Capítulo 21. Ekaterina

23 5 1
                                    

No meio da escuridão, sentados no mesmo lugar que se sentavam antigamente, assistiam o luar enquanto brindavam uma garrafa de champanhe após algumas turbulências no sofá da casa da mulher.
— Como tem passado?
— Bem, meu nome agora corre pelas cidades! Anne, a engenheira! Pude realizar meu sonho! E você?
— Creio que meu chapéu possa lhe dar uma boa pista.
A garota riu.
— Huh, já sei! Você agora é modelo!
— Como sabe?! — brincou.
Virou um gole de sua garrafa.
— Estive com medo de que nunca fosse voltar...
— Mas voltei.
— É — seus lábios se curvaram — voltou mesmo... Veio para ficar?
— Não por agora... Não voltei propositalmente, mas não pude escapar. Minha sobrinha acabou descobrindo sobre mim e nossa família, no final, deu tudo certo.
— Ah, felizmente meus pais foram embora daqui.
— Para onde? — Engoliu.
— América.
— Que longe...
— Você vai embora quando?
— Pela manhã.
Seus olhos marejaram, mas ainda mantinha um sorriso.
— E voltará?
— Com certeza, estou numa pequena missão. E assim que terminar, irei voltar e pedi-la em casamento! — Juntaram suas mãos. Ambos os olhares tinham paixão, puramente paixão. Sorriram um para o outro num ato de carinho.
— Promete?
— Prometo.

— Ei! Me esperem! — o ruivo gritou vindo de dentro da casa para o quintal.
Aqui está a família de Lilith, seus avós, tios e suas esposas. A garota vestia mais uma vez seu traje e mochila. Estava em seu belo cavalo.
— Minha Flor, por favor tome muito cuidado, okay? — Os olhos de Ellen refletiram o brilho do sol.
— E se o idiota do Colen não cuidar bem de você pode voltar pra cá que vamos dar uma coça nele! — o avô brincou.
— Isso mesmo, e se algum macho fedido tentar te seduzir pode contar pra nós que vamos descer o cacete! — Seus tios riram.
A garota sorriu.
— Muito obrigado a todos, prometo que depois que encontrar o Eliot vou voltar aqui mais vezes.
— Antes que vá — sua avó virou para Bento e Miguel que tinham alguns presentes em suas mãos — compramos algumas coisas para todos.
Sun ganhou uma balalaica, para poder fazer jus ao nome de Bardo. Edgar um novo par de sapatos importados, além de um modelo novo de óculos, era visível que ele precisava de novos.
— Meu filho e minha linda neta... — Paul se pronunciou, dando alguns passos à frente e lhes entregando dois colares feitos de ouro com um pingente em formato de estrela — Eu sei que posso ter sido duro com você no passado... Mas hoje são outros tempos, agora tenho uma neta e um filho no céu. Aceitem isto, para que possam se lembrar de nós durante todo o tempo que estiverem fora.
Colen sorriu e assentiu, Lilith apertou seu pingente e demonstrou um ar de confiança.
— Não vou decepcionar vocês... — Ela pendurou o colar por debaixo de seu cachecol roxo.
A mulher abaixou as sobrancelhas com ternura em seus olhos.
— Obrigado a todos.
Os cavalos se viraram e começaram a seguir para dentro da floresta, enquanto sua família acenava e os assistia partir.

O caminho era tranquilo, os garotos estavam rindo e comentando de suas aventuras passadas.
— Fala sério! E a hora em que você fez aquela sua transformação! Foi tipo: BUUM, LOBO MAU!!! ARGH — Colen gritava enquanto fazia gestos com as mãos.
— Ha! Lobo mau?! Só falta a chapeuzinho! — Edgar revirou os olhos rindo.
— Não seja por isto! Temos um belo exemplar conosco — abriu as mãos para Sun.
— Oh lobo mau! Por favor, sou apenas uma garotinha indefesa! — Sun pousou as costas de sua mão contra a testa, sua outra mão contra o peito e clamava.
— Argh!
— Oh! Que olhos grandes você tem!
— São para vê-la melhor!
— E que orelhas grandes tem!
— São para ouvi-la melhor!
— E que boca grande você tem!
— É para devorar você! — Fingiu ir atacar Sun.
— Nãooo! Minha chapeuzinho! — Colen choramingou.
O bardo notou que Lilith estava distante, então seu cavalo deu alguns passos e acompanhou o dela. A garota em questão tinha em suas mãos um caderninho de anotações, agora com a página totalmente riscada, um mapa com garranchos setas confusas e alguns pontos de interrogação. Lilith mordiscava suas unhas enquanto tentava encontrar algo que fizesse sentido naquele emaranhado de palavras confusas e pensamentos sem sentido.
— Senhorita Lilith? — A garota voltou sua atenção para o mundo à sua volta.
— Oh, sim Sun, que foi?
— Há algo de errado?
Lilith franziu o rosto.
— Eu não faço ideia de onde devemos ir. Acabaram as anotações de Eliot sobre as vilas. Nada mais faz sentido aqui.
— Será que posso dar uma olhada? — O garoto pede e a mulher o entrega o mapa.
— E aquela mágica? — O ruivo pergunta enquanto tenta ler as anotações.
A mulher lambeu os lábios antes de falar.
— Eu não tenho mais forças pra isso...
Algo veio voando dos céus em direção a todos, um pássaro, inofensivo.
Inofensivo até o momento que antes de pousar por completo se transformou num humano. Um garoto.
Lilith puxou de seu sapato sua adaga e a mirou em direção ao pobre rapaz.
— Quem é você?!
O menino sorriu, com uma carta em suas mãos e uma bolsa no ombro.
— Me desculpe pelo incomodo, sou o mensageiro real. Venho trazer uma mensagem da rainha de Pandora para Lilith Belman.
— Lilith Belman... — A garota abaixou a arma e o deixou falar.
Gentilmente ele abre a carta e começa a ler em voz alta.
— Para a senhorita Lilith Belman Ito Ricchi...
— Não pronuncie meu nome inteiro — A mulher rosnou e apontou sua adaga mais uma vez.
O homem sorriu.
— Perdão. Para a senhorita Lilith Belman, venho por meio desta mensagem lhe pedir seus serviços. Como uma grande assassina reconhecida por todo nosso reino e também de grande habilidade, contrato a senhorita. Junto de minha carta, meu mensageiro contém 1.500 de rublos vivos em ouro, moedas vindas diretamente das muralhas do castelo real.
Peço com muito carinho que aceite meu pedido. Assinado... Rainha Ekaterina de Pandora — O garoto guardou a carta, puxou de seu bolso uma maleta contendo os tais 1.500 rublos, moedas brilhantes de ouro.
— Wow! — os garotos deixaram seus olhos brilharem — Lilith aceite! Com tudo isso nós podemos... podemos... sei lá! Mas é muito! Vamos ficar ricos!!
A garota suspirou.
— Nós temos uma missão rapazes... Sem contar de que eu não confio em pássaros, devem querer me matar.
Seus olhos perderam o brilho e seus sorrisos se foram.
— Senhorita Lilith, veja... Em troca do assassinato você pode pedir ajuda da rainha, isso pode facilitar muito pra nós! Vai nos poupar meses de esforço!
— Ah! Foda-se! Eu aceito, oh passarinho... — Se deu por vencida, lutar contra um raciocínio lógico seria medíocre de sua parte.
— Perfeito! — Bateu as mãos.

Assassina de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora