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     A conversa com Enid serviu para eu me tocar de algumas coisas, mas eu ainda preciso me concentrar no meu maior objetivo. Continuar com minhas investigações. E elas voltavam aos trilhos com Davina.

     Entendo as preocupações de Enid quanto ao meu estado mental e pessoal agora, mas mantenho meu discurso de que eu não posso me distrair agora. A investigação está em primeiro plano no momento, e não meus sentimentos confusos. Assim, eu separei tudo que eu precisava dentro da mochila e peguei Mãozinha, indo em direção ao Pentágono para começar com a minha busca pela sereia.

     Apesar de as aulas de hoje terem sido suspensas porque muitos lobos não se recuperam com tanta facilidade da transformação, o recinto estava cheio como se fosse mais um dia como outro qualquer. Os alunos pareciam preocupados ou intrigados com alguma coisa, suas expressões variavam entre pânico, desentendimento e medo, mas resolvi continuar com meu objetivo inicial de ir encontrar com Davina. Com certeza, não era nada de importante.

     Continuei caminhando por longos minutos até achar a garota sentada em uma mesa sozinha mexendo no celular. Agradeci mentalmente por isso, odiaria que ela estivesse com outras pessoas porque eu seria obrigada a expulsar todos do local e eu não quero me dirigir verbalmente a ninguém a menos que seja estritamente necessário. Ela notou na hora minha aproximação e tirou os pequenos fones brancos dos seus ouvidos.

     — Wandinha Addams. A que devo a surpresa? 

     — Quero fazer algumas perguntas.

     — E eu suponho que estejam relacionadas ao triângulo amoroso que está deixando todo mundo dentro e fora dessa escola louco: Kara, Eric e Kent. Você é extremamente previsível, Addams.

     — Eu discordo, até porque você não sabe se eu vou continuar com as perguntas ou dilacerar sua garganta.

     — Você não poderia fazer isso.

     — Em público, não.

     Davina levantou o queixo tentando transmitir superioridade mas acabou falhando e cedendo, assentindo com a cabeça e sinalizando que eu deveria começar a fazer as perguntas.

     — O que você sabe sobre a vida do Eric antes de ele ter vindo para cá.

     Ela sorriu. Isso tudo era só uma diversão para ela.

     — Ele estudou em Charleston, na Carolina do Sul, antes de ser transferido para cá. Sempre foi um cara problemático. Ele foi detido por alguns pequenos delitos, como furto e dirigir alcoolizado, assim como foi preso por tráfico de drogas. Ele era tipo o fornecedor de tudo que os alunos de lá usavam para ficarem chapados. Eu nunca entendi por que ele fazia isso sendo que ele veio de uma família muito rica e influente, aquele cara nunca precisou ralar por nada na vida dele, sempre tinha tudo que queria de mão beijada.

     — Tanto a venda quanto o consumo de drogas por adolescentes tem a ver com a sensação de pertencimento, de assumir uma série de comportamentos e atitudes anti-éticas para serem aceitos por um determinado grupo. Provável que os compradores dele eram um bando de jovens vazios por dentro que procuravam um meio de se sentirem menos irrelevantes e escolheram os entorpecentes.

     — Claro. Mas enfim, o fato é que ele começou a comercializar essas drogas para adolescentes. Ele viciou várias crianças em coisas barra pesada, tipo cocaína. O fato é que ninguém falava nada porque se ele fosse pego, ele ia parar de fornecer. Não entendo o desespero deles sendo que arrumar droga é a coisa mais simples do mundo, mas foi o que ocorreu. Como ninguém teve a decência de parar o desgraçado, ele continuou fazendo o que sabia fazer de melhor e o resultado foi a overdose de três alunos. Por sorte, dois escaparam, mas uma morreu. Treze anos. Era uma sereia. Muito pesado. Mas os pais dele são da elite, uma elite privilegiada que compra absolutamente tudo.

     — Não existe ética quando se trata de dinheiro.

     — Exato. Eles conseguiram cobrir toda essa situação e provavelmente só deram um carão nele e o transferiram para cá.

     — E você sabe se ele gostava de alguém na antiga escola dele?

     — Ele tinha muitos amigos, todos eram falsos, mas creio que ele gostava deles, sim.

     — Para de brincar comigo. Você entendeu o que eu quis dizer. Com quem ele estava envolvido romanticamente nessa escola?

     — Por que você acha que ele estava?

     — Coletei informações que afirmavam que ele estava apaixonado por alguém de sua antiga escola. Minha pergunta é, isso é verdade ou não?

     — Apaixonado... apaixonado era pouco. Ele era obcecado por ela. Em um nível doentio. Ele fazia tudo que ela mandava sem sequer questionar. Mas ele acabou com tudo. A aluna que morreu era irmã dela.

     — Dela quem?

     — Me esqueci o nome dela. Mareena, eu acho, algo assim. Mas não tenho certeza.

     — Você acha que o Kent matou o Eric?

     — Oi? O Kent? Se estivermos falando do mesmo Kent, essa ideia é absurda. Ele não teria coragem de matar nem uma barata, quanto mais uma pessoa.

     — Isso é muito tangencial. Qualquer um pode vir a ser um assassino com a motivação correta. O Kent tinha uma motivação e não seria difícil para ele invadir o quarto do Eric e matá-lo.

     — Isso com certeza é pouco provável. Weems disse que as câmeras do corredor do quarto dele não mostravam ninguém entrando além do próprio Eric. Além disso, várias testemunhas alegaram que também não viram ninguém, então as câmeras não foram sabotadas. Ele pode ter uma motivação, mas o crime não bate. Além do mais, ele estava nadando no lago na hora do ocorrido, ele tem um álibi.

     — Ele estava nadando na superfície?

     Davina parou um pouco e me encarou com um pouco de confusão no olhar.

     — Estava explorando o fundo do lago.

     — Certo. Já é o bastante.

     — Você acha que foi ele? Que matou o Eric, no caso. 

     — Eu não descartei essa possibilidade. Tem mais alguma coisa que acha que pode me ajudar?

     — Não. Era isso. Mas se você quiser tentar descobrir mais, deveria revistar o quarto do Eric e o do Kent. Talvez você descubra algo útil.

     — Por que você está me recomendando invadir o quarto do seu amigo em busca de provas para descobrir se ele é um assassino ou não?

     — Porque eu não acho certo alguém matar outra pessoa e desestruturar emocionalmente todos os alunos dessa escola e sair ileso. Mesmo que seja meu melhor amigo. Além disso, se nós pudéssemos resolver um problema em um mar deles, já seria um alívio. Parece que quando menos esperamos, mais uma coisa acontece. Primeiro o assassinato da Kara, depois o sequestro dos meninos, depois a morte do Eric e agora mais isso...

     — Isso o que?

     — Você não ficou sabendo? Mais sete alunos simplesmente sumiram ontem a noite.

     — Sumiram? Como sumiram?

     — Não tenho a mínima ideia, mas não acordaram aqui de manhã. Mas tenho certeza que você vai conseguir investigar e resolver tudo. Boa sorte, Addams.

     Eu assenti para ela e, intrigada, comecei a me estressar. Por que isso não para? Por que tem tanta coisa? Esses casos estão me deixando cada vez mais confusa, é coisa demais para raciocinar e com o negócio de Xavier, eu estou sentindo que perdi algum detalhe, algo tão óbvio mas que eu não reparei e ainda não sei o que é.

     Mas o que me deixou mais intrigada é o fato de Davina ter afirmado  com segurança que os três primeiros alunos foram sequestrados quando ninguém nunca citou essa possibilidade.










Notas:
Cap só pra nn deixar de postar msm. Gnt, quero desejar um feliz natal para todos vcs, mta felicidade e mta paz para vcs e que vocês passem esse momento de um jeito agradavel com as pessoas q vcs amam. Agradeço de coração por tds q estão acompanhando minha história e sou mto grata pela oportunidade de estar aqui escrevendo e já ter 8k de leituras. Mto obrigada de vdd. Feliz natal a todos!!

Trust - Wandinha e XavierOnde histórias criam vida. Descubra agora