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𝖣𝖤𝖭𝖵𝖤𝖱
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𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘

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𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘

OS CARTAZES ESPALHADOS PELA ESCOLA estampam o rosto do mexicano, contendo suas informações básicas e um número para entrar em contato com a sua família. Desde o anúncio de seu desaparecimento, não se fala de outra coisa na escola, já que agora, não era apenas um "valentão" desaparecido, são dois, Vance Hopper e Robin Arellano. Isso preocupa alguns alunos.

Caminho em direção a Finn que encara um cartaz preso na grade.

— Oi — cumprimento. O loiro não retribui o gesto, apenas me encara. Seus olhos estão avermelhados ao redor, sua olheira está mais aparente que o normal e seus lábios superiores tremem.

— Ele não vai voltar, S/n... Nunca mais — diz.

Ouvir isso dói, ainda mais de um amigo tão próximo. Finn, não é a pessoa mais otimista do mundo, mas também não é esse pessimista que está demonstrando ser nesse exato momento.

— Não fale isso... Ele é forte e pode sair do lugar que está preso; possa ser que ele só esteja perdido na floresta também, já que o Drive-In é próxima a ela.

— Queria ver as coisas assim — admite, sorrindo levemente.

— Não queira... Eu estou em estado de negação, na verdade — tento fazer uma piada, sem a esperança que ela fosse funcionar, mas felizmente funcionou — Eu vou pegar meus livros agora, vai comigo? — pergunto.

-— Não, eu vou ficar só mais um pouco aqui fora — ele responde e assinto.

Eu não precisava pegar meus livros, aquilo não foi nada além de uma desculpa ridícula para sair dali. Eu não quero ver o rosto do menino em um cartaz com a palavra "desaparecido" em destaque, sinceramente, é a última coisa que preciso agora.

Talvez eu esteja em um estado profundo de negação, mas a verdade é que já perdi muita coisa e muitas pessoas importantes em minha vida. Perder o mexicano seria como um golpe final, um lembrete de que minha vida é patética e desgraçada.

Sento-me na cadeira e baixo a cabeça, sem vontade de socializar com os outros. Estava concentrada em não fazer nada, até que um menino entra na sala aos berros, chamando minha atenção.

— Claro que aquele mexicano ia desaparecer, isso estava óbvio — Moose diz convicto; levanto minha cabeça para acompanhar o mesmo até sua cadeira junto com os seus amigos.

— Mano, não fala assim, é pesado demais.

— O quê? Que é bem feito ele ter sido sequestrado? Que vai ser bem feito se encontrarem o corpo dele ensaguentado estirado no chão? Que é bem feito para aquele tio dele que resolveu trazer o mexicano para cá? — brinca.

A cada palavra que saía da boca do menino me deixava furiosa. Sentia meu sangue ferver e uma fúria se instalar em meu peito, a vontade de esmurrar a cara do garoto crescia cada vez mais. Ele parecia não perceber o quão ofensivas eram suas palavras, mas eu também não estava percebendo o quão próximo estava de explodir em raiva.

Por impulso, levanto da minha cadeira bruscamente e isso chama atenção de toda sala que rapidamente laçam seus olhares em minha direção. Respiro fundo e tento sair do espaço sem prestar atenção no que o menino fala, mas acabo não conseguindo porque ele resolveu abrir mais uma vez o esgosto que ele chama de boca.

— Isso que acontece quando você tenta mexer comigo, você é sequestrado — gaba-se.

— Moose! — chamo o mesmo — Não acha que já chega de ficar falando merda, não? — pergunto ao menino, que surpreendentemente se sentiu ofendido. Com toda a certeza, ele não aguentaria passar dois segundos sendo xingado pela minha irmã, ele ficaria em um estado de tristeza profunda.

— Como é?

— É isso mesmo! Você não acha que para um serzinho tão irrelevante, você não está falando demais não? — pergunto, e consigo identificar um leve tom de superioridade na minha voz. Aos poucos, me aproximo.

— Olha só, a amiguinha do Arellano sabe falar aparentemente, e ela sabe ofender também — provoca.

Eu estou perto o suficiente para dar um soco em seu rosto e ver o sangue escorrer pela sua face, posso tornar sua aparência desconhecida até para os seus pais, com todo o ódio acumulado e reprimido que estou sentindo, poderia ser tentador seguir esse impulso... Mas, eu não posso fazer isso, eu não conseguiria fazer isso, eu não sei lutar, não tenho força para bater nele e muito menos técnica. Eu sou uma inútil, não posso comprar briga com ele; mas agora não tem como eu voltar atrás. Céus, o que eu faço agora?

Aos poucos, a fúria que sentia se tornava uma imensa bola de desespero e ansiedade crescente; minha respiração está acelerada, muito acelerada; minhas mãos estão suando e eu consigo sentir isso.

— O gato comeu a sua língua pirralha? Não tava cheia de marra brasileirinha?

Coloco as mãos no meu bolso em busca da sensação que estou no controle de alguma coisa, mas acabo encontrando um lápis ali, um que está com a ponta afiada e que facilmente, com a força certa, furaria o braço de alguém. Olho para Moose e me aproximo mais ainda do menino que está sentado na mesa.

Posso ameaçar ele com isso, assim ele não poderia me bater. Eu espero.

— Não quero ouvir mais o nome do Robin pela sua boca, entendeu? — pergunto e ele gargalha.

— Vai ouvir pela aonde? Pelos cartazes? — zomba.

Aquilo doeu de forma indescritível, mas também foi a gota d'água para eu chegar ao meu limite e ter coragem de fazer o que eu queria. Pego o lápis e furo a calça que ele usava, assim, perfuro a coxa do mesmo que grita de dor enquanto seus amigos apenas olham abismados a situação.

— PARA SUA MALUCA! PARA! — grita quando pressiono com mais força o objeto.

Não posso descrever a satisfação que senti naquele momento, mas sei que futuramente irei me encrencar por causa disso.

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𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 | ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora