Uma das coisas que Anne descobriu naquela semana subsequente à festa na loja de Gilbert, fora que fizera uma loucura em aceitar a amizade dele.
Seus pensamentos já eram uma tortura longe do rapaz, fazendo-a morrer de saudades dos momentos em que juntos, celebravam um nos braços do outro, a força daquele sentimento que em seu coração não havia cedido nenhum milímetro.
Por mais que se esforçasse, dizendo milhares de vezes a si mesma que tinha acabado, que estava na hora de seguir em frente, seu coração teimava em bater diferente por aquele rapaz por quem agonizava lentamente.
Ela não sabia o que lhe dera na cabeça para aceitar a proposta dele. Como podia ser amiga de alguém a quem amava tanto que chegava a doer seu peito? Como poderia tratá-lo om neutralidade quando se lembrava de como era ser tocada por ele, e o que aquela boca linda era capaz de fazer com o seu corpo? Gilbert Blythe era uma tentação e tanto, e Anne não era nenhuma santa para resistir aquele pecado delicioso.
No entanto, para se distrair e não pensar na loucura que fizera ela andava saindo com Charles. Não tinha nenhum interesse amoroso nele, e sua aproximação do rapaz era apenas uma tentativa de suprir uma falta que a estava consumindo diariamente. Até tentara prestar mais atenção nele, tentando encontrar pontos positivos nele que despertassem algum tipo de atração por ele, mas nada acontecera.
Charles era um homem bonito, engraçado e bastante inteligente, mas em questão de charme e sedução, ele perdia absurdamente para Gilbert Blythe.
Seus encontros com ele eram apenas baseados em amizade, embora Charles tivesse deixado claro várias vezes que estava interessado em algo mais com ela. No entanto, todas as vezes em que ele tentara uma aproximação maior além da amizade, Anne deixara claro qual era a situação entre eles, e o rapaz entendera seu lado da história, mas nem por isso deixava de fazer algumas insinuações sutis, que Anne rebatia com bom humor e espirituosidade.
A verdade era que Gilbert Blythe tinha seu coração todinho, e era triste constatar, que estava fechada para um novo amor, pois no fundo sabia que demoraria muito até encontrar alguém que tivesse uma importância significativa na sua vida que a fizesse esquecer Gilbert de uma vez por todas.
Não o via desde a festa, e ele também não tentara entrar em contato, respeitando o espaço que ela desejava que existisse entre os dois. Estava aliviada, mas o gosto do desapontamento também não saía de sua boca. Anne tivera uma esperança remota de que Gilbert a procurasse, ou que lhe mostrasse explicitamente que estava disposto a tudo por ela.
Talvez fosse infantilidade sua aquele desejo de pelo menos uma vez se sentir priorizada na vida dele. Contudo, ela tinha certas inseguranças as quais não conseguia ignorar, pesando depois de tudo o que acontecera com Roy, tinha prometido a si mesma que nunca mais se permitiria ser a segunda opção na vida de alguém, e com Gilbert o que acontecera fora que Olga Blythe seria sempre a primeira mulher na vida do rapaz, e Anne não estava disposta a engolir isso da forma mais amarga. Se apaixonara perdidamente por ele, mas também precisava se amar, e para isso, tivera necessidade de sair daquele namoro, antes que se tornasse um território que girasse totalmente em torno dos caprichos daquela mulher mimada. Ela só não compreendia como um homem tão centrado como John pudera se casar com alguém tão artificial e nocivo.
-Anne, sua fantasia de Rainha de Copas chegou. É melhor experimentar para não termos surpresas depois.- Diana disse, entrando no escritório de Anne com uma grande capa protegendo a fantasia.
-Nossa, quase me esqueci. A que horas combinamos a leitura para hoje?- ela perguntou, abrindo o zíper da capa, e dando uma boa olhada no vestido azul de tecido brilhante.
-Às quatro horas. Pelo que verifiquei, temos quarenta crianças confirmadas.- Diana respondeu, mostrando a Anne uma lista de nomes que estava presa a uma prancheta que ela trazia nas mãos.
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Anne with an e- All about love and hate
FanfictionAnne Shirley Cuthbert vivia em seu mundo encantado na grande cidade de Nova Iorque, até que seus sonhos dourados colidiram com o cínico e Dom Juan Gilbert Blythe. Dona de uma pequena livraria no centro da cidade, patrimônio herdado de seus pais, a b...