Capítulo 17 - Dúvidas de amor

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ANNE E GILBERT 

A neve tinha parado de cair a algumas horas, mas nem Anne ou Gilbert pareciam dispostos a sair debaixo da colcha quentinha no quarto do rapaz  para enfrentar o clima gelado do lado de fora.

No entanto, Anne sabia que era hora de ir para casa. Ela passara o dia todo ao lado do rapaz,  e embora a companhia do namorado fosse extremamente convidativa para que permanecesse mais tempo naquele apartamento,  ela precisava se reunir à sua mãe, e ver com os próprios olhos em que condições ela se encontrava em um dia onde todos os tipos de lembranças pareciam atingi-la impiedosamente.

A recuperação de sua mãe era vista por ela quase como milagrosa, pois Anne já  tinha perdido todas as esperanças de que ela se recuperaria plenamente,  e vivia apreensiva de Bertha entrar em um processo destrutivo sem volta. Surpreendente, John Blythe entrara nesse cenário, e mudara completamente o roteiro daquela história, mas Anne ainda não se sentia cem por cento segura de que sua mãe estava tão bem quanto aparentava nos últimos dias, e tinha medo aquele fosse um falso alarme.

-No que está pensando?- a voz suave de Gilbert, e o toque dele em seu ombro a fez sair do seu mundo particular e voltar seu olhar para o rosto dele a poucos centímetros do seu.

- Eu pensava em minha mãe. - ela respondeu, encostando sua cabeça no ombro  dele.

-Ainda está preocupada?- Ele tornou a perguntar, brincando com a mão dela entrelaçada na sua.

-Você sabe o quanto ela é instável. Minha mãe parece estar bem, mas quem me garante que daqui a pouco não vai voltar a se recolher dentro de si mesma? É isso que me assusta.- Anne confessou.

-Meu pai está  com ela, e você sabe que os dois se entendem bem.- O rapaz afirmou, puxando a cabeça de Anne para seu peito.

-Eu sei que sim, mas ainda assim, isso não é garantia de nada. Seu pai é ótimo e tenho certeza de que faz um bem enorme à minha mãe, mas o problema não é esse. A morte de meu pai ainda a magoa muito, e lidar com isso sempre foi como uma faca de dois gumes para ela.- Anne explicou, ficando em silêncio por alguns minutos. 

-E eu?- Gilbert perguntou quebrando o silêncio. 

-Você?- Anne disse, rebatendo a pergunta de Gilbert.

-Eu te faço bem? - ela sorriu ao pensar na pergunta, e sua  resposta foi:

-O que você acha? - 

-Eu quero muito acreditar que sim, porque você me faz muito bem e estou adorando ter você como namorada.- as mãos dele estavam nos cabelos dela, e Anne o abraçou. 

Era diferente estar em um relacionamento com Gilbert. Ele era  carinhoso, algo que Roy nunca fora, e na época de seu noivado com ele, Anne tinha aceitado essa característica como parte da personalidade dele. Em sua cabeça, Roy era contido e tinha dificuldades para demonstrar seus sentimentos, e nunca pensara que ele agia assim por não amá-la como Anne pensara, e somente naquele momento com Gilbert, ela percebia o quanto fizera falta essa parte de troca de carinho em seu relacionamento com seu ex noivo.

-Você me faz bem, Gilbert, talvez até demais. Eu sei que demonstrei o contrário no início, porque fiz uma ideia errada de você. Me deixei levar pelas aparências e no fim descobri que estava errada. Ainda bem que reconheci a tempo essa minha falta de percepção a seu respeito.- ela acariciou o rosto dele, e o admirou por alguns minutos, enquanto Gilbert fazia o mesmo com ela.

Anne era uma mulher e tanto. Forte,  determinada e linda. Ele conhecera poucas como ela, que com apenas vinte anos já  sabia exatamente para onde estava indo. Na mesma idade dela, Gilbert apenas se preocupava com o presente,  e demorara anos para adquirir a maturidade que tinha agora. Talvez fosse mesmo verdade que as mulheres se tornavam adultas mais rápido que os homens, porque carregavam dentro de si uma carga de responsabilidades maior, embora isso não fosse um padrão determinante.

Anne with an e- All about love and hateOnde histórias criam vida. Descubra agora