Assim que a palavra "amigos" saiu da boca de Theodore, senti meu coração pular uma batida, mas não de um jeito bom.
Claro, eu gostava de não ser mais considerada como uma simples estranha por ele, mas, às vezes, sentia que, talvez, eu queria mais.
Desde o primeiro dia em que passamos a tarde na quadra eu vinha sentindo um certo nervosismo ao ficar muito próxima de Theodore, ou sempre que ele me elogiava.
Me virei de costas para ele e me permiti vagar pelos muitos pensamentos que estavam passando pela minha cabeça naquele momento. Depois de um tempo comecei a sentir meus olhos pesarem e adormeci.
No meio da noite senti Theodore se aproximando de mim e jogando um braço por cima da minha cintura, puxando minhas costas contra seu peitoral e afundando o rosto no meu cabelo, ainda dormindo.
É, pelos menos nós éramos amigos!
***
De manhã, acordei sentindo Theodore fazer carinho no meu rosto com a ponta dos dedos e, ao abrir os meus olhos, o encontrei me encarando. Escondi meu rosto no seu peito para não o deixar perceber que eu estava corando sob o seu olhar.
- Bom dia, linda! – Ele disse com uma risadinha, fazendo carinho nas minhas costas.
- Bom dia! – Eu respondi, meio surpresa com o uso do apelido.
- O que acha de jogarmos basquete hoje? – Ele sugeriu, ainda acariciando as minhas costas.
Eu concordei com a cabeça, resmungando um "uhumm", enquanto voltava a fechar os olhos, aproveitando o carinho que estava recebendo.
Depois de um tempo, nós levantamos da cama, trocamos os nossos pijamas por uma roupa confortável, para jogarmos basquete, e descemos a escada em direção da cozinha para tomar café da manhã.
- Bom dia, Dayana! Bom dia, Teddy! – O pai de Theodore disse para nós assim que nos viu chegando no cômodo.
- Bom dia! – Eu e meu namorado respondemos em coro.
Tomamos todos o café da manhã em silêncio, já que a mãe de Theodore ainda estava um pouco brava por ele ter chego, na noite anterior, com cortes no rosto, por causa da briga com Wayne.
Quando estávamos saindo de casa, em direção a quadra, Mary perguntou:
- Onde vão?
- Vamos jogar basquete, mãe. – Theodore respondeu um pouco seco para a mãe.
- Voltem para o almoço! – Ela disse, assim que passamos pela porta e a fechamos.
O caminho até a quadra foi silencioso, apenas o barulho dos nossos sapatos contra o chão era ouvido, e ele foi o caminho inteiro de cabeça baixa.
Chegamos na quadra e ele apenas começou a jogar a bola repetidamente na cesta, sem dizer uma palavra.
- Ei! – Eu disse, colocando uma mão em seu ombro para chamar sua atenção – 'Tá' tudo bem?
- É, só... não gosto de ficar brigado com a minha mãe. E eu sinto que fui muito grosso com ela ontem. – Ele disse, se virando para mim, com um olhar triste.
- Você só estava nervoso. Com certeza, ela entendeu o porquê de você ter agido daquele jeito. – Eu disse, dando um aperto em seu ombro para tranquilizá-lo.
- Uhumm. – Ele resmungou, concordando com a cabeça, enquanto virava o corpo de volta para cesta e atirava a bola, que estava na sua mão, no aro, a fazendo passar direto pela rede.
Theodore pegou a bola de volta e começamos a jogar, assim como combinado, enquanto ouvíamos algumas músicas que tocavam no celular dele.
Estávamos iniciando outra partida, quando uma voz fininha chamou a nossa atenção. Nos viramos e encontramos uma menina da minha idade, mais ou menos, nos olhando com um sorriso, que parecia meio forçado.
- Oi, ummm, eu sou nova aqui no campus, me mudei para um prédio aqui perto e eu queria conhecer alguns dos alunos daqui. Meu nome é Layla! – Ela disse enquanto enrolava uma mecha do seu cabelo loiro escuro no dedo, estendendo uma mão para cumprimentar Theodore.
- Oi, eu sou o Teddy, e essa é a minha namorada, Dayana. – Ele disse, cumprimentando a garota.
- Ah, tem namorada! – Ela sussurrou para si mesma, mas eu consegui escutar.
- Prazer! – Eu disse com um sorriso, acenando para ela.
- Humm. – Ela resmungou com um sorriso forçado, me olhando de cima a baixo tentando disfarçar a cara de nojo. Palavra-chave: tentando – Então, vi que você estava jogando basquete. Você gosta?
- Uhumm, eu jogo no time da universidade. – Ele respondeu, sem perceber a mudança de voz que ela teve ao falar com ele.
- Ummm, jogador! Devia ter imaginado. Um bom treinador não deixaria um garoto com o seu físico escapar! – Ela disse, rindo, extremamente alto, apertando os bíceps de Theodore ao falar do seu "físico".
- Ah, obrigado! – Ele respondeu com uma risada tímida.
Segurei minha vontade de bufar e revirar os olhos pelas ações da garota, se oferecendo para Theodore, descaradamente, enquanto ele agia feito um idiota, achando que ela estava sendo apenas "legal".
Homens são idiotas, às vezes!
Depois de um tempo, Layla decidiu voltar para o apartamento dela, me deixando sozinha com Theodore.
Eu, provavelmente, não consegui disfarçar muito bem o meu ciúme, já que, assim que ele se virou para mim, começou a rir.
- Posso saber o motivo do biquinho, hein, dona emburrada? – Ele disse entre risadas.
- Eu não 'tô' emburrada. Vamos voltar a jogar? – Eu disse um tanto quanto seca, vendo toda a diversão se dissipar do seu rosto.
- Ei, o que aconteceu? Eu falei alguma coisa de errado? – Ele disse, se aproximando de mim, enquanto seu rosto se contorcia em preocupação.
- Não aconteceu nada, e você não falou nada de errado, só quero voltar a jogar, vamos?
Ele concordou, um pouco hesitante, e voltamos a jogar.
Estávamos jogando em silêncio, até que, em um momento, fui jogar a bola na cesta, mas Theodore entrou na minha frente, me impedindo, ficando muito perto de mim.
Ele começou a falar, enquanto tocava "Talk too much" do COIN ao fundo:
- Olha, eu sei que você 'tá' brava comigo, mas eu não sei o porquê, e isso 'tá' me incomodando. Odeio te ver assim e, ainda por cima, saber que, provavelmente, eu sou o motivo. Eu juro que, se eu fiz alguma coisa que te incomodou, eu não fiz de propósito, mas por favor conversa comigo. – Ele disse, colocando as mãos nos meus braços – 'Vamo', Day! O que eu posso fazer para esse biquinho se desmanchar, hein? Eu... eu não queria te magoar com nada, prometo. Calma! Foi por causa da Layla? Porque, se foi, me desculpa, mas eu não...
Eu o interrompi com um beijo!
Ha! Pois é! Eu o beijei!
Ele estava falando enlouquecidamente, e, a cada segundo, os nossos rostos se aproximavam mais, ficando difícil de me concentrar nas palavras que saiam de sua boca.
Assim que os nossos lábios se tocaram, senti seu corpo ficar um pouco tenso, mas relaxando logo em seguida, e, antes de eu fechar meus olhos para aproveitar a sensação de sua boca macia contra a minha, vi seus olhos se arregalarem com surpresa.
No beijo tinha ciúmes, preocupação, carinho, calma e tudo aquilo que não tínhamos coragem de dizer um para o outro.
Depois de um tempo nos afastamos pela falta de ar, e, assim que olhei nos seus olhos azuis me fitando com curiosidade e surpresa, e vi sua boca vermelha por causa do beijo, me arrependi de ter feito o que fiz.
E se ficar estranho? E se ele realmente só me enxergar como sua amiga? Todos esses pensamentos rodeavam a minha cabeça e fiz a única coisa que considerei sensata no momento.
- Desculpa. 'Vamo' só fingir que isso nunca aconteceu, ok? – Eu disse, enquanto caminhava de costas em direção ao nosso apartamento, o deixando para trás (novamente), paralisado e com uma expressão de surpresa no rosto.
Por que eu sempre tenho que fugir? E que mané fingir que isso nada aconteceu? Eu quero saber se ele gostou do beijo!
Ah, esquece, iria ser melhor assim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O jogo do amor
Romance"Quer namorar comigo?" Essas foram as palavras que iniciaram a primeira conversa deles. Dayana e Teddy estudam na mesma faculdade, mas nunca tiveram uma interação. Até que um dia Teddy faz um pedido inusitado para Dayana. A proposta era fingir um na...