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𝗥𝗢𝗕𝗜𝗡 𝗔𝗥𝗘𝗟𝗟𝗔𝗡𝗢

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𝗥𝗢𝗕𝗜𝗡 𝗔𝗥𝗘𝗟𝗟𝗔𝗡𝗢

OBSERVO A GAROTA RINDO ANIMADA enquanto assiste o filme. Lembro-me da mesma ter me falado aquilo era aterrorizante, mas era divertido, da sua maneira. Ela não gosta de terror, me contou isso um dia desses, mas disse que viria mesmo assim, pois estava curiosa e sabia que eu falaria sobre o filme.

A noite está em uma temperatura amena, junto com suas estrelas brilhosas que fazem um contraste belo com a imensa escuridão do céu. Não era reconfortante, mas era lindo.

Desvio meu olhar quando a menina volta sua atenção a mim. Não quero que pareça estranho, não quero que eu atrapalhe esse momento. Esse nosso momento.

— Está gostando? — pergunto receoso.

— Sim — responde animadora.

Ela está concentrada, parece não querer perder nenhum momento sutil do filme. Eu gosto disso, também sou assim quando se trata de coisas desse gênero. Mas, agora, eu desejo mais do que nunca a atenção da menina, que ela me olhe como olha para a tela de exibição.

Continuo a encarando sem perceber. Os seus olhos brilhantes, seu rosto querendo desvendar cada parte do mistério do enredo, seus pequenos e rápidos sorrisos enquanto assiste a trama. É perfeito; ela é perfeita.

O meu pequeno mundo desmancha-se ao ouvir o barulho do refrigerante acabando. A garota encara o copo mortalmente, parece ter um pouco de vergonha disso e aposto que nem deve ter percebido seu copo chegar ao fim.

— Quer que eu pegue outro? — ofereço-me.

— Ah, não, pode assistir — diz.

Hermosa, isso não vai me incomodar, se é isso que pensa — tranquilizo. A menina desvia o olhar e assenti hesitante, entregando-me o seu copo; mas antes que eu saia do carro, ela agradece o pequeno gesto.

Eu entendo um pouco ela, apenas um pouco. Eu era uma pessoa minimamente tímida com desconhecidos, mas nunca com os meus amigos ou familiares, é isso que me diferencia dela. Tenho a impressão que, às vezes, a garota pensa em cada passo que irá dar, a cada palavra que sua boca pronunciará, deve pensar até no que pensar. Imagino que seja cansativo.

Chego perto da loja que vende refrigerantes. Na loja, trabalha um dos amigos do meu tio, por causa disso, tenho passe livre para não esperar na fila como as outras pessoas. O homem olha-me e caminha até mim.

— Robin Arellano!? O que devo a honra da tua presença, nanico? — pergunta. Por impulso, quis respondê-lo com um simples gesto mal-educado, contudo, contenho-me.

— Preciso de mais refrigerante — respondo.

— Você? Tu sempre pega altas quantidades aqui, cara. Não é à toa que, eu nunca precisei repor algo seu.

— Eu sei, mas não é para mim, é para outra pessoa — digo e o mais velho encara-me sugestivo — Uma amiga.

— Sei... Uma "amiga" — faz aspas com os dedos. Depois de segundos calado, o mais velho continua — Olha, carinha, não vou ter como ajudar você e sua amiga agora. Infelizmente, nossos refrigerantes acabaram, estávamos agorinha indo até o depósito para pegar — explica.

Acabo olhando para o chão. Eu não tô afim de ir para outras bancas, não sou bom pedindo coisas para as pessoas sem meu tio, não sei, sinto-me desconfortável com isso.

Quando vou comprar doces, o vendedor já me conhece, quando vou comprar roupas, a vendedora já me conhece. Quando vim para cá, todos já me conheciam, já sabiam meu nome, apenas por serem próximos do meu tio. Sempre estive na minha zona de conforto e quero continuar nela.

— Ou... — diz o mesmo e volto a minha atenção a ele — Você pode pegar para nós no depósito. O que acha? — sugere.

— Você está doido!? Eu não posso sair do Drive-In, não! — protesto.

— Você não vai sair do Drive-In! O depósito fica na entrada. Você vai lá, pega as caixas, traz para nós, te damos um pouco de dinheiro e ainda... É, deixa eu ver... Refrigerantes de graça! — exclama — O que acha? Temos um acordo? — pergunta e estende sua mão.

Meu tio disse para não ir longe, mesmo ele estando longe do carro fazendo Deus sabe sei lá o que. Talvez, eu possa usar isso como desculpa, que ele estava longe do carro e deixou duas crianças sem supervisão, possa ser que cole com ele. Enfim, não irei demorar tanto, então, está tudo bem. Aperto a mão do homem que abre um sorriso para mim.

Começo a andar para ir até o início do espaço, às vezes, tinha que desviar de carros que passava para ir embora do lugar, mesmo que o filme ainda não tenha acabado e seja bem cedo. Chego no enorme portão que tem aqui, em ambos lados, há um muro enorme, apenas para uma pessoa não entrarem e roubarem os trailers que ficam aqui — apesar que o portão que os carros passam, tem um enorme espaço para alguém entrar.

Vou até o depósito, não fica muito distante do lugar que os carros passam. Passo por uns dos carros que havia ali, é uma van preta, isso me intriga de alguma forma. Desse ângulo não dá para assistir nada do filme; mas cada um tem as suas loucuras, certo?

Abro a porta do lugar e vejo os caixotes que tinha ali. Havia várias coisas dos mais variados tipos, mas não importava-me com nenhum ali. Pego o que está escrito "bebidas" e viro-me. Acabo largando sem querer a caixa, pois me deparo com um homem de máscara esquisita.

— Boa noite — diz, mas não entendo, porém vejo o mesmo mirar o bastão que segura em minha direção.

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𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 | ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora