Capítulo 27: Teddy

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Já haviam se passado algumas semanas desde a minha briga com Dayana, e eu não aguentava mais acordar no meio da noite com pesadelos dela dizendo que tudo que ela passou comigo tinha sido um erro, ou às vezes era apenas ela chorando e eu sem conseguir fazer nada para confortá-la.

Eu já tinha feito as pazes com os meninos do basquete, até mesmo com Tom, embora, algumas vezes, parecia que ele iria me dar outro soco na cara, e Layla continuava atrás de mim, embora, às vezes, eu a dispensava grosseiramente.

Ainda doía ver Dayana nos corredores, no refeitório, ou nas salas de aula. Eu sentia falta dela, sentia falta de dormir abraçado com ela, sentia falta das conversas que tínhamos antes de dormir, sentia falta de ouvir a risada dela, e, muitas vezes, sentia falta do cheiro do cabelo dela.

Já tinha decidido que teria que conversar com ela, mas não sabia como e muito menos o que dizer. Queria pedir desculpas e, talvez, caso ela aceitasse, queria pedir uma segunda chance, mas como eu faria isso?

Naquele dia, de tarde, tínhamos treino do time de basquete com o novo jogador, Henry, um garoto alto, com o cabelo loiro escuro, os olhos azuis bem claros, quase cinza. Ele era bem legal, mas um pouco tímido.

Estávamos todos na quadra, esperando o treinador Archer, quando a porta foi aberta e barulhos de salto batendo no chão ecoou pelo lugar. Olhamos na direção que os barulhos vinham e vimos Layla indo em direção as arquibancadas.

Ela se sentou nos lugares do meio, tendo uma distância da quadra até ela, mas era possível vê-la com nitidez, assim como ela conseguia nos ver com nitidez, e começou a passar uma espécie de gloss nos lábios, se vendo em um espelhinho de bolso.

Ficamos todos olhando para ela, perplexos, sem entender o que ela estava fazendo lá, já que ela nunca tinha ido assistir aos treinos.

Quando ela terminou de retocar a maquiagem, Layla guardou o espelho na bolsa que ela carregava, colocou na cadeira ao seu lado e olhou na direção da quadra, onde todos os garotos continuavam a encarando.

- Oi, Theo! Vim ver o seu treino, espero que não tenha problema. – Ela disse, assim que fez contato visual comigo.

Achei estranho já que, enquanto escaneava a quadra, e via todos os meninos a olhando, ela lançava olhares de desprezo e raiva para todos, mas assim que pousou seu olhar em mim um sorriso enorme e brilhante apareceu no seu rosto.

- Ok! – Eu disse a ela, balançando a cabeça, confuso e me virando de costas para ela, ficando de frente para os garotos do time.

Ficamos nos aquecendo até que o treinador chegou e começou a dar algumas ordens para a gente, assim como em todos os treinos do time que tínhamos.

Como sempre, nos separamos pelo time sem camisa e com camisa. O time sem camisa era eu, Henry, Dylan, James e Jonathan. Já o time com camisa era Tom, Anthony, Max, Bryan e Connor.

Ao final do jogo, estávamos todos conversando na quadra, quando os barulhos de salto se iniciaram novamente e, logo em seguida, senti uma mão gelada no meu ombro.

- Parabéns, Theo! Você jogou muito bem. – Layla disse, assim que me virei de frente para ela, me abraçando com os braços no meu pescoço.

- Umm, obrigado! – Eu disse, a abraçando de volta com certa relutância.

Já faziam alguns dias que Layla vinha me irritando, e eu havia percebido alguns comportamentos meio estranhos, como a mudança de humor repentina dela assim que me via, ou o fato de ela sempre querer estar me tocando.

Assim que ela se afastou de mim, senti seus lábios encostando na minha bochecha em um beijo estalado.

- Umm, estava pensando se, por acaso, você gostaria de, sei lá, comer uma pizza ou tomar um sorvete comigo. – Ela disse, enrolando uma mecha do cabelo no dedo indicador, me olhado através dos cílios.

- Na verdade, eu e os meninos estávamos pensando em passar em uma lanchonete, sabe, só os garotos do basquete? – Eu disse, com uma leve irritação na voz ao perceber que ela havia fechado a cara assim que falei "eu e os meninos".

- Sério que você vai preferir sair com eles a sair comigo, Theo? – Ela disse, apontando para os meninos com um certo desprezo na voz que me irritou o suficiente para ter que parar por um ou dois segundos para respirar fundo.

- Umm, licença, loirinha chata. Me desculpa te interromper, mas não sei se percebeu, ter que escolher entre você e nós, não é uma decisão difícil para o Teddy, não Theo, minha linda! – Tom disse, com irritação na voz, forçando uma voz irritante ao falar "Theo", imitando Layla, e falando "minha linda" com 100% de sarcasmo.

- Theo, você vai deixar ele falar assim comigo? – Ela disse, fazendo uma voz manhosa e irritante enquanto falava comigo.

Escutei todos os garotos do basquete bufarem assim que Layla terminou de falar, e quando me virei para eles, vi que todos estavam indo em direção ao vestiário.

- Boa sorte com essa aí, capitão! – Henry disse no meu ouvido quando passou por mim, mas falando alto o suficiente para todo mundo ouvir.

Quando percebi que estava sozinho com Layla na quadra, respirei fundo, olhei no fundo dos olhos dela e disse:

- Olha, Layla, não se você percebeu, mas você 'tá' incomodando todos os garotos, inclusive eu. Você sempre faz essa cara de desprezo para eles e sempre força essa personalidade "doce" comigo. – Eu disse, com a voz cansada e irritada, fazendo aspas com os dedos – Eu não quero que você me procure mais e, sinceramente, quero que você mantenha distância de mim e dos meus amigos.

Assim que terminei de falar tudo, saí andando em direção ao vestiário, ouvindo Layla gritar no meio da quadra:

- VOCÊ VAI SE ARREPENDER DISSO, THEODORE!

Levantei o polegar, na direção dela, em sinal de "ok" e fui embora.

Não aguentava mais ela.

***

Já haviam passado alguns dias desde que havia brigado com Layla, e, desde então, ela não dirigia mais nenhuma palavra a mim, o que era bom, já que eu não conseguiria aguentar mais um dia sequer na companhia dela.

Ainda não tinha conseguido pensar em alguma forma de conversar com Dayana, e, embora não havia sido o meu primeiro plano, até aquele ponto tinha decidido que queria fazer algo extraordinário para me desculpar com ela e me declarar. Sim, clichê, mas era o que eu queria, um movimento extraordinário e clichê.

Eu e os meninos do basquete estávamos almoçando no refeitório, conversando sobre algumas coisas até que começaram a falar sobre o próximo jogo que iríamos jogar.

- Eu 'tô' nervoso! É a final das regionais! Depois disso, se vencermos, estamos nas nacionais e depois disso só melhora. – Comentou Henry, animado com o jogo daquele final de semana.

- Com certeza, é um jogo muito importante para nós e para a faculdade inteira! – Anthony disse, enquanto jogava algum jogo de cartas com Connor.

Embora fosse uma frase comum, que era dita várias vezes entre nós, aquilo simplesmente fez uma luzinha se acender na minha cabeça, e, naquele exato momento, tive uma ideia de como iria pedir desculpas para Dayana.

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