limpando.
- Espera, eu vou também.
- Você não vai a lugar algum, olha o que fez com a minha filha.- Nunca a vi com tanta raiva.- Kiram fecha a porta.
Ele fecha, e meu tio dirige. Parece um caminho infinito, mas o carro para depois de alguns longos minutos. Sou retirada do carro, e colocada em uma maca. Apago.

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