Capítulo 01. Início

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Durante uma noite nublada, é visível a casa, acompanhada de um belíssimo jardim numa clareira afastada. Adentrando-o, uma mulher de cabelos negros lutando contra um homem alto e de garras. Numa troca de chutes e socos como nunca por uma única coisa: Uma garotinha de sangue raro.

Sua mãe lutava incansavelmente em frente à lareira contra o desconhecido. Era inútil. Passos habilidosos de luta não podiam enfrentar um corpo robusto e dentes afiados. Seus filhos, um casal de cabelos castanhos, se escondiam num canto da sala debaixo da mesa de madeira. Pinturas aconchegantes se tornaram cinzas durante tal situação imparável. A morte da família não seria uma novidade para os ouvidos das cidadezinhas de Pandora, morrer é como tomar um gole d'água diário e comum. Após conseguir distraí-lo, a mulher corre em direção à garota que chorava desesperadamente, segura em seus braços e a entrega para o irmão. — Depois do riacho há um vilarejo, corram até lá! ficarão seguros.
— Mas e você mãe? Não podemos ir sem a senhora — diz o garoto enquanto segurava sua irmã.
— Não se preocupem comigo, estarei lá assim que isso acabar. Agora corra antes que ele se levante!
O menino sai correndo com sua irmã em meio à abundante neblina que cegava seus olhos molhados.

Lilith olhava pela janela de seu quarto que lhe dava a vista de um grande campo verde com gado, um céu azul num dia ensolarado.
Calçava coturnos pretos com calça, por cima de sua camisa sem manga e de gola alta, sua mochila. Hoje era seu dia de voltar à ativa depois de suas longas férias desde que havia quebrado um braço.
A mulher em si não era apenas qualquer mulher. Lilith Belman, mais conhecida como: A Assassina de Pandora. Afinal, com tantas habilidades como uma assassina de aluguel, foi presenteada com esse belo nome que jamais poderá se livrar. Sua marca.
Lilith era de fato diferente de muitas pessoas que a cercavam, com uma mente à frente de seu tempo graças ao conhecimento. Mesmo que uma famosa assassina, não há pinturas de si para revelar sua identidade e câmeras ainda não existem em tal época. Graças a este fator, a mulher pode ter uma vida mais calma, mesmo que alguns detalhes de seu físico já fossem de conhecimento geral para quem conhece a grande assassina. Num mundo com magia, Lilith não é a única mulher de cabelos rosas ou olhos amarelos, isso era gratificante.

Alguns passos pelo corredor até se deparar com a porta de entrada a mais alguns pés de distância. O espaço de sua sala era médio, à sua esquerda sofás velhos e um tapete vermelho com um tom de amarelo cinzento nos detalhes. À direita, uma mesa de madeira pousada ao lado do balcão da cozinha, onde se encontrava Eliot, seu querido irmão, que terminava de guardar alguns pratos. Com seus cabelos castanhos bagunçados, alto, um nariz notável, sorriso brilhante e uma empolgação surpreendente para uma manhã de segunda-feira. A única certeza de que Lilith e Eliot eram irmãos de sangue era suas poucas semelhanças físicas e o fato de terem crescido juntos. O homem não se comparava com a garota. Eliot era alegre, otimista e sociável. Nada parecia poder abalar o homem, o total oposto da mulher. Talvez o tempo tenha sido mais gentil com o mesmo.

A casa tinha pouca iluminação por conta das grandes cortinas empoeiradas, a não ser sua porta com uma pequena janelinha de vidro. — Ei Lili, não olhe assim para nossa casinha. Eu já disse que assim que conseguirmos dinheiro vou comprar uma melhor e maior — Estava um pouco rouco.
— Faz anos que moramos aqui, nos mudarmos seria jogar memórias fora... — afirmou sem nem ao menos olhar em seus olhos. O garoto solta um pequeno sorriso com os olhos brilhantes.
— Você tem razão. Mas ainda acho que ficaria mais feliz de ter uma casa que não está aos pedaços.
— O que algumas latas de tinta não fazem — Abriu as cortinas, fazendo a poeira cair em seu rosto e o sol quente penetrar a casa dando finalmente mais cor.
Tossiu — Você não limpa isso a quanto tempo?!
— Oras, é você quem deveria limpar, eu já lavo a louça!
Revirou os olhos — Idiota. Eu estava com o braço quebrado, não pode me dar um descanso?
Riu — Posso não — Secou as mãos e puxou sua mochila do chão.

Assassina de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora