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𝖣𝖤𝖭𝖵𝖤𝖱
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𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘

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𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘

SENTO-ME EMBAIXO DA ARQUIBANCADA e fico por ali mesmo. Ficar assim deixa-me em estado de transe, graças ao silêncio que há no local que é explicitamente proibida a entrada, mas Vance me ensinou um jeito de entrar sem ser vista e normalmente é aqui que conversamos sobre qualquer coisa que vêm em nossa mente.

— Faz mais sentido... — respondo o menino comendo o sanduíche que ele havia me entregado — Sério, Vance, como você é o mais temido da escola? Tipo, você é tão... Amorzinho, sabe? — pergunto rindo e o mesmo revira os olhos.

— Olha aqui, se você falar isso para alguém... Eu te quebro na porrada — fala sério e eu o olho assustada, mas logo sua expressão se suaviza e um sorriso aparece em seu rosto — É brincadeira.

Solto o ar que nem sabia que guardava e começo a ri junto ao loiro. Vance tinha um humor pesado e que sempre fazia você questionar-se se poderia rir ou não das piadas feitas por ele, ao longo dos dois anos que fiquei junto ao menino, me fiz essa pergunta várias vezes.

— Enfim, quando aquela mulher vai te deixar sair? — pergunta referindo-se a conselheira, limpando a sua camisa branca que havia sujado com as migalhas, e logo depois olha para mim. Suspiro fundo e encaro o chão tediosa.

— Ela disse que esse seria meu último ano e depois eu faço o que quiser da minha vida — falo e o mesmo comemora.

— Seu primeiro gole de cerveja vai ser comigo! — diz e acabo rindo do loiro lembrando a ele que ainda tinha somente 13 anos, assim como ele — Foda-se?

O intervalo bate e tentamos sair do lugar, mas antes o destino resolveu pregar a peça da diretora entrar na quadra. O menino puxa-me novamente enquanto observamos as luzes iluminarem o local.

— O que acha? — pergunta a mulher para o homem ao seu lado, suponho que seja um mecânico por causa das suas vestes.

— É, talvez demore alguns dias, mas vamos consertar — diz o homem com um sotaque puxado, mas não sei de qual região do país.

Os adultos passam perto da arquibancada que eu e Vance estamos, mas não viram a gente e logo vão embora. Saímos da onde estávamos escondidos rindo e caminhamos em direção a nossas salas.

— Achei que iria morar no intervalo — fala o homem encarando-me.

— Estava na conselheira — minto e vejo o mesmo baixar o seu olhar, logo mandando-me em um tom ameno ir me sentar na minha carteira.

Vejo o mexicano que conversei há poucos dias sentado ao meu lado. O mesmo parece estar concentrado em rabiscar desenhos na mesa, ele tem um talento incrível para isso e suponho que se diverte no processo, por causa dos pequenos risos que escapam dos seus lábios.

Uma vez ou outra ele falava sobre a ideia que tinha sobre o desenho, não comigo, mas com seu artista interior. Ele fazia o desenho torna-se tão real, tão humano; usando apenas palavras. Sinto-me sortuda por poder acompanhar esse show de perto.

O moreno aos poucos volta para a realidade em que estamos e encara-me surpreso, pedindo desculpas e quase apaga a obra de arte que havia feito na mesa, mas impeço o mesmo e acabamos rindo.

— Aonde aprendeu a desenhar? — pergunto ao mesmo intrigada enquanto o moreno guarda seu lápis.

— Aprendi sozinho; aprendo tudo sozinho — fala convencido e sorrindo de canto, mas logo foca a sua atenção na aula que acontecia.

— É um tipo de gênio ou algo assim? — insinuo e o mesmo ri negando.

— Meu tio não financia meus hobbies, então... Acabo aprendendo por conta própria — diz e eu o olho desconfiada — É um jeito elegante de dizer que eu sou pobre.

Falho na tentativa de segurar o riso e baixo minha cabeça para não chamar tanta atenção, mas consigo ouvir as risadas do moreno que não parece se importar se vai ou não chamar a atenção dos professores e colegas.

Levanto minha cabeça e encaro o menino que regula a sua respiração, mas somos chamados a atenção pelo homem que escreve algo na lousa. O moreno desculpa-se e olha para mim sorrindo de canto.

— Vou por a culpa em você — fala o menino e reviro meus olhos.

— Você deveria é prestar atenção na aula, isso sim — digo e começo a copiar o que estava no quadro.

Em pequenos momentos o menino falava alguma coisa engraçada ou perturbava o professor com bolinhas de papel, a turma ria das suas piadinhas e das ameaças feitas pelo professor para o mexicano, e outras vezes, seus colegas riam da resposta do menino ao seu professor.

Percebi que aulas com o mexicano eram sempre mais agitadas, pois a maioria dos meus horários caíram com o do menino, que insistiu levar-me para conhecer seu amigo no final de todas as aulas.

— Finney Blake, mas você pode me chamar apenas de Finn — o loiro apresenta-se e estende sua mão.

— S/n S/s — digo para o mesmo retribuindo o gesto.

— Suponho que não seja daqui — fala o menino e na mesma hora encaro Robin, que sorria de canto e também me encarou como a última vez que conversamos na sala.

O mesmo havia comentado sobre o meu sobrenome por causa da chamada do professor para liberar a turma, acabei dizendo que o sobrenome dele era um pouco difícil de pronunciar e às vezes eu embolava a minha língua, ele falou que o meu também era muito diferente, e isso acarretou em uma pequena discussão divertida, mas logo esquecemos disso. Acho que ele pode ter combinado com seu amigo; ou ele é algum tipo de vidente poderoso.

Finney tinha dito que já acabou as nossas aulas daquele dia e lembra ao seu amigo de estudar um pouco mais, Robin concorda com o loiro e antes de se despedir, faz uma careta para perturbar o amigo que corre atrás do mexicano... Esses dois; aposto que não sobreviveriam um sem o outro.

━━━━━━ 𑁍 ━━━━━━

𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 | ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora