Capítulo 29- Uma surpresa valiosa

109 11 18
                                    

Tú te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
( O PEQUENO PRÍNCIPE)

A noite tinha sido uma tortura para Anne, que não conseguira dormir morrendo de preocupação por Gilbert. Ela não podia acreditar que ele tinha se embebedado por sua causa, pois em todo o tempo que estavam juntos, nunca o vira exagerar assim.

Era doloroso vê-lo naquele estado, e seu primeiro impulso fora correr para ele e deixar sua mágoa de lado apenas para cuidar dele, mas se conteve. Não podia esquecer que estava se colocando em primeiro lugar, e ao fazer isso, estava seguindo com a própria vida sem deixar que seus sentimentos por Gilbert a influenciassem pelo caminho.

Entretanto, não conseguia não se importar. Ele estava sofrendo por sua causa. Estava sozinho e no centro da cidade, bebendo como se não houvesse amanhã.

Seu medo era ele ter ido para casa dirigindo, e Anne sabia como o trânsito de Nova Iorque podia ser perigoso durante a noite, especialmente em um dia da semana.

Ela estava com medo, e depois de ter passado a noite inteira olhando para o teto, enquanto esperava uma ligação do rapaz dizendo que tinha chegado em casa e bem, as primeiras horas da manhã ainda a assombravam com sua imaginação fértil que não parava de lhe pregar peças.

Todos os tipos de acidentes e cenas sangrentas desfilavam em sua cabeça, deixando-a apreensiva, e quando os primeiros raios de sol surgiram no céu, Anne pensou que ficaria maluca.

Assim, quase em desespero, ela ligou para o celular dele, e o maldito aparelho tocou várias vezes até cair na caixa postal. Odiava Gilbert por deixá-la naquele estado, e odiava mais a si mesma por amá-lo tanto que chegava a sentir seu coração se quebrando outra vez, apenas por pensar que ele poderia estar ferido, sozinho e sentindo dor.

Incapaz de dormir, ela se levantou e foi para a cozinha preparar um chá para si mesma, e tentar acalmar sua ansiedade. Ela encheu uma chaleira com água, e quando foi pegar sua xícara favorita no armário, sua mão trêmula bateu nela desajeitadamente, fazendo-a cair no chão e se reduzindo a pedaços.

Inconformada, Anne se sentou no chão para recolher os cacos, e começou a chorar. Aquela xícara fora seu pai que lhe dera, e era uma das poucas coisas materiais que ainda tinha como lembrança dele, e ver o objeto todo despedaçado, acionou um gatilho dentro dela que a fez soluçar desesperada.

Ela nem notou que sua mãe tinha entrado na cozinha, e ao vê-la naquele estado, Bertha perguntou:

-Filha. O que está acontecendo? Por que está chorando desse jeito?

-Eu quebrei a xícara que ganhei do papai. - Ela disse fungando, enquanto tentava recuperar os pedaços completamente destruídos.

-Não acredito que está assim por conta de um objeto antigo. Eu sei que representa muito para você, mas não acho que está nesse estado por causa disso. O que foi, Anne? É o Gilbert?- Bertha perguntou, pois conhecia a filha o suficiente para saber que ela não andava bem desde que terminara o namoro com ele. Podia entender as razões dela, mas não conseguia não achar que era uma estupidez sofrer como ela estava sofrendo.

Anne balançou a cabeça concordando, mas não conseguia parar de chorar. Estava terrivelmente preocupada e psicologicamente abalada pelo telefonema que ele lhe dera. Precisava saber se ele estava bem, se precisava de alguma coisa, e aquela falta de notícias estava acabando com ela.

-Ele me ligou ontem tarde da noite, e estava bêbado, mãe. Eu nunca vi o Gilbert beber antes. Ele disse que me ama, e queria que eu dissesse o mesmo.- Anne contou, enxugando os olhos com a barra do pijama.

Anne with an e- All about love and hateOnde histórias criam vida. Descubra agora