Capítulo 10

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"Você recebeu amor suficiente, meu pombinho?
Por que você chora?
E eu sinto muito por ter partido, mas foi pelo melhor
Embora nunca tenha parecido certo
Meu pequeno Versalhes"

Fourth Of July, Sufjan Stevens


O luar sempre pareceu paradisíaco perante ao meu olhar, a forma como a lua brilhava sobre o céu, iluminando a noite escura e rodeado por estrelas sempre me encantou. Ela acalmava o caos em minha mente, assim como o silêncio que sempre faz em casa neste horário. Todos os dias, eu tentava vir para o lado de fora da mansão para ver a lua, saber o quão redonda e cheia ela estava esta noite ou se estava escondida atrás das nuvens. Eu gostava do escuro, do que ela me trazia e escondia-me dos outros. Era minha paz.

Quando eu era pequena, ficava chateada quando não podia ver a lua quando as nuvens a encobria com a sua escuridão, só deixando o contorno ou a sua silhueta visível. Hoje em dia, sempre reservo esta parte do meu tempo para apreciar, agradecer e meditar sobre tudo. Desde que voltei para casa hoje depois das aulas, meus pensamentos estavam desorganizados, comovidos pela presença de Christian e o que ele estava fazendo com o meu corpo e minha mente. Os arrepios que ele causava em minha pele me deixaram excitada. Eu me sentia devastada, não conseguia raciocinar corretamente quando seus lábios beijavam delicadamente, lascivamente o meu pescoço.

Eu podia sentir que estava ficando excitada novamente só por recordar do nosso momento de provocação e luxúria. Christian tinha feito meu cérebro se derreter igual borracha quando entra em contato com o fogo. Não me preocupei que alguém pudesse ver quando eu esfreguei minhas coxas juntas para acalmar a crescente tensão que estava começando a nascer em meu núcleo. Provavelmente os guardas que ficavam no portão estavam virados para a outra direção, mas seria praticamente impossível eles me verem pela pouca claridade que fazia nesta região da piscina. Eu também preferi não acender a luz quando fui para fora me refrescar.

Para não me perder mais ainda neste jogo que comecei, o certo a se fazer era me afastar. Eu precisava odiá-lo com todo o meu ser novamente. Quando estávamos juntos, eu tinha me esquecido dos problemas que minha mãe traz diariamente para mim, esqueci como as coisas com os meus pais eram explosivas e tóxicas de mais. Eu não queria isso para mim, mas sabia que eu e Christian éramos tóxicos. Ficar longe parecia um desafio, mas eu não imploraria, não passaria dos meus limites para ficar com alguém que, só por sua simples presença, ele desliga uma parte do meu cérebro bagunçada e problemática.

Tudo o que é bom dura pouco, mas era o melhor a se fazer. Isso poderia ser a nossa ruína, poderíamos quebrar um ao outro, e eu não quero piorar o que minha mãe já fez.

Quando o vento começou a se intensificar, minha pele começou a arrepiar, me levantei da cadeira de sol e voltei para dentro. O grande piano branco de Liviana parecia zombar de mim. Lá, parado, empoeirado, percorrido por aranhas inofensivas e formigas minúsculas. Mãe achou que seria minha válvula de escape, mas eu tive aulas desde os meus seis anos até dezoito e até nos dias de hoje, ainda não tenho tanta prática em dominar o instrumento. Me levar para concertos, ópera e apresentação de música clássica foi um desperdício de tempo que eu e minha mãe tivemos quando ela achou que isso estimularia meu cérebro a ser igual a eles no futuro. Quando criança, no meu tempo livre eu desenhava vestidos fabulosos para acalmar minha mente, bem diferente do que minha mãe queria que eu tocasse piano para expressar e acalmar meus pensamentos e sentimentos.

Minha Tentação FavoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora