Capítulo VI - Um sentimento

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Uma semana monótona e insuportável para um lugar monótono e insuportável. É assim que Marcos tem se sentido durante toda a semana. Mais de vinte dias fora de casa, para ser exato, mais de meio mês, diga-se de passagem.

Lembranças de casa ele tem, é lógico que tem. Mas sempre que se lembra de casa, vem a sua mente as coisas que fora obrigado ouvir.

Se não fosse por Enrico, agora ele estaria sozinho, talvez até com depressão. Agradece por ele ter o ajudado no primeiro dia, mas mesmo assim sente que sabe pouco sobre o amigo, mas não o pressiona para conhecê-lo.

Durante a segunda e a terça-feira, ele teve oito aulas iguais e sempre ao meio dia foi obrigado a dar cinco voltas no campo de futebol. Suas voltas diárias em torno do campo o deixaram atleticamente mais preparado, podendo-se assim dizer. O treinador ficou feliz em ver o seu empenho. Em alguns momentos até o ajudava, quando não conseguia.

Sempre que passava em frente a floresta, em companhia de Enrico, os dois olhavam para dentro e viam somente um caminho, mas mais a frente não viam absolutamente nada. Às vezes parece que a própria floresta os quer longe. Os dois por si só comentavam sobre o fato da biblioteca, mas parece ser inacreditável vendo por outro ângulo.

Marcos acabou por conhecer Jorge Bronks, um amigo recém-chegado (ano passado) de Enrico. Os dois trocam favores. Jorge consegue cigarros para Enrico e ele o protege, caso haja alguma briga ou os caras queiram lhe dar uma surra. O jovem tem sido contra a sua conduta de fumar dentro do quarto, pois não se sente bem, mas prefere ficar calado ou simplesmente não implicar com o único amigo que tem.

Tudo poderia acontecer, mas a amizade entre os dois está cada vez mais forte. Chega-se possível a ver um certo sentimento aflorando, mas como Enrico mesmo disse, eles são só amigos e estão ali como irmãos, protegendo um ao outro. Marcos tenta ver dessa forma, mas ao mesmo tempo parece não condizer com o que ele sente.

Os outros três dias de semana se sucederam de forma normal. No sábado eles passaram o dia na biblioteca, para espanto da bibliotecária. Os dois procuravam mais pistas sobre o Diretor Graça e o seu parente de mais de cem anos. Se eles acharam algo? Claro que não! Gostaria de poder dizer o contrário, mas esta é a verdade.

A verdade é que esse internato é um lugar suspeito. As pessoas que trabalham para o diretor podem ser confiáveis e ao mesmo tempo perigosas. Não referindo aos já conhecidos, mas gente suspeita.

Eles leram vários livros antigos, mas não viram nada que pudesse ser de total relevância para o que estavam a averiguar.

— Perdemos um dia inteiro naquela biblioteca fedida — Enrico reclamou ao bater a porta do quarto com tal forma que a fez tremer.

— Se quebrar a porta, eu quebro a sua cabeça — ouviram quando a inspetora Euclávia gritou do lado de fora — Não estão na casa da mãe Joana não, seu moleques sujos e imundos, porcaria.

— Como ela ouviu? — Enrico questionou ao se sentar na cama de Marcos — Nós passamos por ela no corredor de baixo, não tem como ela ter chegado aqui tão rápido.

— Acho que não preciso dizer, não é!? Aquela mulher a pura personificação da loucura.

— Mas enfim... não vale a pena ficar falando sobre uma criatura louca.

— O que vamos fazer no resto da noite? — Marcos perguntou — Eu estou exausto... o dia foi chato, tudo aqui é chato... cinza e chato...

— Como você vê, não tem nada para fazer aqui...

— Vamos dormir — Marcos diz — Amanhã é o dia de ver se tem carta e fazer ligação para alguém...

— Vai falar com seus amigos?

O Mistério do Internato (Livro Gay) - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora