Eliot estava deitado no tapete de sua casa, entediado esperando a volta de sua irmã.
Virou o rosto e viu na parede uma fotografia de Lilith e Eliot jovens. Deu um leve sorriso pesado.
Estava com medo de por sua amada irmã em mãos erradas, com medo de querer viver também e a deixar para trás.
Seus braços se ergueram para cima, observando as mãos calejadas. Seus calos eram um símbolo do trabalho duro por sua irmã.
Lilith usava o dinheiro para cuidar dos gastos pessoais de cada, Eliot para o necessário.
Ambos cuidavam um do outro desde que se entendiam por gente, era duro ensinar um novo conceito de família para Lilith.
Enquanto descansava, ouviu um estrondo vindo de seu quarto, uma janela batendo contra a parede.
— Droga! Devo ter esquecido a janela aberta — Eliot se levanta e corre para seu quarto.
Uma ventania invade sua casa, Eliot corre para fechar todas as janelas e portas de sua casa antes que talvez começasse a chover.
— Só falta mais uma — Resmunga. Seus passos bateram com força, com os punhos cerrados. Ainda tinha o mesmo problema em mente.
A janela bate com força, uma risada ecoa. As cortinas se fecham e as portas se trancam. Em plena escuridão Eliot se sente confuso e assustado.
— Quem está aí?? — Um silêncio corria pela casa até ser quebrado pela respiração forte de Eliot. O homem está de pé na sala em frente à cozinha. O jovem dá alguns passos para frente, ele olha para os lados. Sua respiração continua forte e seu coração acelerado. Algo passa por trás do homem o assustando, rapidamente ele se vira e não há nada na sala. Ele sente uma coisa quente passando em seus cabelos, como se recebesse carinho de alguém.
— Quem está aí?! Eu vou quebrar sua cara! — Balbuciou puxando uma faca que estava no balcão.
Uma risada é ouvida novamente, agora mais de perto. Algo surge nas sombras, uma forma humanóide.
— Quem é você?! — Segurou o cabo da faca com as duas mãos apontando em direção à figura.
— Se acalme, garoto... Não vou lhe fazer algum mal — A figura dá mais alguns passos, agora tendo mais detalhes. Um capuz branco cobre seus olhos e seu peito, roupas claras e sapatos sujos de lama.
— Quero saber quem é você e porquê invadiu minha casa! — Ainda estava nervoso e suando frio. Os dentes rangiam de frustração e mal sabia ficar parado sem que a todo momento estivesse mudando minuciosamente a posição dos pés apenas pela inquietação.
— Já que quer tanto uma apresentação... — As cortinas se abrem, clareando o local — Eu estou à procura de um Belman — A jovem abaixa seu capuz revelando um belíssimo rosto feminino, traços negros com pele morena, cabelos castanhos com luzes e cacheados, olhos tão brancos quanto pérolas, e lábios vermelhos como rosas de um jardim.
— Minha irmã não está aqui, vá embora!
A pessoa ri.
— Por que acha que estou atrás de sua irmã? Deve ser porque você acha que ela é mais importante que você, não é? — A mulher anda até o garoto que devagar dá a volta e acaba na sala. Sua voz parecia ecoar como a voz de um sonho.
— Do que pensa que está falando?!
— Oh garoto... A quem você acha que está enganando? Olhe para sua irmã... Desde que nasceu ela se tornou um incômodo em sua vida, roubando toda a atenção de seus pais. Por ser tão preciosa era caçada, desejada... — A mulher anda alguns passos até Eliot — Seus pais deram a vida por ela, morreram por ela... Acha mesmo que eles fariam o mesmo por você?
— Cale a boca!! — O garoto a interrompe com lágrimas caindo de seus olhos — Você não sabe do que está falando! Não sabe nada da minha vida, você não me conhece, desgraçada! Você não tem o direito de invadir minha casa e falar essas coisas!
A mulher sorri e anda até ele. Ela olha em seus olhos, coloca as mãos sobre os peitos do jovem.
— Ah Eliot... Um cachorrinho de sua própria irmã, tão ingênuo e inferior. Tu ainda tende a esconder os segredos de sua mãe para mantê-la em paz — Ela volta as mãos para baixo — Lilith não precisa de você. Acha mesmo que alguém forte como ela precisaria de alguém que só a atrapalha? Para ela você não passa de uma pedra no sapato — Rosnou — Ela não te merece Eliot, esqueça sua irmã e venha comigo. Posso lhe tornar um homem forte! Posso te mostrar o que é o verdadeiro amor... — Inclinou seus lábios para perto.
— Sua doente... Vá para o inferno...! — Lágrimas começaram a descer — Está apenas mexendo com a minha cabeça. Eu amo Lilith! Você não pode me pôr contra ela — Empurrou a garota — Conheço bem teu "tipinho", isso não funciona comigo, piranha.
Franziu o rosto por pouco tempo — Ainda quer mentir para si?
Sorriu — Não estou mentindo, você quem não sabe nada de mim — Apontou a faca — Vá embora.
