Capítulo 10: REVELAÇÕES

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  10. REVELAÇÕES


Eu quase pulei da cama. Perdi a noção do tempo por completo. Meu coração estava quase saindo pela boca. Virgem. Nenhum namorado. Nada. Nadinha. Olhei para o lado e Edward estava se aprontando, sério, me olhando. Ainda eram seis da manhã.

–O que houve hoje? – ele sentou na cama.

–Nada. – falei, eufórica. Estava sorrindo e quase chorando, tamanha era a confusão mental.

–Me fala...

–Não aconteceu nada. – respirei fundo e tentei me acalmar.

–Está se sentindo bem?

–Estou.

–Tem certeza?

–Tenho. – dei um sorriso falso.

– Coma alguma coisa, tem pão fresco na mesa.

–Já vou. – olhei para ele, quase sorrindo. Ou chorando, porque não sabia o que pensar sobre minha nova descoberta... patética.

– Tenho que ir para a prova. – ele olhou, ainda desconfiado.

– Boa prova. Sei que vai arrebentar, Edward. – enfatizei.

Ele ia levantar e eu tive o impulso de puxá-lo para beijar. Edward retribuiu o selinho e riu, porque eu quebrei a rotina e não escovei os dentes antes. Quando eu percebi o que fiz, fiquei sem graça e mexi no cabelo igual a ele.

– Obrigado, lábios de sonho. Volto no início da noite.

Quando ele se foi, eu sentei à mesa e tomei meu café, maravilhada com minha descoberta. Medonha ou não, era mais uma descoberta. Queria tanto contar para o Edward, mas não sabia como fazer. Ele agora era meu namorado e não sei como levaria a notícia. Eu tinha vergonha e receio de que ele fosse me deixar.

Se eu queria fazer? Claro.

Quando? Definitivamente, não agora.

Perdida em pensamentos, peguei meu violão para me distrair. Já fazia alguns dias que não tocava. Aprendi uma nova música, mas logo fiquei entediada. Então resolvi ir para a cozinha. Edward tinha comprado massa de macarrão, e eu resolvi fazer uma macarronada com carne enlatada. Dessa vez não errei no sal, mas a droga toda quase caiu no chão quando misturei, e queimei meu dedo de leve. Consegui cozinhar um ovo e fiz um tempero com azeitonas, pois sempre via Edward roubando todas quando comíamos na rua.

Terminei e ainda era fim de tarde.

Como não estava com fome, resolvi ir para a lagoa. Lá, a céu aberto, eu conseguia relaxar melhor. O tempo estava se abrindo aos poucos, e boiei para deixar o sol aquecer minha pele mais que pálida.

Não conseguia esquecer o que aconteceu ontem. Eu perdi meu controle e Edward quase fez o mesmo. Bem, ele perdeu de fato o controle. Pelo menos sobre seu corpo, isso ficou claro. Eu senti sua ereção ali, na minha frente, ainda que não fosse intencional. Fiquei grata que não aconteceu, e que Edward reagiu bem ao meu comentário sobre a "hora certa". Agora só restava saber como ele reagiria a isso. Quero dizer, ele precisava saber. Era algo que eu deveria o contar. Dividia todas as minhas experiências com ele até agora, não era justo deixa-lo sem saber. Até porque ele acompanhava minha evolução. Então, mais calma, cheguei á conclusão de que não o deixaria de fora.

Quando acordei da minha viagem-mental-quase-psicodélica, saí da lagoa e andei praticamente me arrastando para a cabana.

Continuei pensando e dei graças a Deus que iria para a vila. Ter mais um médico ajudando no meu caso seria bom. Eu adorava o Edward, e todo o seu processo de estímulo a memórias por meio de passeios e conversas questionadoras e motivadoras realmente faziam efeito, mas ter alguém mais velho observando o caso poderia ser ótimo. Eles poderiam trocar ideias e eu poderia passar as tardes fora pelo menos duas vezes na semana.

Memories (Truth or Dare?)Onde histórias criam vida. Descubra agora