Lilith passou horas na neve fria, graças a magia não morreu. Mesmo que nessa noite tenha morrido internamente.
Acordou assim que a lua começou a descer e o sol apareceria em breve. Decidiu cumprir com sua palavra e voltar antes que sua família acordasse.Abriu a porta gentilmente, para que se deparasse com Colen e Edgar dividindo a cama e Sun na varanda. Ela tirou os sapatos cheios de neve e o casaco.
— Não dormiu?
— Não... — Sun se virou, seu rosto estava ferido. Com alguns cortes e roxos.
— O que houve?! — A mulher colocou as duas mãos no rosto de Sun e tentou falar o mais baixo possível.
— Eu te defendi.
— O que? — A garota se virou, de longe viu o rosto de Edgar que estava com vários curativos. — Não precisava ter feito isso...
— Edgar pode ser meu irmão, mas você é minha mulher.
Seu rosto ficou vermelho, o garoto falava sério.
— Por onde andou? Você tá muito fria.
— Eu dormi na neve...
— Oh por Deus... contanto que esteja bem... Quer café?
— Não seria melhor ir dormir?
Sorriu gentilmente — Vou fazer nossos cafés — Deu as costas para Lilith. A mulher ficou observando a rua pela sacada enquanto esperava, seu rosto começava a ficar vermelho com o frio e a ansiedade bateu na porta. Hoje seria... especial.
O ruivo se aproximou com as canecas, e assim que Lilith pegou a sua, ele a abraçou com um braço enquanto observava o céu — Nervosa?
— Um pouco... um pouco ansiosa, assustada e enjoada, não sei ao certo o que vou fazer. Não sei como ele vai reagir, como vai estar...
— Relaxa, vai dar tudo certo — Um silêncio tomou a sacada, o sol já estava terminando de subir ao céu. Sun deu alguns beijos no pescoço de Lilith até que ela começou a falar.
— Estou com um pouco de medo... Sinto que vomitarei se pensar mais.
— Medo? É seu irmão, não é? Ele pode ser um pouco... filho da mãe... pode ter tentado te matar na base do soco e desaparecido com uma mulher que está tentando te matar há anos...
A garota o interrompeu — Vai jogar de graça na minha cara? — Os dois se entreolharam e a mesma começou a rir — Merda, eu sou muito idiota por estar aqui.
— Ei, não fala isso — O bardo colocou a mão em seu rosto e olhou em seus olhos com ternura — Nós sabemos que só quer recuperar seu irmão. Eu te entendo... eu iria até o inferno pra achar aquele idiota do Edgar.
Já chegamos até aqui, não vamos desistir agora que já estamos com o pé na cova.
— Huh... É, talvez esteja certo mesmo... Eu espero que as coisas dêem certo. Mas não chame de cova! Credo! Ninguém aqui vai morrer — Ela sorriu.
— Foi mal. Hoje vamos ter um dia em tanto, quer fazer algumas compras antes do seu chá da tarde?
— Compras? Eu não acho que tenha nada que essa vila possa oferecer.
— É o que vamos ver!Algumas horas se passaram. Todos estavam acordados, Edgar e Lilith não tocaram no assunto do dia anterior, mas trocaram olhares que pediam desculpas.
Sun sugeriu conhecer um pouco mais da vila e tentar mimar sua namorada, queriam esquecer dos problemas passados e do futuro.
— Essa vila é tão sem graça, não tem nada por aqui... — Edgar disse enquanto mordia um espeto de carne.
— Pelo menos a carne é boa — Colen riu de boca cheia — Flor, o que acha de roupas?
— Como?
— Roupas, por que não compramos algumas? Acho que economizamos o suficiente.
A mulher riu — Claro... não é uma má ideia.
A vila era tosca, muito tosca. Quase não tinha nada. Nem ao menos tinha crianças correndo pelos cantos, a senhorinhas contadoras de histórias que Lilith amava ou animaizinhos passeando.
Apenas casas, com adultos sem graça trabalhando, torres estranhas de pedra.
— Alí! Uma loja de roupas!- Sun apontou.
Uma lojinha meiga, perfumada e com o cheirinho de roupas novas.
— Bom dia! Em que posso ajudá-los?— Uma atendente loura e graciosa sorria em frente ao balcão.
— Viemos comprar algumas roupas novas, dona, o que mais faríamos aqui? — O pirata respondeu enquanto coçava o nariz com o dedo mindinho e em seguida limpando no casaco de Edgar que gritou com ele.
— Ah, desculpa por eles, moça... Eu e meus amigos estamos procurando algumas roupas para cada um, e talvez alguns acessórios combinando.
A mulher sorriu — Claro! É pra alguma ocasião especial?
— Oh não, roupas pro dia-a-dia, talvez.
Ambos conversaram um pouco, Lilith não prestou atenção, pois estava ocupada sentindo ciúmes da atendente.
— Ouviu, Lili?
— O que? — A garota se virou para Colen.
— Sun vai buscar algumas roupas com a mocinha lá, vamos esperar perto dos provadores.
Suspirou — Claro...
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Assassina de Pandora
FantasyÉ inevitável se perder na confusão do acaso. E é inevitável se entregar quando ele lhe oferece o que mais desejava. Neste complexo mundo literário, em meio aos meados do século XIX na Rússia, um mundo de reinos, magia e diversas espécies humanóides...