O Mistério do Internato (Livro Gay) - Completa

Capítulo XI - Um sonho sem fim

Marcos está sentado embaixo de uma grande árvore. Tudo é verde. O vento fresco que por ali passa é reconfortante e traz uma certa calmaria e paz, que a tempos não sentia. Está usando as famigeradas roupas cinzas do interno. Talvez essas roupas já estejam impregnadas em seu interior.

De sua visão é possível enxergar bem o ISM, que lhe parece bem mais jovem que o de costume, quem sabe duzentos anos mais jovem ou até mesmo trezentos anos. As folhas vagando pelo chão ainda estão verdes, recém caídas das árvores. Onde é o campo de futebol, está sendo ocupado por um extenso gramado, onde se forma um quase labirinto - as paredes são baixas demais para ser considerado um. Onde é o prédio das aulas, mas parece um galpão e o ginásio é na verdade um terraço para bailes.

Uma criança se aproxima de Marcos, sentando-se ao seu lado, lhe dando um pequeno susto. Suas vestimentas são diferentes, mesmo ainda criança ele já usa uma espécie de terninho, de veludo preto e gasto.

— Oi — Ele diz sorridente.

— Quem é você? — Marcos pergunta olhando para ele, um pouco mais para baixo — Você me deu um susto... — Disse ainda com a mão no peito.

— Meu nome é Pedro — Ele diz ainda sorridente — Seu nome é Marcos, não é?

— Sim... — Ele responde desconfiado — Como sabe?

— Segredo... — Ele sussurrou, uma voz levemente amedrontadora e familiar.

— Que lugar é esse? — Deixou que os pensamentos ficassem dispersos e o questionou.

— Aqui é a propriedade de um homem muito rico e ganancioso — Ele responde.

— Você o conhece? — Lançou um olhar curioso.

— Eu conhecia — A sua voz saiu distante e o seu corpo estava aos poucos sumindo em uma névoa que por ali misteriosamente passa.

— O... — Ele tenta falar, mas não consegue.

— Me ajude... — Foi somente o que ele conseguiu dizer ao ser totalmente desfragmentado e sumindo junto a névoa.

Um grito agudo foi ouvido, vindo de trás de onde ele está sentado. Assustado, rapidamente levantou-se e involuntariamente começou a correr em direção ao grito, que estava cada vez ficando mais alto e mais forte.

Marcos de tanto correr, cansou-se, mas ao parar, apoiando-se nos joelhos para tomar fôlego, viu aos seus pés um túmulo, com o nome Pedro recém gravado ali. E, uma frase: Me ajude...

Um grito, foi só o que saiu de sua boca. Sua visão ficou embaçada e rapidamente escureceu. Um frio por todo o seu corpo sentiu e uma tontura o fez cair no chão friorento. Um redemoinho se formou sobre sua cabeça e todo o imaginário sumiu em sua mente.

Enrico tenta-o acordar, mas o seu corpo está quente e o suor inunda toda a sua roupa. Pensamentos indo e voltando. Um turbilhão de coisas fazendo-o duvidar do que é e não é.