A longa caminhada pela floresta foi intensa. Eles não poderiam de jeito nenhum se perderem da faísca de brilho amarelo, que os guia pela escuridão. Toda a caminhada serviu para chegar até uma grande árvore negra, sem folhas e com grandes galhos que chegam a se arrastar pelo chão. No seu tronco há uma espécie de boca, e ao redor existem dentes. Em seu interior está o velho livro e o medalhão sobre ele.
— É isto... — Enrico olhou para ele.
A faísca foi vista entrando no interior e se apagou. Uma leve brisa foi sentida e cessou.
— Acho que devemos pegar... — Marcos caminhou por entre os galhos e todas as folhas secas caídas no chão.
— E se for uma armadilha? — Enrico segurou seu braço, impedindo-o de prosseguir.
— Creio que não... — Ele continuou caminhando e se posicionou bem a frente.
Um barulho foi ouvido, enquanto todos os galhos da árvore se mexiam, formando uma espécie de cela, prendendo-o ali. A boca da árvore foi se fechando e os dois se desesperam.
— Eu te disse! — Enrico disse irritado — Era uma armadilha — Gritou.
— Socorro — Marcos gritou.
— Se quer o livro e o medalhão, o motivo me dirá — Uma grave voz foi ouvida.
— Quem está aí? — Enrico gritou.
— Eu sinto bravura..., mas o seu medo ainda é grande... — A grave voz diz.
— O que você quer? — Marcos diz amedrontado ao cair no chão em prantos.
— Me diga o motivo de querer o livro e o medalhão — A voz saiu ainda mais grave.
— Para destruir e libertar todas as almas... — Responde trêmulo.
— Prove!
— Como!? — Ele se arrependeu de ter perguntado isso.
— Para libertar todos, você tem de sacrificar o seu bem mais precioso... — A voz saiu seguida de um forte vento, que espalhou todas as folhas e fez os dois jovens tremerem na base.
Marcos pensou bastante e não conseguia pensar em nada ao que poderia ser referido.
— O meu bem mais preciso...? mas o meu bem mais preciso é a minha vida... — Ele diz olhando para o chão.
— Sim... — A voz saiu como um sussurro.
— Não! — Enrico gritou, se debatendo do outro lado.
Os galhos da árvore formaram uma espécie de prisão, onde separou Marcos de Enrico. Ele está de frente para a parte onde a boca da árvore estava aberta.
— A minha vida... — Marcos sussurrou — Se for assim... — Ele fechou os olhos e se levantou.
— Você não pode fazer isso? — Enrico gritou ao se agarrar aos galhos e tentou separar um do outro, mas de nada lhe adiantou.
— Se isso servir para salvar todos, eu estou disposto a fazer... — Ele ainda se mantém de olhos fechados e respira fundo.
Um longo e frígido galho começou a deslizar pelo chão cheio de folhas. Enrico notou a movimentação e começou a se desesperar. Marcos sentiu-o subindo pela sua perna, passando pela sua coxa, enroscando-se em sua barriga... passando pelo seu peito e se envolvendo em seu pescoço. O jovem sentiu uma leve pressão e abriu os olhos desesperado.
— Conte até três e seus olhos irão se fechar para sempre — A greve ecoou por toda a floresta.
— Por favor, não! — Enrico gritou.
Marcos fechou os olhos e contou um... sua vida começou a passar pela sua mente como um flash... dois... fechou ainda mais os seus olhos... três... sentiu o galho da árvore se afrouxando e saindo de seu corpo. Enrico que havia fechado os olhos em desespero para não o ver morrer, abriu-os e o viu sem nenhum arranhão.
— Mas... — Marcos tocou o seu pescoço, tentando checar se estava tudo realmente bem.
— Um homem corajoso de verdade doa a sua vida para ajudar outros, mesmo que estes não estejam em plano terreno — A voz diz um pouco mais amena — O livro e o medalhão são seus... — A cavidade começa a se abrir, logo Marcos consegue segurar o velho livro e o medalhão.
— Obrigado — Marcos sorri contente, mesmo ainda com certo medo.
Enrico vai até ele e o beija como se fosse o último beijo de suas vidas. Um beijo tão intenso que fez a própria árvore tremer.
— Nunca mais faça isso — Ele sussurra ao se separarem.
— Vocês precisarão dessa lâmina — Eles ouvem quando algo agudo cai dentro da cavidade da árvore e Marcos logo se recorda de que precisará de sangue — Vão até o meu galho mais comprido e quebrem-no, vocês precisarão de madeira — A voz cessa.
Enrico mais que rapidamente sai procurando o galho mais longo, enquanto Marcos pega a lâmina dentro da árvore, tomando cuidado para não se cortar. Ele consegue tomar tempo o suficiente para vagar por entre as páginas do velho livro e vê cenas peculiares, como a de dois rapazes sendo queimados vivos em uma fogueira, isso instintivamente o faz fechar os olhos e o livro com tal força que ecoou por toda a floresta.
— Consegui! — Enrico diz contente ao ter quebrado o galho e erguido, mostrando a Marcos.
Os dois se aproximaram e quando olharam para trás, viram a árvore se desfazendo em cinzas.
— Isso foi muito louco! — Enrico fala ao colocar a mão no peito.
— Eu vi uma imagem de dois garotos sendo queimados em uma fogueira... aqui dentro do livro... — Marcos fala com certo medo.
— Deve ser algo aleatório... — Enrico diz tentando acalmar — Sem sentido...
— Sério que você vai dizer isso depois de tudo o que passamos? — Marcos olha para ele incrédulo.
— Estressadinho — Enrico brinca e lhe dá um beijo.
— E agora...? — Ele respira fundo.
— Vamos voltar para lá... ainda estamos no prazo, já que tudo acaba na vida do ano e ainda estamos no final de setembro — Enrico responde.
Marcos olha bem atentamente para a surrada capa do livro. Depois olha o medalhão que parece ser de ouro, no meio existe um rubi azul. Ele o abre e o vê vazio.
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O Mistério do Internato (Livro Gay) - Completa
Science FictionMarcos muda-se para um internato por conta própria, em virtude de ser gay. Ao mesmo instante que conhece Enrico - diferente de todos os garotos que existem dentro do ISM. Ele se depara com acontecimentos peculiares. Nada ali é normal. De momento sur...