O jovem está desnorteado, como se acabasse de ter visto algo, mas não se tem noção o suficiente do que teria sido. Seu alvoroço para chegar a sala ainda era involuntário. Deu-se por perceber, que estava agora somente no primeiro degrau da escada para os andares acima. Sentiu um cheiro forte de mofo e chão sujo. Um leve frio percorreu o seu corpo.
Com sua mão apoiada no velho e enferrujado corrimão, ele olha para trás e ainda se tem resquícios de uma leve fumaça, mas que ao longe consegue enxergar a inspetora, observando-o. Ele treme na base, mas se recompõe; o jovem sabe que os seus dias ali serão longos e por vezes involuntárias, repensa se aquela decisão foi mesmo racional ou um sonho.
Seu maior sacrifício foi tentar achar a sala de aula no quinto andar. Entrou em todas as vinte salas que ali existem - além de os professores terem analisado as listas de nomes uma por uma para saber se ele seria de alguma sala (foram momentos constrangedores, levando-se em consideração que ele levou cantada de alguns garotos e serviu de piada para outros) - e por último restou somente a sala vinte e um - torceu para que realmente fosse ali, de fato.
Cansado de tanto andar e entrar em salas erradas e ouvir as risadas dos garotos por ele ter errado a sala. Logo entrou na última sala do corredor e um professor de estatura alta o olhou, encarnado-o. Algo em seus olhos poderia ser de longe familiar.
Marcos está parado na porta e o professor olha bem em seus olhos. As imagens vão ali estão sumindo e o que se forma é um homem viril, segurando telas de pintura. Ele, de chapéu coco na cabeça; roupas formais e um sorriso no rosto; Carrega em sua mão esquerda algumas telas e uma placa de tintas; na outra mão a pintura de um casal feliz. Um Súbito fez vê-lo beijar alguém, uma figura masculina, mas que não conseguiu identificar.
O chamar do professor o fez despertar, olhando para o seu rosto de espanto que ambos compartilham. Todos sentados nas cadeiras, observando aquilo sem entender o que acontecia.
— Sente-se — O professor levou o seu dedo indicador para uma cadeira vazia na primeira cadeira da fileira no canto da parede — Rápido! — Havia de fato despertado daquilo. Marcos não teve noção do que aconteceu, apenas o professor.
Ainda desnorteado ele passou rapidamente pela frente e logo sentou-se na sua cadeira. Um rápido olhar pela sala, viu olhares assustados, assim como o seu e muitos outros pareciam não dar a mínima. As cadeiras todas enfileiradas impecavelmente, contam-se dez por dez. O quadro parece não ter fim. Na diagonal tem a mesa do professor e na outra diagonal, um grande armário enferrujado. A sala inteira tem cheiro de mofo, atingindo em cheio a sua alergia.
— Como eu dizia antes... — Pigarreou — Vocês, delinquentes, merecem ser punidos por seus atos, por isso estão aqui pois são um mal a sociedade — Levantou-se de sua cadeira e foi para o centro — Não sei o que fizeram de desgraça em suas vidas, mas aqui vocês irão aprender a tomar jeito! Sintam-se privilegiados por eu não usar palmatória ou quaisquer coisas do gênero — Riu — Sabe, mesmo que vocês sejam o fim da humanidade, a escória da sociedade e lixos abandonados... eu chego a pensar que vocês podem um dia saírem daqui — Disse ainda com um leve sorriso.
Tais palavras duras os deixaram apreensivos. Todos, sem exceção, até mesmo Marcos, que está ali por estranha vontade própria.
A surrada mochila agora está em cima da mesa, enquanto ele tira alguns livros.
Marcos direcionou sua atenção para o grande quadro negro, onde há escrito o nome do professor ''Senhor Moraes''. Ele, um homem aparentemente jovem, mas com uma aparência muito cansada, ao ponto de confundi-lo com um velho. Maduro, diga-se de passagem, mas não ao ponto de cair do pé.
— Mas não precisa nos ofender — Um garoto da última fileira disse ao levantar sua mão — Não somos lixos!
— Eu dito as regras aqui — O Sr. Moraes disse firme — Próxima vez que me interromper eu o mando para a solitária, assim como todos aqui... os mando juntos para ficarem uma semana naquele lugar imundo, frio e perturbadoramente isolado.
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O Mistério do Internato (Livro Gay) - Completa
Science FictionMarcos muda-se para um internato por conta própria, em virtude de ser gay. Ao mesmo instante que conhece Enrico - diferente de todos os garotos que existem dentro do ISM. Ele se depara com acontecimentos peculiares. Nada ali é normal. De momento sur...