Capítulo 8: SURPRESAS

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8. SURPRESAS


Cheguei à cabana um pouco antes das seis da tarde. Estacionei perto do banheiro e lá estava ela. Na porta. Em um dos vestidos novos. Linda pra caralho. Hoje, uma princesa. Estampava um sorriso no rosto, com as mãos cruzadas no queixo, totalmente apreensiva.

-Pra que isso tudo?

-Entra! - me puxava pela mão para eu ver a surpresa na mesa.

Ela havia feito um bolo de banana com calda de chocolate e cheio de cerejas no topo. Ainda conseguiu desenhar a palavra "Parabéns!" com as frutas. Colocou vinte e dois palitos no lugar de velas. Tive que pegar meus óculos para observar aquilo tudo direito.

-Feliz aniversário, Edward! - ela sorria, toda linda.

-Eu não lembro nem de ter-lhe contado quando era meu aniversário? - mexi no cabelo, confuso.

-Não contou. Eu vi nos seus documentos quando você se apresentou e me provou que era médico.

-Está ficando espertinha, hein? - fiquei admirado de ver como ela se superou. Foi a primeira vez que cozinhou e fez um bolo sozinha ali, com direito a decoração.

-Não ia deixar passar em branco. Não gostou?

-Claro que sim. - dei um abraço sufocante nela, como o da Stephenie. Ela deixou e de fato me abraçou de volta. Que progresso, pensei. - Ninguém lembrou assim de mim.

-Não? - ela olhou para cima, surpresa.

-Não.

-Espero que esteja bom! - ela vibrava com o fruto do seu próprio esforço.

-Onde arrumou tantas cerejas?

-Usei sua bola. - ela apontou para fora, e vi vários galhos no chão. Sinal de que ainda não aprendeu a colher as frutas, ou não me levou nem um pouco a sério quando avisei para não destruir minha cabana. - Não são suas favoritas?

-Sim... - olhei para seus lábios, e acho que de propósito, só para me tentar o juízo, ela usava o batom rosado. - gosto demais. Acho que nunca vi desse bolo lá em casa.

-Claro que não. Eu inventei. - ela carregava um ar de esnobe, agora. Uma graça.

-Hum, que metida. - ameacei fazer cócegas, e ela se esquivou. E o otário perdeu o resto do abraço. - Vamos partir?

- Não! Primeiro vamos cantar.

- O que? Não.

-Vamos sim! E vai fazer os cinco pedidos.

-Cinco? O certo não é um... ou três?

-Não! Sempre foram cinco, seu chato.

-Tem certeza?

-Só lembro de serem cinco!

-Você... lembra?!

-É... tenho isso na memória. Tão certo como o céu ser azul e o sol, amarelo.

-Isso é ótimo. Significa que lembra de algum costume diferente, talvez.

- Pode ser.

-E está levando a prosa dos livros a sério. É quase uma filósofa. - encarnei.

Ela cantou para mim e até que sua voz era afinadinha. Soprei as "velas" e fiz os cinco pedidos.

Pedidos que nunca contaria, a menos que todos se realizassem. E ela me chamaria de psicopata se soubesse que pelo menos três desejos envolviam diretamente a sua pessoa.

Memories (Truth or Dare?)Onde histórias criam vida. Descubra agora