𝖣𝖤𝖭𝖵𝖤𝖱
¹⁹⁷⁸𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘
CAMINHO EM DIREÇÃO ao portão da escola e sinto a loira puxar-me mais uma vez durante todo o percurso. Queria muito estar exagerando, mas a mesma deve ter me puxado umas três vezes em menos de um minuto durante todo o caminho.
— Não! Eu não vou contar nada para ninguém, e sim! Eu vou dar cobertura para vocês duas! — respondo antes da mesma perguntar — No te preocupes niña.
— Porque está falando em espanhol comigo...? —pergunta encarando-me confusa e explico brevemente, omitindo alguns detalhes, pois sei que a mente da minha irmã pode ser um pouco... Fértil, às vezes.
A loira despede-se de mim e pega Gwen pelo braço, arrastando a menina para longe do seu irmão que que antes conversava. O menino olha em direção assustado e até grita sua irmã mais nova que avisa que ficará tudo bem — nem ela acredita nisso. Finney apenas confia em sua irmã e caminha em minha direção.
— Ah, oi S/a, oi Finn — olho para atrás assustada e deparo-me com a presença do moreno de bandana.
— Sabia que ela também te achava feio — brinca o loiro.
— Muito engraçado, olha como eu estou morrendo de rir — o garoto revira os olhos — Eu vou fazer aqueles meninos te perseguirem; de novo — ameaça breve.
Foi a vez de Finn revirar os seus olhos pela fala do seu amigo. Ele sabia que o mexicano não tinha essa coragem e que se fizesse, iria arrepender-se profundamente do ato e imploraria pelo perdão do garoto. Gosto da relação de irmãos que ambos construíram com o passar dos meses.
O sinal bate indicando que era para todos caminharem para suas salas e por sorte do destino, tínhamos caídos todos na mesma sala. A grade de horários era nova e sempre estava mudando nas unidades, o que deixava tudo sempre confuso nas primeiras semanas.
— Eu acho que a diretora está fazendo isso de propósito — Finn vira-se em minha direção e Robin faz o mesmo — Pensa, estamos três semanas seguidas tendo os mesmos professores e a maioria dos nossos horários estão caindo juntos, deve ser alguma coisa — supõe.
— Com toda certeza Finn, deve ser as forças do universo querendo que fiquemos juntos para todo o sempre — debocho do loiro que retira somente uma parte que lhe interessava do comentário — Vocês deveriam me escutar mais, passariam menos vergonha.
— Ah, claro! — pronuncia por fim o mexicano — Me esqueci que foi nós dois que apresentamos uma maquete sobre a guerra que matou milhões em um trabalho de empatia. Além que foi nós dois que viemos com roupas normais para o colégio quando acontecia uma festa formal.
— Cala a boca! Eu vou te enforcar com a sua bandana, Arellano! — ameaço e ele ri breve olhando-me irônico.
— Faça isso com um telefone, deve ser mais eficaz — brinca. Antes de poder responder algo a altura do insulto, o homem chega na sala e começa a dar a sua aula, mas não antes de dar um recado pessoal meu para todos da sala ouvirem. Que demais!
Minha conselheira achou uma boa ideia falar para todos da minha sala, sobre a minha inquietação com os meus colegas de classe. Sinto vários olhares me julgando pelo relatório geral falado pelo mais velho, mas outros apenas olham-me com curiosidade, acho que é para saber a minha opinião sobre eles.
Finn deu um sorriso acolhedor para mim e acabei retribuindo, Robin apenas olhou para a frente e continuou copiando o que estava escrito no quadro. Nunca agradeci tanto pela falta de atenção de alguém.
[...]
— Que droga, não é? — ouço o Arellano dizer e olho para ele confusa — Sabe... Quando você perde o seu sanduíche! — fala e o mesmo pega o lanche que eu comia, enquanto acompanhava os treinos de Finney.
Corro atrás do Arellano que continuava a rir da minha cara. Ele é um pouco rápido, não, pouco é eufemismo, ele é muito rápido. O moreno vai parando aos poucos pois algo parece chamar a sua atenção, dando tempo para eu chegar próximo a ele e pegar meu lanche das suas mãos.
Ele nem percebeu o meu gesto, o que observava chamava mais a sua atenção. Uma van parada um pouco distante parecia observar nós dois na quadra junto a Finn, quando Robin parou para ver a mesma, o veículo saiu quase de imediato e seguimos a mesma com o olhar.
— Isso... Isso foi estranho... Muito estranho — falo e o garoto me olha sério por uns segundos, mas depois a expressão do seu rosto se suaviza — O que é? — pergunto.
— Estou tentando te tranquilizar... ¿Funcionó, hermosa? — pergunta e assinto, mesmo que não seja verdade.
Corremos de volta para aonde se encontrava o loiro que também estava atrás da gente, quase entrando em desespero.
— Achei que vocês tinham sido levados — fala e o olhamos para ele confusos — Os sequestros! — ah, claro.
Eu não gosto de pensar em garotos desaparecendo. Não queria pensar em meus amigos sendo capturados pelo Sequestrador; não queria pensar em nada que lembrasse que Vance não estava mais aqui; que ele não estava mais me aconselhando como sempre. Isso dói, machuca.
Suspiro e entrego o sanduíche para o mexicano que encara-me confuso, mas faço sinal de tanto faz para ele e depois caminho em direção a minha casa.
Amanhã eu tenho que estar em meu melhor estado; em minha mais plena felicidade. Amanhã será o jogo do Finney contra a escola rival, isso lembra-me que os meses de maio e junho passou e eu nem tinha percebido, e que não tinha comparecido em quase nenhuma das minhas sessões obrigatórias, pois eu simplesmente tinha esquecido esse detalhe por estar me divertindo.
Enfim, darei uma desculpa qualquer — ou culparei o meu trauma, e sairei da sala com mais um mês de terapia nas costas. Ah! Também irei escrever mais uma vez naquelas folhas de papel que a mulher tanto precisa.
━━━ 17/07/1978"Sinto-me feliz por estar acompanhada dos meus amigos que tanto me fazem bem. Perdi algumas sessões por causa desse motivo, mas significa que estou tendo o tão sonhado progresso.
Te amo, conselheira :)"
Havia ironia na última frase? Sim, mas ela não iria saber. Arranco a página e coloco a mesma no calendário que indicava o mês de junho, faço isso tantas vezes que acabou tornando-se automático. Espero que eu não continue com essa mania quando tudo isso acabar.
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𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 | ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒ
Fanfiction𝐌𝐄𝐔 𝐐𝐔𝐄𝐑𝐈𝐃𝐎 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 ━━ 𝖱𝖮𝖡𝖨𝖭 𝖠𝖱𝖤𝖫𝖫𝖠𝖭𝖮 Em busca de um recomeço após os eventos traumáticos acontecidos no Brasil, uma família acaba adentrando ao Programa de Proteção a Testemunha e muda-se para a pacata cidade de Denver. P...