Capítulo 5: CABANA SECRETA

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5. CABANA SECRETA


Eu fazia um grande esforço para relaxar e não desabar em meus medos. Sabia que ele estava apenas me ajudando. Era muito grata e o considerava mesmo um amigo para o resta da minha vida. Apenas queria que entendesse como era difícil estar na minha pele, e não saber quem eu sou. Então, agora, o que eu mais gostava de fazer era provocar o Edward. Já que eu nunca podia sair, esse virou o meu passatempo favorito. Talvez, se ficasse de saco cheio de mim, desistiria de me prender ali dentro. Às vezes, quando eu falava algo bem absurdo no meio das nossas conversas, ele me olhava de um jeito que dava vontade de rir. Ele bem devia pensar que eu estava ficando louca, e então decidiu me levar a outro lugar. Ou iria me mandar pastar. Bem, de um jeito ou de outro, o plano deu certo. Eu acho.

Vi que ele ficou super sem graça quando o agradeci, e todo sujo de batom também.

–Você está todo vermelho! Por quê? – perguntei rindo, e ele achou que tinha somente corado.

–Olha os modos, garota. Eu sou mais velho do que você! – ele me colocou no chão.

–"Mais velho"... – imitei, já que ele constantemente imitava minhas falas "épicas", como dizia - nem sabe quantos anos eu tenho.

– Com esse comportamento, não passa dos treze. – disse debochando.

– Não acho que eu tenho só treze, por uma série de motivos... – ri propositalmente enquanto olhava meu próprio corpo, minhas curvas, sugerindo que deveria ser mais velha do que isso. Pelo menos um pouco.

–Que seja. – ele me olhou de lado, enquanto eu me examinava.

Edward ficava sempre sério demais ou até mesmo mal-humorado quando eu brincava nesse tom com ele. Talvez ficasse incomodado quando me via mais do que uma "moleca", como cansava de me chamar.

–Olha você mesmo. – sugeri que se olhasse no espelho retrovisor da moto. Ao perceber o que eu falava, ele ficou com o rabinho entre as pernas.

– Merda! Estou parecendo um palhaço! Olha o que você fez!

Peguei um lenço na jaqueta dele e comecei a limpar, ao seu lado, o seu rosto. Nunca tinha usado aquele batom desde que o ganhei dele, junto com o vestido e as outras roupas. Na verdade, acho que ele nem percebeu que estava junto com as compras.

–Edward.

– Que. – Ele limpava o pescoço se esfregando com os dedos.

–E eu? Pareço uma palhaça de batom? – perguntei descuidadamente.

Ele olhou meus olhos, meus lábios, e só respondeu com uma palavra, seca e sonora.

–Não.

Ele ficou imóvel e fechou os olhos, o que me fez correr com a limpeza. Ele ficou mais calmo quando eu disse que já estava quase limpo. Parecia até que tinha dormido de pé ao sentir minhas mãos em seu rosto. Foi quando arrancou o lenço da minha mão e voltou à conversa.

– Meus parabéns.

–Por...?

–Vejo que não está mais mancando. Ferida sarada, dor, inchaço e cansaço sumidos, sem pesadelos... Agora sim, está totalmente recuperada. Pelo menos fisicamente. – ele completou.

– Eu tenho um ótimo médico particular, devo te indicar? – pisquei, e sorri.

–Engraçadinha. Já decidiu?

–O que?

–O nome, cabeçuda.

–Não tenho a mínima ideia. Do que tenho cara?

Memories (Truth or Dare?)Onde histórias criam vida. Descubra agora