Capítulo IV - Uma noite sem fim

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No leito de sua cama, ele ainda está de olhos fechados. O suor desce de sua testa indo até o pescoço. A enfermeira já lhe deu um remédio para aliviar qualquer mal-estar. Enrico estava ao seu lado, mas precisou sair para encontrar-se com Tiago, ele quer pôr em ordem tudo o que aconteceu, mas sem chamar a atenção para uma nova briga. O diretor foi bem claro da última vez. Se ambos arrumassem confusão, iriam para a solitária durante um período de tempo indeterminado.

É fatídico dizer que o treino da manhã deixou Marcos em um alto grau de cansaço, levando em consideração o tempo ao qual não fazia exercícios.

A enfermaria é ampla, há vários leitos, sem haver separação entre eles, a não ser uma espécie de ''cortina''. Este é o único espaço em que as paredes estão limpas e sem mofo. Perto da porta há uma espécie de secretária (recém-contratada), que se prontifica a registrar cada um que entra e sai dali. O ambiente em si é um pouco frio, mas o lençol o deixa aquecido o suficiente para não morrer de frio.

A sua cama é a última do lado esquerdo.

Em sua mente vinham os momentos de discussão com seus pais, nada mais importava se não pensar nisso.

Por azar ou sorte, Enrico não encontrou Tiago, em nenhuma parte do internato. A poucos instantes depois de Enrico ter deixado a companhia de Marcos, Tiago entrou na enfermaria, pois estava passando mal e a enfermeira o colocou duas camas distante de Marcos.

Para o jovem, o garoto que o olhara mal, queria lhe matar, apenas talvez uma ilusão da sua cabeça. De uma certa maneira ele pode ter tido pensamentos banais quanto a vida em um lugar assim... em partes, tudo pode estar, mas no geral, nada será como sempre é pensado.

Ele foi trazido por um amigo, que o deitou na cama, logo a enfermeira Suzete o atendeu e exigiu que ele ficasse lá para melhorar, assim como Marcos. Tiago havia jogado futebol por muito tempo seguido e sem descanso, apenas para se exibir para os novatos e isso implicou em um cansaço extremo. O que não fazer para trazer toda a atenção para si!? Mesmo que lhe custe algo...

Tudo agora está escuro e só se ouve os seus próprios passos. A euforia de seu sufoco e medo é sentido a longas distâncias. Tentando fugir de algo que ainda não sabe o que pode ser, mas apenas sabe-se que é algo diferente de tudo o que viu o já ouviu falar. Ele realmente não sabe o que é.

Marcos ouvira um grito e em meio a escuridão começou a correr sem direção e sem um rumo certo para ir. Nunca sonhara com algo parecido.

Não fuja de mim — Uma voz gritou, um tom infantil e melancólico — Você não pode fugir de mim — Gritou novamente, o desespero pode ser sentido por Marcos, que a cada passo, sua ainda mais — Eu esperei muito por isso — Continuou a dizer em súplica — Você não pode — Ao dizer as últimas palavras, um clarão tomou de conta, assustando Marcos e fazendo-o acordar.

O grande relógio no final da enfermaria - bem pertinho de sua cama - marca exatamente três horas da manhã. Ele se revira na cama, seus olhos abertos e sem poder ao menos fechá-los para dormir - algo estranho ainda o aflige. Há um certo tempo atrás, ele havia sonhado com algo parecido, mas não tão intenso. Ele está suado, o suor em sua testa é visível; sua respiração um pouco ofegante. Ele leva a mão até a testa e enxuga um pouco do suor; respira ainda mais fundo, em um gesto para se acalmar.

Ele se senta na cama, está cansado de ter sonhado. Um sonho estranho e ao mesmo tempo perturbador. Ele nunca sonhara com alguém lhe perseguindo de forma involuntária. Nada consegue lhe explicar de fato o que aconteceu.

Seus olhos percorreram a enfermaria, agora ainda mais frígida, peculiar e estranha. Em um rápido olhar, ele se depara Tiago, que está deitado de lado, olhando para Marcos.

O Mistério do Internato (Livro Gay) - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora