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𝗥𝗢𝗕𝗜𝗡 𝗔𝗥𝗘𝗟𝗟𝗔𝗡𝗢

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𝗥𝗢𝗕𝗜𝗡 𝗔𝗥𝗘𝗟𝗟𝗔𝗡𝗢

SRA.MARTA TEM SUAS MÃOS pressionando suas têmporas, respirando fundo enquanto os sinais de estresse aparecem em seu rosto. Camila, sua filha mais velha, está sentada à sua frente, encarando seus pés calçados por um tênis amarelo de cano alto, um pouco sujo também pela correria de hoje.

Camila optou por omitir certas informações, outras não tinha como ela saber porque eu não contei, porém, nada parece tranquilizar a mulher.

— Por que não me contou antes, Camila?! — perguntou a mais velha, alterando seu tom de voz — Por que vocês não me contam nada?! Qual o problema de vocês duas?! — disse, levantando-se.

A mulher parecia segurar as suas lágrimas enquanto se movia pela sala. Há vários questionamentos saindo da sua boca, como por exemplo, o que ela fez de errado para as meninas não confiarem nela ou por que ela não percebeu a situação. Sinceramente, chega a dar pena da mais velha.

— Mãe...

— Calada! — interrompeu — Imagine se uma de vocês fosse sequestrada?! — supôs. Instantaneamente encarei o chão — Era para termos ficado no Brasil.

— Para sermos mortas por aquele assassino? De jeito nenhum!

— Estávamos mais seguras lá do que aqui! — afirmou segurando o choro — Minha pequena... Eu estou tão feliz que está bem — a cada fala, ela se aproximava mais de Camila, logo, a envolveu em um abraço — Por favor, não se meta mais nisso, deixe com a polícia… Por favor, Camila.

A loira suspirou fundo e retribuiu o aperto da mulher, que estava sorrindo aliviada. Era estranho acompanhar esse momento, ver mãe e filha se abraçando por terem descoberto algo e assim, talvez, dessa forma impedir que o pior aconteça.

Isso acabou despertando uma memória adormecida em mim. Lembro-me vagamente quando havia quebrado uma louça, eu ainda morava no México e meu pai ainda não tinha ido para guerra, e a minha mãe tentou fazer de tudo para fazer o prato voltar ao seu estado de antes. Nós dois nos divertimos com aquilo por um tempo, porém não foi tão engraçado quando meu pai chegou do trabalho.

Interrompi a lembrança, me focando em Camila que sentou-se no sofá da casa enquanto sua mãe falava no telefone com os policiais.

— Merda — Camila disse, passando pelos canais e não encontrando nada para assistir — Naquele Drive-In, qual o filme que passa hoje? — Perguntou.

— Ele só abre nas quintas e sextas, também finais de semana — falei para a menina que perguntou que dia era hoje — Quarta. Não me diga que não sabe o dia da semana? — sugeri, vendo-a concordar com a minha suposição.

De um jeito ou de outro, Camila irá descobrir que a sua irmã foi sequestrada, não importa se for pelos cartazes ou pela sua certeza existente em seu peito, ela saberá. Então, por qual razão eu deveria ficar calado?

[...]

Meus músculos ainda doem pelos murros de Camila, enquanto minha cabeça gira pelos xingamentos de Gwen direcionados a mim. Finney, que infelizmente teve que vim, não acredita no que acabei de falar e nem o que acabou de ver, ele questiona diversas vezes sobre como foi burro em não ter notado a estranheza que existia entre mim e a garota.

— Qual é o seu problema?! Não consegue manter a porra da sua palavra, pirralho? — gritou a loira, visivelmente irritada — Porra! Você fala uma coisa e age de forma diferente, não consegue seguir o que diz?! — perguntou, segurando-me pela gola da camisa.

— Eu precisava ir até o sequestrador! — falei.

— Cara, você sabe onde ele mora! Você poderia ter ido lá há muito tempo! — Camila rebate, jogando-me no chão — Deus, eu só não te mato nesse momento porque você é o único que sabe onde está a minha irmã, porque caso contrário pode ter certeza que você iria se juntar com a sua mãe lá no céu!

Não disse nada sobre a frase de Camila e como aquilo elevou meu sentimento de culpa, nem comentei sobre o silêncio que ficou após ela, além de ter trazido um sentimento inexplicável de tão triste. Querendo ou não, eu sou uma pessoa justa e eu fiz a irmã dela ser sequestrada, é "justo" ela citar isso, mesmo sendo desagradável.

— Meu tio... ele tem uma arma... uma arma na segunda gaveta do armário dele, ela está num fundo falso — falei com um pouco de dificuldade, enquanto me levanto caminhando em direção ao sofá da minha casa — Ele só chega de manhã, então temos algumas horas.

— Algumas horas? — Finn repete, caminhando em minha direção e entregando ataduras — Não merece, mas toma.

— Valeu — murmurei, começando a enrolar os machucados mais profundos. Camila é uma ótima lutadora, espero que ela invista nessa carreira — Poderíamos ir para casa dele e, sabe, voltar com S/n... — sugeri.

— Agora? — Finn questionou — Você está vendo que horas são Robin?! Ninguém deveria estar na rua nessa hora! — repreendeu.

— Você pode ficar aqui! — falei para o loiro que encarou-me como se estivesse descrevendo um crime hediondo — Eu vou sozinho.

— Para fazer o que? — ouço Camila perguntar — Pegar a sua recompensa? Enganar a minha irmã de novo? Me enganar? Garoto, eu vou te matar! — ameaçou indo para cima de mim novamente, mas foi segurada por Gwen.

— Parem de brigar! — Pede Finn. O garoto tem seus olhos marejados, suas mãos tremem levemente, quase de forma imperceptível — Vamos buscar a S/n, pronto, é isso, fim de papo!

O silêncio se instala imediatamente após Finn ficar quieto. Ficamos alguns segundos calados e esses segundos, particularmente, pareciam durar horas da minha noite.

— Robin e Camila, vocês dois vão atrás da S/n e Gwen e eu vamos tentar falar com a polícia — Finn organiza.

— Eles não acreditaram quando falamos — Gwen disse rapidamente, provavelmente se recordando de uma das suas aventuras com a mais velha entre nós — Por que iriam acreditar agora? — perguntou.

— Por que sabemos onde o sequestrador mora — Camila falou óbvia — Vamos logo, seu argentino de merda! — xingou, caminhando em direção a gaveta e pegando a arma do meu tio.

— Eu sou mexicano!

— Foda-se! — foi a última coisa que ela disse após passar pela porta.

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𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 | ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora