Capítulo 7: SOLUÇÕES

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7. SOLUÇÕES


Estava ficando muito mais difícil. Se, por um lado, estávamos mais próximos do que antes, agora ela não queria chegar tão perto de mim. Eu ainda me perguntava se seria do tipo que iria me pisar, me fazer ficar louco, ou se isso representaria o fim definitivo da nossa amizade. De um jeito ou do outro, não sei como vou aguentar. Não consigo mais mentir nem para mim mesmo. Olhava em sua direção, só via aqueles lábios rosados. E, fatalmente, vinha a lembrança. Ela teria me socado e me chamado de frutinha se soubesse que perdi o sono por sua causa. Se estivesse em sã consciência, também pensaria assim. Foi o melhor beijo que Twilight já viu. Yellow Woods também. Provavelmente, de toda Snoqualmie.

Simples, tímido e confuso. Exatamente como ela.

Só consigo lembrar daqueles olhos curiosos por cima da sua boca macia e doce, sua língua com gosto de cereja fugindo da minha antes de se render, e sua respiração descontrolada. A boca mais deliciosa que já roubei, com louvor.

Eu queria mais.

Nunca desejei tanto ter alguém comigo como ontem.

O jeito de menina. Entretanto, pelo que vi na lagoa, uma verdadeira sereia.

Para o meu azar, percebeu e acabou com meu show particular.

Eu, que já estou ficando perdido nas suas formas, agora percebo que preciso controlar meus pensamentos para não começar a desejar outros beijos. Muito menos algo maior.

Tímida em certas situações, foge de certos assuntos como o diabo da cruz. Então, o melhor é sempre abonar a conversa. Éramos apenas amigos, grandes amigos, e assim continuaríamos.

Se é assim que ela quer, é assim que vai ser.

Prometi a mim mesmo que o assexuado aqui só iria rever o caso se ela desse algum sinal claro de que tinha interesse.

Enquanto isso, dane-se.

Sou homem, então as indiretas vão continuar.

Não sou cego, e vou continuar olhando.

*

Acordei da minha reflexão ao sair da cabana e do vilarejo, mas só porque precisava prestar mais atenção na estrada e chegar a Olympia. Esperava que meus pais não voltassem tão cedo e, honestamente, acho que não voltariam mesmo. Já estava acostumado com viagens de duas semanas durando dois meses e, eles, com minha falta de residência fixa por aí. Com sorte, a temporada de seus meses duraria seis meses fora, mesmo. Agora, um pouco menos de cinco. Seria perfeito assim. Ficaria mais livre para passar o tempo.

Com ela.

Desci a serra e era perturbador como a cidade já estava bem cheia. Era a primeira vez que teríamos um grande show sabe-se lá em quanto tempo. Tinha certeza que ela iria se amarrar, já que ainda não lembrava se foi a um antes.

Cheguei em casa mais rápido do que imaginei, graças aos digníssimos Arthur Davidson e William S. Harley. Os empregados ficaram surpresos por eu aparecer depois de tanto tempo.

-Quem é vivo sempre aparece! - entrei na cozinha falando para a Dona Stephenie, cozinheira de mão cheia e a gordinha mais simpática da casa, aos 70 anos. Ou algo assim.

-Senhor Edward! Onde estava? - ela veio me abraçando.

-Ah, sabe como é... por aí. Está tudo bem por aqui?

-Meu filho... seus pais mandaram avisar que vão chegar mais cedo. Parece que alugaram uma casa nova em Chi...Chica... algum lugar assim.

Puta merda, pensei.

Memories (Truth or Dare?)Onde histórias criam vida. Descubra agora