Suspirou e sorriu — Tudo bem — Seus dedos se levantaram até sua cabeça e o indicador tocou a testa.
— Tem certeza?
Uma aura adentrou seus olhos, tornando-se roxos como duas ametistas, tomando conta de seu corpo e cérebro.
— Acho que devia ter trabalho melhor nas minhas habilidades de comunicação, meu alvo é mais resistente do que era desde que o vi — Falou sozinha limpando o vestido enquanto Eliot ainda estava babando.
— Oh! Desculpe! Demora um pouco até que você volte a parecer uma pessoa de verdade — Limpou o rosto e sorriu — Você envelheceu bem... Senti sua falta... — Engoliu — Agora pode vir comigo?
— É uma... boa ideia... — Parecia inepto, com os olhos levemente vesgos enquanto tentava se recompor. E aos poucos, já nem parecia mais o irmão gentil que era.
Um enorme sorriso de orelha a orelha nasce no rosto da mulher — Ah, que magnífico! Te vejo na entrada da floresta em alguns minutos quando estiver mais estável! — Ela o dá um beijo em sua testa — Meu querido Eliot... — Se dissipou no ar.Se sentiu perturbado, sem controle sobre seu corpo e fraco mentalmente, lágrimas descem de seus olhos para o nariz e pingam no chão, estava aos poucos se perdendo completamente. Aquilo não eram os sentimentos de Eliot, não era o que ele pensava, não era como ele se sentia, não era ele.
Algo devorava sua mente o fazia já não poder controlar suas próprias ações. O ódio que nem ao menos era seu ferveu dentro do peito, era a maior onda de ódio que já havia sentido desde a morte de seus pais.
Queria gritar, pedir ajuda ou ao menos se mover, mas não podia, como se estivesse prestes a dormir, apenas parte de quem era estava alí, era um feitiço que tomava posse de quem era, seus sentimentos deviam ser daquela mulher, aquela onda de raiva e ira que borbulhou no peito.Sua irmã de repente abre a porta o chamando e preocupada. Sem controle, correu para atacar como um animal.
Ele acerta seu rosto, derrubando a mulher. Se senta em sua barriga, e com lágrimas de raiva passa a dar vários socos com suas duas mãos no rosto da irmã, e enfim se perdendo completamente no "personagem" que se tornou. Depois de minutos Lilith parecia prestes a desmaiar.
O sangue escorria por seu nariz, quase engasgando no mesmo. Os olhos revirados para cima, com manchas de feridas e o rosto inchado. Deu um leve sorriso de satisfação.
O homem se levantou, com o sangue pingando dos dedos grossos e sujos. Suspirou e olhou para o patético rosto dolorido.
— Isso deve ter sido doloroso, não acha?
Lilith se virou, com saliva caindo dos lábios e sangue. Um grunhido alto foi ouvido, o fazendo franzir o rosto de desdém.
— Acho que isso foi uma resposta. Vou considerar como um sim.
Levantou uma das pernas, pisando contra a cabeça — Eu gostaria de te matar agora. Bem que gostaria. Mas não poderei — Levantou os ombros — Se eu fizer isso agora a diversão termina, tenho uma missão antes de te matar.
Uma de suas mãos brancas se levantou e agarrou o pé.
— O que quer? Quer que eu o tire? Quer que eu fique? — Levantou a perna, se abaixou e segurou o rosto fraco. Com apenas uma mão apertou as duas bochechas — Esse cabelo úmido... O que andou fazendo sem mim? Não estava com mais ninguém, estava? — Rosnou — Idiota. Eu poderia te matar nesse instante, afinal, você está permitindo. Deveria ser mais inteligente, não devia deixar eu te atacar apenas por ser seu irmão — Engoliu o ar e franziu o rosto — Você só deixou porque sabia que poderia me tirar de cima de você, né? Até mesmo agora... Se eu ameaçasse te matar você me jogaria pra longe...
Lambeu os lábios antes de falar — Não serve nem para evitar um ataque... Não sirvo nem para ter forças para matá-lá... — Viu lágrimas caírem dos olhos da mulher — Onw... Vai chorar, irmãzinha? — Soltou seu rosto, a fazendo bater a cabeça no chão e desmaiar — Uh, você até que resistiu. Uma pessoa comum estaria bem pior do que está agora, sortuda de merda — A chutou — Quero apenas ver essa tua sorte acabar. Vai vir correndo pra mim feito um cachorrinho, você não vive sem mim. Você só tem a mim, vadia.
Deus as costas, olhando para fora, averiguando se estavam a sós — Seus amiguinhos estão lá na esquina, vão vir te ajudar se encontrarem você assim — Olhou para o rosto uma última vez — Não se atreva a me trocar por eles — Largou a porta e saiu.
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Assassina de Pandora
FantasyÉ inevitável se perder na confusão do acaso. E é inevitável se entregar quando ele lhe oferece o que mais desejava. Neste complexo mundo literário, em meio aos meados do século XIX na Rússia, um mundo de reinos, magia e diversas espécies humanóides...