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𝖣𝖤𝖭𝖵𝖤𝖱
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𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘

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𝗬𝗢𝗨𝗥 𝗡𝗔𝗠𝗘

TERMINO DE COMER O BALDE DE PIPOCA; mas meu olhar não consegue desfocar do filme que assisto. Entendo somente agora o motivo do Arellano viver falando do longa-metragem, isso é uma obra de arte; mas não desejo voltar a assistir esse filme tão cedo, tenho certeza absoluta que terei pesadelos essa noite.

Olho para o lado da janela, o lado que o menino estava sentado, e assusto-me com presença de um homem ali; demorei segundos para identificar que era o tio do mexicano, o mesmo que nos trouxe até aqui e que iria me levar para casa. Ele sabia que o filme já havia acabado, de acordo com o mais velho, ele estava acompanhando de longe o telão. Contudo, não poderíamos partir, já que Robin ainda não havia voltado. Esse detalhe chama a sua atenção.

- Ele foi em que direção? - pergunta quando finalizo a breve explicação.

- Foi por ali - aponto para a fila de pessoas. O homem ergue seu olhar para tentar achar o mais novo, mas acaba sem sucesso.

O mais velho manda-me sair do carro, pois não queria me deixar sozinha no veículo sem companhia, ainda mais agora que seu sobrinho está, aparentemente, desaparecido - mesmo que isso seja impossível... Não é?

Abro a porta e vejo que o mesmo já encontrava-se ao meu lado. O moreno oferece sua mão para poder me sentir mais segura e ter certeza que não vou me perder, não neguei, pelo clima que está no momento, parece que qualquer coisa de ruim pode acontecer. Respiro fundo e caminhamos em direção as barracas de vendas.

Eu não fazia a mínima ideia em qual o menino tinha ido, mas seu tio sabia, ele sabia exatamente qual era para irmos.

- Robert-

- Cara, cadê a porra do seu sobrinho!? - questiona furioso - Ele veio aqui minutos atrás, disse que ia fazer um favor e sumiu! Mano, isso não se faz! - reclama.

- C-Como assim? - pergunta.

- "Como assim?" - repete, com um pouco de deboche no seu tom de voz - Ele chegou aqui, disse que ia pegar algo para a namoradinha dele e adivinha? Não tinha! Fiz uma proposta para esse garoto ir até o depósito, pegar as caixas e pronto! Mas ele sumiu! E agora, eu estou tendo que cuidar dessa multidão raivosa!

Observo o homem bater na bancada e me encolho por causa desse pequeno gesto, não foi porque eu quis, foi apenas reflexo do meu corpo, não entendo o motivo; mas isso não importa agora. Ao meu lado, o tio do menino também não fez questão de perguntar, apenas colocou o seu braço na frente e mandou o seu amigo endireitar a sua postura, já que está na frente de uma criança.

O mais alto se desculpa e tenta se acalmar, para depois voltar e explicar tudo para o homem. Ele diz que Robin passou na barraca, foi em direção ao depósito para pegar caixas de refrigerantes e em troca, receberia bebida de graça e outras coisas.

Paul, tio de Robin, pediu a exata localização do depósito e pediu para seu amigo lhe acompanhar, já que caso seu sobrinho estivesse ferido, ele já estaria lá para ajudar. O mesmo concordou. Na verdade, aquela proposta não há muita escolha para Robert, ele poderia aceitar ou poderia ser tachado de egoísta e seria péssimo para os seus negócios.

O tal depósito ficava no início do Drive-In, não tinha nada próximo a ele; tinha apenas uma marca de pneu, um carro esteve aqui, mesmo que não faça sentido, pois não dá para ver o filme daqui. Robin me disse quando chegamos no local e sugeri ficarmos por aqui.

- Não tem nada aqui. Ele não está aqui... - diz Robert quando adentramos o lugar. O mesmo caminha até uma caixa que estava no chão, algo parecia escorrer nela, um líquido que não conseguia identificar o que era - As garrafas estão todas quebradas... - analisa.

Agora que estou me aproximando aos poucos junto com Paul, posso perceber melhor o que escorre da garrafa, era um estoque do refrigerante que bebia minutos atrás.

- Parece que ele passou por aqui - comenta Robert - Cara, aonde ele está? - pergunta.

- Não sei! - responde impaciente - ROBIN! - grita o tio do menino e olhamos para o mais velho sem entender - Vamos! Gritem o nome dele... E-Ele pode estar longe! Não deve estar nos ouvindo... Gritem logo! - ordena.

A voz do homem saí embargada, ele segura fortemente o choro para não desabar em lágrimas ali mesmo e cair nas lamentações do que poderia ter sido diferente; o mesmo quer achar seu sobrinho, ele acha que pode estar perto... Como eu também acho.

- ROBIN! - grito o nome do moreno; com pouca fé que ele iria me responder, mas ainda com um pingo de esperança que ele fosse atender - ROBIN! APARECE! - grito novamente.

- CARINHA! ROBIN! - chamou o amigo - Vou ver lá fora... - avisa, correndo para a saída.

Continuamos gritar o nome do menino naquele pequeno espaço com apenas caixas, uma delas com garrafas quebradas e líquido vazando, o que indicava que ele esteve ali, mas agora não mais.

Minha garganta já está seca de tanto gritar o menino; tinha se tornado automático proferir o seu nome. Aos poucos, o tom alterado de antes, dá espaço para algo mais inseguro, algo que estava sendo reprimido durante aqueles minutos de angústia.

Robin foi sequestrado, eu não queria ter tanta certeza disso, mas ele não está mais aqui.

━━━━━━ 𑁍 ━━━━━━

𝐌𝐘 𝐃𝐄𝐀𝐑 𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 | ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora