𝖣𝖤𝖭𝖵𝖤𝖱
¹⁹⁷⁸𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘
PELAS ESTRADAS DE DENVER, Robin contava piadas enquanto caminhamos em direção ao Drive-In; minha barriga já estava doendo de tanto rir com o humor do garoto, que consistia em piadas com os personagens de filmes de terror e o dono da loja que, sem querer, ele já foi expulso.
— Eu juro, ele estava exagerando! — comenta e o encaro — Hermosa, não olhe-me assim, yo juro, ele estava exagerando.
— Então, quer dizer que você expulsar clientes dele não é nada demais?
— Eu estava salvando os clientes, quem aquele cara pensa que é para vender "Bonequinha de luxo"? Esse filme é tão velho que me faz revirar os olhos de tédio.
O ódio do mexicano é sincero sobre esse filme, na verdade, ele não gosta de nada que envolva, em suas palavras, melosidade e enrolação. O moreno gosta de ação, lutas, intrigas e coisas que fazem parte dessa mesma caixinha. Eu, particularmente, amo romance e acho que "Bonequinha de luxo" se tornará um clássico.
A rua está deserta e os únicos sons que posso ouvir são as nossas gargalhadas escândalosas. Olho para trás, acabei pegando essa mania com a loira me lembrando sempre de tomar esse cuidado básico, tem um carro marrom encostado na calçada, o motorista dirige lentamente. Sinto meu coração acelerar.
Robin ainda continuava rindo, parou minutos depois após perceber a minha seriedade. Ele me encarou estranho e me perguntou o que estava acontecendo visivelmente confuso.
— Robin... Me responde uma coisa — peço ao garoto. Sentia minha mente implorar para a minha boca se calar naquele momento, mas a coragem e a curiosidade em saber não deixava a minha desconfiança adormecer — Por que todas às vezes, desde que você voltou, aquele carro te segue? — pergunto, olhando diretamente em seus olhos.
Ele me parece surpreso. Robin, olha em direção ao carro e olha novamente para mim, como se quisesse provas que olhamos a mesma rua.
— Hermosa, é apenas um carro comum, vamos embora — diz, mas sua voz não era nem um pouco confiável. O garoto tenta pegar minha mão para irmos em direção contrária do carro, mas solto — Hermosa! — diz baixo, seus olhos intercalam entre mim e o carro.
— Robin Arellano, por que aquele carro fica te seguindo? Robin... — Pergunto novamente. Minha voz saiu como um sussurro, um bolo se formou em minha garganta e já conseguia sentir meus olhos marejando — Não me diga que... Robin, você não fez isso.
Ouço o barulho de motor atrás, mas antes do carro se mover, Robin me abraça e finge gargalhar; fazendo o barulho atrás de nós ir desaparecendo aos poucos. O garoto abraça-me forte e pede para escutá-lo atentamente.
— S/n, preste atenção no que eu vou te dizer agora, eu só peço que confie em mim e não demonstre nenhuma reação suspeita. Apenas isso. — diz e chega mais próximo do meu ouvido — Quando chegarmos naquela encruzilhada que dá ao Drive-In, assim que virarmos a direita haverá uma van preta, ela é do sequestrador e ele quer te pegar. Esse carro marrom é do cúmplice dele e ele está me vigiando. Hermosa, confie em mim, eu preciso que você siga tudo que eu te disser agora.
Robin desfaz o abraço, seus olhos estão molhados, mas ele tem um sorriso no rosto; o que dá a impressão que ele está chorando de tanto rir. Minha respiração está ofegante, não consigo me mover por causa do medo, a minha reação mais instintiva é virar e correr o mais rápido possível para minha casa. O garoto passa seu braço pelo meu ombro e me incentiva a caminhar.
— Nada vai acontecer com você, eu prometo — Robin fala e começamos a andar — Tem uma casa antes da encruzilhada, ela está abandonada. Pelo ângulo que o sequestrador está nos esperando, ele não vai conseguir nos ver. Você irá fingir que se machucou e eu te levarei até lá, vamos entrar e vamos sair pelos fundos. Quando chegarmos em casa, eu vou te explicar tudo, mas, por hora, mi amor, eu preciso que você confie em mim.
Não digo nada, nem olho para o mexicano, apenas continuo andando tentando parecer o mais normal o possível. Robin, também não fala nada, a única coisa que saiu da sua boca foi a descrição detalhada da casa em que parariamos. Quando chegamos próximo a casa, finjo cair e torcer o tornozelo. Aproveitei para chorar, a interpretação poderia ser de dor, mas eram lágrimas de medo e terror.
O clima não é o mesmo, nem o país é o mesmo; mas os flashes da noite em que descobri que o homem que dormia na mesma casa que a minha, na verdade era um assassino em série aparece em minha mente. Ele matava pessoas, ele tinha um padrão para suas vítimas, um padrão que minha família se encaixava mais que perfeitamente. Robin, se oferece como apoio e vamos em direção a residência abandonada.
— Você é bem desastrada, hermosa — fala o garoto enquanto bate à porta; mesmo sabendo que ninguém atenderia. O moreno empurra a porta com o pé, um gesto imperceptível para quem está longe.
Ouço a voz do mesmo perto do meu ouvido por causa da proximidade, ele fingia falar com alguém para tornar toda aquela cena mais real. Olho de relance para o carro marrom, que espera pacientemente sairmos dali, mas não fico tanto tempo encarando o veículo, já que meu foco é a van preta, a que sempre me observa.
O veículo está parado na porta do Drive-In, não havia ninguém do lado de fora e é impossível enxergar alguém por causa da distância. Respiro fundo e sinto a mão do garoto, que está em minha cintura, fazendo sinal para entrarmos na casa.
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𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 | ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒ
Fanfiction𝐌𝐄𝐔 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 ━━ 𝖱𝖮𝖡𝖨𝖭 𝖠𝖱𝖤𝖫𝖫𝖠𝖭𝖮 Em busca de um recomeço após os eventos traumáticos acontecidos no Brasil, uma família acaba adentrando ao Programa de Proteção a Testemunha e muda-se para a pacata cidade de Denver. P...