Capítulo V - Mistérios

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— Temos mesmo de ir para o salão de refeições? — Marcos está temeroso em ter de encontrar tantos garotos diferentes em um lugar só. A ideia de muita gente em um lugar só, pode ter lhe assustado, assim como no primeiro dia. Ele já havia ido lá por duas vezes, mas nesse meio tempo, sempre foram poucos, causando-lhe menos desconforto.

— Se você quiser comer, então, presumo que sim — Enrico o olhou — Temos de ir rápido, se não ficamos sem lugar para sentar — Falou — Às vezes ficamos sem comer, se nos atrasarmos demais.

— Não tem lugares suficientes? E a comida, não dá para todo mundo?

— Às vezes não sobram lugares e quando demoramos demais para ir até lá, eles fecham tudo.

É noite de domingo. O dia inteiro os dois ficam enfurnados dentro do quarto, apenas jogando conversa fora e se conhecendo melhor. Marcos tentou por algumas vezes lhe perguntar sobre a florestas, mas falhou, então achou melhor deixar o assunto de lado, vendo que nunca conseguiria sequer arrancar palavra alguma sobre.

Passaram-se alguns dias desde o incidente no campo de futebol, Marcos melhorou bastante desde então. O treinador parece ter lhe dado uns dias de folga, mas ainda assim, não o deixa em paz.

Ambos compartilhavam os mesmos gostos por filmes, menos os musicais. Marcos gosta de pop e indie; Enrico gosta de rock e metal. Marcos lhe falou melhor um pouco sobre a sua vida e o que queria fazer caso não houvesse ido para o ISM. Enrico tem pensamentos parecidos, mas bem distantes dos dele.

Agora estão prestes a irem para o salão das refeições, juntar-se aos outros antes que a sineta toque. Euclávia fez o trabalhoso favor de os avisarem cinco minutos antes.

As famigeradas roupas cinzentas são as suas companheiras dia e noite.

Correndo, os dois tentam a todo momento não esbarrar em ninguém.

A amizade parece fluir perfeitamente bem, mesmo quando Marcos lhe falou sobre a conversa que teve com Tiago na enfermaria. Isso despertou insatisfação por parte de Enrico, que ficou descontente ao saber, mas pareceu-se imparcial.

Marcos não mencionou nenhum fragmento da conversa que teve com Tiago, achou melhor só ter dito que conversaram. Por algumas vezes até pensou no que poderia de fato ter acontecido, mas nada lhe vinha à mente. De fato, tudo pode ter acontecido.

⧫⧫⧫

No salão há vinte mesas por vinte; em cada uma há lugares para oito pessoas; todas muito bem organizadas. A frente há uma mesa gigante, onde cabem mais de vinte pessoas. Ao lado esquerdo existe a cozinha, onde tem cinco mulheres vestidas de preto e touca preta na cabeça, servindo os garotos, que carregam bandejas (sem o mínimo ânimo).

— Vamos — Enrico puxou Marcos pelo braço, indo rumo a fila que se estendia por quase todo o salão.

Antes de chegarem de fato a própria cozinha, eles pegaram uma bandeja, uma colher e um copo em uma mesinha, onde há uma pilha.

— Estou morrendo de fome — Marcos reclamou ao sentir uma dor na barriga.

— E você ainda não queria vir.

— Eu sou anti social — Disse baixinho — Tenho medo da espécie humana.

— Aqui você tem de ser social o suficiente para sobreviver.

Marcos percorreu o olhar pelo salão e viu Tiago sentado com alguns amigos em uma mesa distante, onde ele ao vê-lo riu, seguidos de seus amigos que cochichavam algo sobre o rapaz.

— Você acha mesmo que ele pode ser amigo de alguém fazendo isso? — Enrico percebeu e chamou sua atenção — Sinceramente, me cansa saber que você dá atenção para alguém como ele.

O Mistério do Internato (Livro Gay) - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora