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      Quando cheguei no quarto, Enid tinha separado todos os produtos e me encheu de perguntas sobre o que Xavier queria. Eu expliquei tudo para ela enquanto ela passava coisas no meu rosto que ela dizia serem para limpar a pele e dar um aspecto menos morto. Apesar de não entender o que ela tinha contra o lindo tom mórbido e pálido da minha pele, permiti que ela fizesse todas as besteiras que ela quisesse, até porque eu também ia fazer algo que ela não ia gostar hoje indo até o necrotério.

     Depois da sessão ser realizada, separei as coisas na mochila, peguei Mãozinha e fiquei aguardando até o horário combinado para sairmos. Às 21h pontualmente, Xavier bateu na porta e fomos em direção ao portão de Nunca Mais. Caminhamos pela floresta sempre prestando atenção ao nosso redor para assegurar que não estávamos sendo seguidos.

     — E aí, o que vamos tentar procurar especificamente? — perguntou ele, claramente tentando puxar assunto.

     — Não faça perguntas idiotas, por favor. Mas, respondendo à sua pergunta, nada em específico. Precisamos achar qualquer coisa que aponte ou não a morte dela para um suicídio.  O objetivo é descobrir se ela se matou ou não, assim podemos seguir com a investigação. Se ela se matou, temos que descobrir porque e se não se matou, temos que descobrir quem matou e a motivação do crime.

    — Parece adorável. Estou amando nossos encontros, são extremamente românticos.

     — Eu não ironicamente não consigo pensar em nenhum lugar melhor para desenvolver nossas interações sociais.

     — Claro, você nunca sai de casa, parece uma vampira. Você não conhece nada da cidade que não seja oportuno para você. Isso é um problema sério que deve ser contornado com urgência.

     — Ah? E o que o senhor sugere?

     — Que bom que perguntou. Talvez se você me der a honra de sua companhia, eu poderia te levar a alguns locais que talvez você gostasse.

     — Que eu gostasse? Eu duvido um pouco disso, Thorpe.

     — Bem, eu adoro surpreender as pessoas. Apesar de toda essa marra, eu tenho certeza que consigo te surpreender, Addams.

     — Concordo, por exemplo, eu vou me surpreender muitíssimo se você conseguir ficar em silêncio até chegarmos ao necrotério.

     Ele deu uma risada baixa mas permaneceu calado até o momento em que abri a porta do local com um grampo e Mãozinha novamente tampou as câmeras para que pudéssemos entrar.

     — Mãozinha, é o seguinte, preciso que você vá até a sala de arquivos e imprima o relatório completo do legista sobre o corpo dela. Avise se alguém se aproximar. Eu vou avaliar o corpo.

     — Ei, não se esqueça de mim. Também to aqui.

     — Não diga. Tinha quase certeza que te deixei na floresta.

     — Muito engraçado. Enfim, a gente não vai ver o corpo não?

     — Tem certeza que quer ver?

     — Eu não sou mole, Addams, não é como se ela estivesse toda estripada.

     Segui tranquilamente com ele atrás de mim para a sala onde os corpos ficavam enquanto Mãozinha foi ao escritório fazer exatamente o que eu pedi. Deixei a mochila em uma mesa próxima e fui abrindo porta por porta até achar o cubículo no qual o corpo de Kara estava. Reparei que Xavier parecia nervoso por ver os cadáveres e eu apenas levantei um pouco os lábios, achando divertido. Eu puxei a gaveta e tirei lentamente o lençol branco que cobria o corpo da vampira para começar a examinar seu corpo. Encarei Xavier e ele parecia prestes a ter um enjoo.

Trust - Wandinha e XavierOnde histórias criam vida. Descubra agora