Rosalie passou a tarde comigo, e Giulia fez o mesmo quando chegou. Saio da cama deixo elas dormindo. Sento-me no chão e começo abrir as caixas. Tem vários livros nas caixas, os tiro de dentro, e vou analisando os títulos, dá para ver que ela escolheu baseado no meu gosto literário, as lágrimas vão caindo de forma involuntária, enxugo com as costas das mãos, tem um envelope. Pego e abro.
Minha querida menina,
quero agradecer por esse momento que tivemos, e por tudo que fez por mim, as nossas memórias juntas são algo de valor inestimável.De sua amiga,
Dona Angela.Só consigo chorar, mal respiro, fico fungando. Levanto e guardo a carta na gaveta. Vou ao banheiro e lavo o rosto, mesmo assim ainda fica vermelho. Enxugo, e saio, Giulia está acordando, ela me olha desorientada.
- Como está?- Ela pergunta sentada.
- Não sei, não paro de chorar.- Pego alguns livros que estão empilhados no chão, e coloco em uma prateleira, alguns coloco na cabeceira.
- Não sei nem como ajudar.
- Tudo bem, isso é normal.
Saio do quarto e vou para cozinha. Pego um sanduíche, e um copo de suco de uva. Giulia, me acompanha e comemos. Rosalie ainda está dormindo em minha cama, segundo ela está muito cansada.
- Por que está preocupada?- Ela pergunta mordendo o sanduíche logo em seguida.
- Preciso arrumar um emprego.
- Não se preocupa com isso agora. Eu e a Rosalie damos um jeito nisso.
- Eu não quero ficar me aproveitando de vocês. Eu odiaria fazer isso.
- Mas você não está. Nós sempre ajudamos umas as outras. E se isso acontecesse com alguma de nós você faria o mesmo, então deixa a gente ajudar como podemos.
- Obrigada.- Mordo o sanduíche, e tomo um pouco de suco.- Acho que vou falar com o meu pai.
- Isso é extremo demais, não precisa fazer isso.
- Eu preciso encarar o meu pai em algum momento, e preciso de ajuda agora, ele ainda tem obrigações comigo.
- Tem certeza?- Ela pegunta me encarando.
- De que?- Rosalie pergunta sentando.
- Ela quer falar com o pai, sobre está sem emprego.- Giulia explica.
- Discordo.- Ela fala e pega meu sanduíche.- A gente da um jeito nisso.
- Eu falei para ela. - Giulia diz comendo.
- Gente eu preciso.- Pego outro sanduíche.- Como falei antes, em algum momento preciso falar com o Ytan. E é um motivo a mais para que visite a minha família no jantar anual.
- Mesmo assim queremos que saiba que não tem nossa aprovação.- Rosalie diz, Giulia mexe a cabeça concordando.
Terminamos de comer, e vou para meu quarto escovar os dentes. Ouço meu celular tocando, e vibrando. Termino de escovar os dentes, e corro para atender. É Anamary.
- Anamary?- Meu coração dispara.
- O funeral é amanhã, Kaira.- A ouço chorando, ao fundo, quem está falando comigo é seu Antony.- As nove e meia da manhã. Pode nos encontrar no cemitério.
- Sim... sim senhor. - Desmorono sobre os joelhos. - Estarei lá.
- A sua presença é de grande importância, obrigado.- Ele desliga.
Seguro o celular com força, e choro. O largo sobre a cama, minha mão está com algumas marcas. As meninas entram.
- A kai, eu sinto muito.- Giulia me abraça.
- Eu vou chorar também.- Rosalie fala já chorando, e se junta ao abraço.
Nos deitamos em minha cama. Não durmo, elas passam a noite em claro comigo.
- Amanhã vocês trabalham. - Falo entre soluços.
- Já avisamos a nossos chefes que estaríamos no velório.- Disse Gi.
- Já avisei para os meus colegas da faculdade também.- A loira diz, e me puxa para mais perto de si.
Ficamos conversando sobre quando elas iam na livraria e passavam as folgas conversando com dona Angela, enquanto ela nos contava histórias de quando era uma moça da nossa idade, rimos, e choramos.
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Paper Man
HorrorUm boneco de papel. Uma maldição. Como fazer para livrar-se do mal?