Anne with an e- All about love and hate

Capítulo 25 - Mensagem para você

ANNE E GILBERT

Após vários episódios de espirros e com uma tonelada de lenços de papel ao seu redor , Anne se mexeu debaixo das cobertas, sentindo sua garganta doer e sua cabeça latejar

Fazia uma semana que pegara uma gripe daquelas, e se não bastasse seu coração partido, agora seu corpo também estava enfermo a ponto de deixá-la de cama e sem ânimo para não fazer mais nada, a não ser ingerir sopas das quais mal conseguia sentir o gosto, e dormir o dia todo.

A ruivinha não se lembrava quando fora a última vez que se sentira tão doente assim. Sempre fora resistente a qualquer enfermidade, e dificilmente chegava ao ponto de ficar acamada, mas dessa vez ela sucumbira realmente, e até parecia que seu corpo se recusava a lutar contra a doença e aliada a depressão do término do seu relacionamento com Gilbert.

Cole e Diana estavam cuidando de tudo enquanto ela permanecia em casa, deitada em sua cama, olhando para o teto enquanto sucessivos espirros a faziam fungar.

Até Bertha estava preocupada, pois nunca vira Anne em um estado tão ruim. Ela chamara um médico para vê-la, que lhe prescreveu antitérmicos para febre, muito descanso, e vitamina C.

A verdade era que sua falta de ânimo não era tanto causada pela gripe forte. Ela estava lidando com questões mais complicadas emocionalmente, das quais não conseguia falar, pois machucava sequer lembrar de que Gilbert Blythe estava fora de sua vida definitivamente.

Ela vinha vivendo de lembranças atreladas ao seu subconsciente, que mesmo dormindo não conseguia se desligar delas de jeito nenhum. Apesar de toda a dor de seu coração partido, Anne não conseguia se arrepender. Cada momento com Gilbert valera a pena, mesmo que não tivesse dado certo, era fora muito feliz pelo tempo que durara.

Nos primeiros dias do rompimento, Gilbert não desistira totalmente de Anne. Ele enviara inúmeras mensagens, ligara várias vezes, mas por mais que estivesse tentada a atender apenas para ouvir a voz que tanto lhe fazia falta, a ruivinha resistiu. Ela era muito boa em manter distância quando se propunha a isso, e assim Anne não falava com o rapaz a exatos sete dias.

Anne também se preocupara com John ser usado por Gilbert como intermediário entre os dois. Ele e Bertha passavam bastante tempo juntos, e por isso, suas visitas ali continuavam a ser constantes. Felizmente, o pai de Gilbert tivera o bom senso de não tentar fazer Anne mudar de ideia a respeito do rompimento do namoro, porque teria sido muito pior para a ruivinha ter que lidar com os argumentos de John.

Ela acabaria perdoando o ex-namorado por se deixar manipular pela mãe, e aquela situação se estenderia indefinidamente. Gilbert assumira a responsabilidade de cuidar de Olga Blythe, e jamais a enxergaria como realmente ela era .

Anne entendia que naquele círculo vicioso no qual ele se encontrava era difícil para Gilbert se libertar de Olga. Ela o tinha enredado tanto em uma sucessão de chantagem emocionais, que o rapaz não conseguia encontrar um caminho para fora daquela confusão.

A sensação que Anne tinha era que com o divórcio, Olga se agarrara em Gilbert como uma tábua de salvação para sua solidão, e o rapaz, com pena da situação da mãe, acabou por se envolver em um jogo de sentimentalismo e carências pessoais.

Ele não percebeu que com isso, também estava se tornando prisioneiro do seu próprio complexo de culpa, como se fosse sua responsabilidade zelar pela felicidade da mãe, enquanto a sua lhe escapava pelos dedos.

Por mais que o amasse, Anne não queria fazer parte daquilo. Não desejava se envolver em dramas familiares, pois já tinha os seus para lidar, e também não queria viver em uma guerra pessoal com uma mulher que nunca a aceitaria como parte da família.