Lilith estava alimentando seu cavalo, quando ouve um barulho vindo de sua casa, e decide investigar.
A mulher preocupada corre para dentro da casa — Eliot, está tudo bem?! — O garoto devagar levanta seu rosto e sua expressão que era de confusão se torna de ódio, sem hesitar o homem corre para atacar a irmã e acaba acertando um soco em sua bochecha esquerda e a derrubando. Lilith pensa em revidar, mas era seu irmão, ela não teria coragem de fazer isso.
Eliot se senta em cima da barriga de sua irmã e com muitas lágrimas de raiva em seus olhos, continua socando o rosto de sua Lilith por alguns minutos.
Mal podia se lembrar totalmente do que havia acontecido, seus ouvidos chiavam, havia lágrimas em seus olhos e o toque de Eliot em seu rosto antes de tudo apagar instantaneamente.Depois de algumas horas, Lilith acorda em sua cama, com o rosto dolorido. Ela se levanta confusa e com a visão embaçada, vai até a porta do quarto e acaba se encontrando com Sun que estava prestes a entrar — Senhorita Lilith! Que bom que acordou.
— Mas que porra você está fazendo aqui?! — Ao gritar, sente-se fraca e sua visão se deteriorar, quase caindo e se apoiando no batente da porta com a outra mão contra os lábios.
— Ei, ei, não precisa se esforçar. Vá na cozinha comer um pouco.
— Mas que diabos você faz aqui?! — Insistiu.
— Vá comer de uma vez antes que desmaie!
Cedeu, estava machucada o suficiente para aceitar a ajuda indesejada. Andou descalça até a cozinha acompanhada por Sun. Olhando para baixo, notou que suas roupas que muito provavelmente haviam sido banhadas por sangue uma segunda vez não estavam em seu corpo, usava um vestido simples, largo e confortável que usava apenas para descansar.
Lambeu os lábios, seus cabelos estavam úmidos, mais do que deveriam tendo em conta seu banho anterior.
— Quem me banhou?
O ruivo sorriu — Eu.
Deu uma leve expressão amarga.
— Não se preocupe, eu não olhei nada — Jamais olharia.
— Criança.
— Cara feia pra mim é de quem tá com fome — Sorriu.
Se sentou e deu uma boa inalada no cheiro do espaguete que transbordava e borbulhava.
— Aroma bom, né? — Viu como apreciava o cheiro — Edgar e eu quem fizemos — O garoto serve um prato para Lilith.
A mulher olhou para o prato de macarrão, parecia bom, tinha um cheiro familiar, um gosto ainda mais.
Se lembrou de como sua mãe amava preparar pratos de comidas diferentes todos os dias, não importasse o cansaço. Estava sempre sorrindo e preparando algo, sempre trazendo um pouco da sua cultura e a de seu pai.
— Onde aprendeu a cozinhar isso?
— Ah, é apenas espaguete. Tentei ser o mais fiel ao jeito tradicional.
Deu um sorriso escondido com a cabeça baixa, o rosto aqueceu. Aquilo era simplesmente bom, muito mais que bom, mas apenas pensava na palavra "bom". Aquilo era bom.
— Oh, Lilith acordou. Como está? — Edgar passou pela porta.
— Sim... estou melhor.
— Comprei com um médico local uma pomada banhada de feitiços curativos. Significa que em algumas horas você ficará novinha em folha!
A jovem engoliu a última colher de ainda alegre por dentro antes de ser convidada por Sun.
— Vamos, senhorita Lilith. É melhor ficar confortável — O jovem tenta segurar um de seus braços, porém é empurrado bruscamente com o susto.
— Desculpe... — Sorriu — Está certa, mulheres devem tomar cuidado por quem são tocadas.Em direção à sua cama, Lilith viu seu rosto em seu espelho do banheiro. Percebeu os olhos inchados e roxos, como se fosse uma boneca que uma criança pintou com tinta roxa, sem motivo algum. Uma vermelhidão caiu por suas bochechas ao perceber que essa era a vista dos homens que estavam ali para ajudá-la.
Edgar está sentado na cama com um pote em suas mãos, com uma pomada branca que cheirava a menta. Lilith se senta ao lado do homem — Como me encontraram?
— Viemos te agradecer por ter salvado meu irmão e pagar pela carona quando te encontramos no chão.
— Onde está meu irmão?
— Nós não sabemos, a casa estava vazia quando chegamos — O homem coloca os dedos dentro da pequena vasilha de madeira e retira um pouco do produto e o desliza pelo rosto de Lilith.
— Ah... Entendo... Acredito que poderiam apenas me deixar em algum hospital, seria mais eficiente do que perderem a noite aqui.
— Não poderíamos abandonar uma garota machucada em qualquer hospital local..
— Que cavalheirismo...
— E sinceramente, é uma atitude inepta ele deixá-la sozinha sem ninguém. Quem sabe o que aconteceria com uma mulher desmaiada na porta de casa.
— Não fale isso... Ele.. Ele teve seus motivos para me atacar... Eu acho...
— Foi ele? A jovenzinha parece ter muitos inimigos... Até seu irmão...
— Para a famosa Assassina de Pandora não é novidade...
Engoliu a seco sua surpresa — Bem que desconfiei do cabelo rosa — Edgar nota com mais atenção as cicatrizes enormes e profundas que haviam no nariz e em sua bochecha direita.
— Huh... onde conseguiu essas cicatrizes? Você é algum tipo de "traquina"? — Perguntou terminando seu trabalho — Achei que a famosa assassina do reino fosse mais cuidadosa e não tivesse tantas marcas.
Lilith ficou em silêncio, sentindo a garganta fechar.
O homem avistou as marcas finas nos braços e pescoço — Isso foi do emprego? Lilith levanta as sobrancelhas rapidamente, como um pequeno susto e logo volta para a expressão séria — Não é de sua conta — Se levantou às pressas e calçou as botas, vendo Sun a encarando ao lado da porta como se ambos estivessem preocupados, isso a irritou, nem ao menos tinham que se preocupar com uma jovem estranha.
Queria dizer que era uma grande assassina, que perdeu todos que mais amava, que matou milhares de homens e mulheres, queria exibir seu orgulho apenas para dizer que não queria que se preocupassem com ela. Porém, seu orgulho não era suficiente para lhe fazer dizer nada do que pensou por um instante tão pequeno, havia um nó em sua garganta há décadas.
— Senhorita Lilith! — O garoto correu até o balcão — A senhorita não deveria descansar?
— Não me trate como uma criança doente — Puxou um vinho qualquer — Agradeço pela ajuda mas... — Com os dentes arranca a tampa da garrafa — Preciso ficar sozinha pra processar o que me ocorreu. Passem a noite por aqui se quiserem, se me ajudaram eu posso retribuir — O olhou — Ele fica no sofá, você que durma no chão.
— Tão gentil. Se quiser eu posso acompanhá-la... Sabe, só para ter certeza de que está bem.
A mulher passa a mão sobre os cabelos de Sun — Não sabe o que significa “sozinha”?
— Sei muito bem…
— Então faça uso da informação.
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Assassina de Pandora
FantasiaÉ inevitável se perder na confusão do acaso. E é inevitável se entregar quando ele lhe oferece o que mais desejava. Neste complexo mundo literário, em meio aos meados do século XIX na Rússia, um mundo de reinos, magia e diversas espécies humanóides...