Capítulo 17. Briga de bordel

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As luzes da cidade ofuscavam suas visões. Lilith tentava enxergar além da multidão que se atrapalhava com que pudesse passar pelas ruas lotadas.
Seu nariz mal podia sentir qualquer fragrância de mana com a enorme quantidade de álcool que passava por ali e emitindo seu cheiro.
— Onde estamos? — Sun perguntou agarrado sobre o braço de Colen que tentava manter o garoto afastado do mutirão e se desculpando pelas bicadas repentinas de Bob a cada esbarrão.
— Estamos num bairro de bordéis — Edgar balbuciou tropeçando.
— Bordéis? Como pode haver um bairro tão tumultuado como este?
— As casas de prostituição são fugas para pessoas que tem relações sexuais limitadas ou trabalham muito pela manhã e não tem como fugir desse cansaço sem aqui — Lilith suspirou.
— Lilith como sempre tem uma enorme resposta na ponta da língua — Edgar revirou os olhos rindo.

A jovem finalmente conseguiu alcançar uma rua mais larga que dava espaço para que os quatro pudessem respirar sob a luz da lua.
— Parece que não vamos encontrar nada aqui, é melhor passarmos a noite em outro lugar — Colen passou a mão pelo chapéu em sua cabeça.
— Talvez dê pra achar um barzinho noturno e passar a noite por lá, estou louco para beber de novo! — Edgar choramingou jogando a cabeça para trás.
— Ei gracinhas — Uma mulher de pele clara e longos cabelos louros se aproximou de Sun. — Procurando entretenimento? — Passou os dedos pelas ondas ruivas do jovem Sun.
— Aqui não tem ninguém interessado nos seus serviços, dona — Colen tentou ser gentil.
A loira revirou os olhos, deixando de sorrir. Puxou de entre seus seios robustos um charuto e o tragou. — O que um grupinho de viajantes faz numa cidade como essa? — Soprou sua fumaça.
— Procurando um lugar para descansar, estamos viajando.
A jovem sorriu, andando em direção a Lilith com um sorriso entre os lábios vermelhos, seus dedos tocaram seu rosto que demonstrou um certo desconforto e logo em seguida uma fumaça sobre o mesmo. — Você é fofa. Posso ajudar vocês, mas tenho um preço se quiserem ter onde dormir.
— Contanto que não faça nada estranho. — Limpou o ar da fumaça cinza que seu charuto emitia.
— Vocês podem gastar dinheiro lá, nem que seja apenas com um pouco de bebida. Ou vão trabalhar para nós. — Sorriu maliciosamente mostrando os dentes.
Seus olhos amarelos desceram para o bolso de sua calça sentindo o pouco que ainda tinha. — Não tenho quase nada, terei mesmo de gastar?
— Eu lhe dei duas opções, não dei? — Riu.
— Bem — Se deu por vencida — Posso arrumar mais pela manhã. Não vou me deitar com ninguém, disso estou certa — Afirmou.
— Para uma jovem que usa calças em plena luz do dia, imaginei que já estivesse se oferecendo para isso — Provocou. Vamos, meus clientes me esperavam — Andou.

Descendo algumas escadas até uma pequena porta, se encontrava um bordel barulhento com o mesmo cheiro de bebida das ruas que andavam.
Um lugar cheio de risadas e mulheres que posavam com vestidos mais curtos meias-calças para homens, os convidando para pagar uma noite com elas.
Os homens que ali trabalhavam também faziam o mesmo, convidando tanto mulheres quanto homens.
— Não me apresentei — Jogou o charuto dentro de um cinzeiro — Sou Yulia — Notou os rostos vermelhos do grupo — Parece que nunca vieram a um lugar como esse.
— Sou Lilith, Colen, Edgar e o Sun — Apresentou cada um.
— Eu não, adoro frequentar lugares assim — Edgar sorriu.
A jovem deu um pequeno riso se escorando sobre o balcão — Paguem algo se quiserem ficar.
Lilith retirou de seu bolso 300 rublos e os contou — O que dá pra pagar com isso?
A mulher observou, suspirando — Vou ser gentil, consigo pegar uma bebida para vocês.

E lá estava a jovem, admirando as habilidades artísticas das mulheres que entretiam o local. Não de uma forma suja como os homens dali, apenas admirando suas danças tão pouco provocativas mas com sentimentos de paixão. Trabalhar agradando os outros sem nunca ser agradada devia ser doloroso.
Não ter a oportunidade de se relacionar com nenhum homem por um passado sujo de relações de uma única noite todas as noites.
Deslizou a mão pela mesa e segurou um charuto, uma cortesia da casa para clientes especiais, quando deu seu sobrenome descobriu que havia vantagens em ser uma assassina famosa e seu grupo desconhecido num bordel qualquer.
— Ed.
O homem se virou — Sim?
— Tem isqueiro?
Riu, tirando um de seu bolso e acendendo de entre os lábios doces da garota o charuto — Lilith Belman fumando? Parece que esse lugar está transformando pessoas mesmo.
Riu baixinho com a fumaça escapando — Há muito sobre mim que você não tem ideia.
Sun se virou — Posso provar?
Ofereceu, o garoto tossiu como nunca e ficou vermelho, tomando um grande gole d'água.
Colen gargalhou — Cuidado, marujo!
— Isso é horrível!
— Então aprenda a guardar sua curiosidade para você. Desta maneira poderá poupar muito desperdício. — Pegou o charuto dos dedos de Lilith e o tragou, logo passando para Colen também.
— Aqui tem uma atmosfera confortável, poderia viver assim por muito tempo — O pirata riu.
— Gostaria de viver em meio às prostitutas? — Edgar provocou.
— Já tenho que viver com você, não faria muita diferença.
O homem riu, revirando os olhos e mordendo os lábios. — Se acha isso, posso te mostrar como trabalho feito uma.
— Se ofereça para outro, sou um homem fiel.
Edgar sorriu débil — Uh, "homem fiel". Não diria isso se lembrasse que me agarra todas as noites.
Riu — Todos nós dormimos juntos, você não é especial. Eu te conheci quando era um pirralho, poderia ser seu pai.
— Panela velha é a que faz comida boa.
Ambos gargalharam.
Yulia se aproximou, andando quase para cair e falando lentamente — Como estão meus convidados especiais da noite…?
— Bem — Lilith riu.
— Ainda 'beeem'... É a primeira vez que temos alguém importante aqui...
— De que adianta um título reconhecido mas tenho apenas 300 rublos?
— Não se preocupe, tudo o que quiser aqui será por conta da casa. Até se quiser experimentar uma nova fruta — Seu dedo desceu do final de seu pescoço até o começo de seus seios se aproximando.
Seus rosto se avermelhou — Na-não!! Estou bem! — Levantou as mãos se afastando.
— É! Deixa ela — Sun rosnou.
A mulher sorriu — Não se preocupem, também trabalho com casais — Piscou.
Lilith riu — Que mulher atrevida — Revirou os olhos — Não sou a favor de poligamia, senhorita. Então não vai encontrar nada por aqui.
— Comigo vai! — Edgar sorriu esperançoso.
— Se liga, idoso. Posso estar disponível para muitos, mas não faço caridade! — Reergueu o corte quadrado de seu vestido. — Oh! Espere! Seu namoradinho é bardo, não é?
— Sabe que estou aqui…?
A mulher o ignorou e continuou esperando Lilith. — Sim… ele é…
— Que bom! Ele podia tocar algo com nossa banda!
— Até é uma boa ideia.
— Que bom! — Pulou para fora da mesa — Vem! Vamos agitar esse bordel! — Puxou o ruivo até o palco.
— Aquela mulherzinha...! — Edgar não aprovou ser rejeitado, ainda estava desacreditado. Não deixaria que uma meretriz se fizesse de amiga para seu irmão e o tocasse tão livremente.
Se levantou e tentou correr até os dois, porém esbarrando em alguém e notando como encharcou um grande homem de cabelos azuis com bebida.
— Argh! Arrombado. Veja por onde anda!
— Desculpa — Fingiu ser agradável para logo em seguida sussurrar — Arrombada é a mulher que teve coragem de parir você.
Suas palavras foram infelizmente ouvidas, fazendo o homem rapidamente se levantar tão vermelho de ódio e quase para sair fumaça de suas orelhas. A música de Sun havia acabado de começar, com apenas um toque calmo que aos poucos se agitava.
— O que disse da minha mãe…?
Sorriu — Eu disse… — A música se intensificava — Que ela é uma arrombada!
— Cretino! — A típica música de briga de bar começou, com um famoso soco em falso, acertando o homem de trás de Edgar e desencadeando rapidamente uma briga no local.
Lilith sorriu, se levantando rapidamente — Tá afim de brigar?!
— Só se for agora!! — Colen se ergueu.

Começaram finalmente a atração da noite, com homens e mais homens desferindo socos e chutes uns nos outros, pessoas que ali trabalhavam participando ou fugindo.
Garotas agarravam os cabelos umas das outras, ainda que com sorrisos nos rostos por finalmente sentirem emoção, além de falsos orgamos diários.
Colen bateu o punho contra o rosto desconhecido mais próximo, desviando de um igual. Segurou o homem por sua gola e bateu sua cabeça na dele o fazendo cair.
A garota de cabelos rosas jogou o corpo quase completamente para trás, mantendo equilíbrio para fugir de uma jovem que se atirou em sua direção e logo em seguida passou sua perna por debaixo de um par qualquer e a fez cair, levando as calças de um elfo sendo puxadas para baixo, revelando roupas íntimas femininas na cor vermelho com renda.
— Uh, foi mal! — Riu, pulando para cima antes que fosse acertada por alguém, usando os ombros alheios para se jogar para trás e acertar os pés contra um rosto de bigode e cabeça nua.
Edgar segurou a mão do sujeito com cabelos azuis, trocando olhares momentâneos e o dando uma brilhante ideia.
— Ei bonitão, você é fofo, mas não faz meu tipo — Despistou com um beijo na bochecha e correu até Colen.
— Que tal uma dança?!
— Dança? — Riu com alguns socos seguidos num homem — Demorou para me chamar!
Segurou Ed, rodopiando ao som da música animada. O levantou pela cintura enquanto suas botas feriam várias pessoas. Sentindo a tontura aumentar a cada giro mais rápido e preciso. Cada soco, chute ou cabeçada era como uma continuação de um sonho lúcido.
Por um segundo Lilith se distraiu, encarando a situação inusitada — Meu Deus, que idiotas — A cadeira em suas mãos acertou mais uma jovem.

A briga aos poucos diminuía com tantas pessoas desmaiadas e outras que se rendiam correndo para fora do estabelecimento. Um completo caos.
Enfim a música se encerrou, com Sun de repente acertando alguém que tentava atacar seus amigos de surpresa.
— Isso foi a coisa mais emocionante que já fiz em anos! — Colen pulou de alegria com o nariz sangrando.
— Com seu tamanho é fácil dizer, impressionante é te acertarem sem quebrar a mão!
— Nunca pensei que jogar um copo de vidro na cara de um homem que não conheço poderia ser tão legal! — Lilith sorriu.
— Vocês foram incríveis! Foi a cena mais divertida que tive! — Riu — Mas me digam… Como vamos dormir agora?
Acariciou a cabeça do jovem — Relaxa marujo, agora os quartos daqui tem mais vagas que nunca!!
— Quero a maior cama então! — Lilith correu.
— A maior que é minha!! — Colen e o grupo a perseguiram.

Adormeceram juntos no quarto mais limpo que encontraram, com esperanças de que não tivesse sido utilizado pouco tempo antes de aproveitarem a cama macia para se aconchegarem uns nos outros e descansarem logo após uma briga no bordel.

Assassina de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora