Capítulo 05. Olhos

62 12 29
                                    

Em meio a madrugada, de dentro da floresta uma carruagem vem chegando.
A floresta tinha em si, uma estrada de terra que levava para a pequena cidade ao lado daquele enorme rio que brilhava azul com a luz da lua.
Adiante, do outro lado, seguia um campo enorme, com além dele um rumo totalmente desconhecido.
Lilith pega suas malas e seu irmão que ainda dormia, ela saiu da carruagem e logo atrás os dois irmãos se encontram.
Lilith sai andando, sem trocar palavras ou olhares. Por um momento ela olha para trás. Os garotos já haviam saído, sentiu um pequeno remorso pela falta de empatia e de deixá-los vagando por uma
Cidade desconhecida.
Aquilo não era mais problema da mulher, então, pouparia esforços de ir atrás dos meninos.
Antes que se virasse, viu o cavalo que nomeou junto de seu irmão.
Acariciou sua crina marrom como sua pelagem.
— Senhorita, poderia fazer o favor de deixar que eu vá? Se quiser, leve o cavalo, não fará diferença.

Cavalos como aquele geralmente eram usados algumas vezes e em seguida esquartejados e vendidos como refeição de ogros.
Talvez por isso elfos fossem uma raça tão sofrida em questão do preconceito. Já foram uma espécie que preservava o mundo animal, entretanto, nos dias de hoje as coisas mudaram.

De tarde, Lilith acorda na poltrona de sua sala velha e comum, as malas estavam jogadas no chão e nenhum sinal de seu irmão. Ela se levanta e vai para o quarto de Eliot, que dormia tranquilamente feito o bêbado que costumava ser.
A garota pega sua mochila da sala e, antes de sair, alimenta o cavalo que estava em seu quintal.

A jovem anda pela cidade, era muito bom estar de volta em casa. Seu objetivo era apenas poder coletar alguns cogumelos e plantas para usar em sua cozinha.
De repente, ouve-se gritos do bar à sua esquerda, alguém é arremessado de dentro dele, era Sun. O jovem estava com um olho roxo, nariz sangrando, um corte no lábio e lágrimas que escorriam de seus olhos.
Dois homens grandes saem de dentro do bar rindo, Lilith já estava pronta para dar a volta e continuar seguindo sua vida quando ela olhou para os olhos do garoto.
Seus olhos castanhos que refletiam o medo que sentia naquele momento, lágrimas gordas que escorriam cada vez mais por seu rosto redondo e vermelho.
Aquele medo, a garota sabia que Sun não sobreviveria se as coisas continuassem como estão, Sun não queria morrer. Uma pequena faísca de chama acendeu em seu coração gelado.
— E então viadinho, não vai fazer nada? Ou será que você gosta de apanhar? — Os dois homens gargalham.
— Vocês dois.
Seus rostos robustos se viram para o lado confusos, uma mulher de cabeça baixa.
De seu braço direito, suas veias escureciam, tornando-se cada vez mais grossas e consumindo sua mão, formava-se uma enorme foice que emitia uma aura de mana em roxo. Como um parasita que tomou posse da parte externa de seu braço.
— Mas que merda é essa?? —Gritaram.
— Se encostarem mais um dedo no garoto... — Ela levanta seu rosto, seus olhos agora eram completamente negros — Eu mato vocês — Sua voz ressou com um pequeno sorriso ao ver o medo.
— O que? Quem você pensa que é pra assustar a gente com esses poderzinhos? — Um se aproxima dela, ele tenta dar um tapa, mas Lilith segura seu braço — Não ouse me tocar.
— Ah, sua vaca!!
Com a foice a mulher corta o homem ao meio, seu sangue banha tudo à sua volta, partes internas de seu corpo se espalham por todo o chão causando uma terrível cena.
Seu parceiro vivo grita por seu nome — Sua puta! O que você fez?!
O homem corre na direção de Lilith, aos poucos se transformando em um homem-urso pronto para usar suas garras, mas é surpreendido quando Lilith o agarra pelo pescoço com tamanha força.
— Seu verme imundo — Lilith solta o homem que cai no chão com força — Tu és de sangue impuro e miserável, eu darei a ti o gosto de morrer por minhas mãos — Ela apontou a foice em sua direção, entretanto, Sun pediu para que parasse.
O homem assustado olha no fundo dos olhos negros da garota, aquele olhar frio parecia congelar sua alma, e então apressa seu passo e corre o mais rápido possível.
— Lilith... — A mulher olha para trás, o garoto que ainda estava jogado ao chão. Olhava para ela com um sorriso e olhos cheios de lágrimas — Muito obrigado...
Seu rosto se avermelha — Não há de que, garoto — A foice de seu braço desaparece e seus olhos voltam ao seu estado de antes.

Assassina de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora