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    Chegamos bem tarde na escola, mas mesmo assim, fui até a sala da diretora Weems. Era óbvio que ela sabia coisas das quais eu não sabia e eu também sabia de coisas que ela não imaginava.

     Não se confundam. Não quero envolvê-la em nenhum aspecto da minha investigação. Mas agora eu tenho muito mais detalhes a serem acrescentados e ela pode me ser muito útil quanto a isso.

     Bati algumas vezes na sua porta até ela autorizar minha entrada. Ela estava vestida elegantemente como sempre e cuidava de alguns assuntos relacionados à escola, creio eu. Ela desvia seu olhar das papeladas e o direciona para mim assim que fechei a porta.

     — Senhorita Addams. A que devo a honra de sua visita?

     — Eu pensei no que você disse. Eu não sei de muitas coisas. E saber de tudo ao mesmo tempo está além do meu alcance. Por isso, eu preciso das suas... informações sobre os casos.

     — Que casos?

     — Tudo que você souber sobre os desaparecimentos dos alunos e o que poderia estar distraindo a polícia agora.

     — Isso não é responsabilidade sua, Wandinha... eu não posso te deixar encarregada de situações como essa, e não porque eu não acho que você é capaz. De modo algum. Mas eu não posso arriscar a segurança dos meus alunos. Então simplesmente esqueça tudo que eu lhe falei naquela noite.

     — Se eu não investigar, mais casos de desastres aqui na escola podem acontecer. Mais assassinatos.

     Ela enrijeceu ao ouvir essa última parte.

     — Que assassinato ocorreu, senhorita Addams?

     — Descobri recentemente que Kara Sharp foi assassinada e a cena que os padrões encontraram foi forjada. Diretora, alguém matou essa menina e eu tenho quase certeza que essa pessoa está dentro da escola. Agatha Christie escreveu que matar é um hábito. Se eu não investigar isso, mais corpos podem aparecer. Você estará protegendo seus alunos se me fornecer as informações que eu preciso.

     — Mas é impossível, o xerife me disse... o xerife me disse que foi suicídio.

     — O padrão dos hematomas na região do pescoço não correspondia a uma tentativa de suicídio. As marcas de uma ação assim ficam na região mais baixa da garganta e sobem nas regiões laterais. As que eu e o legista vimos na garganta dela circulava perfeitamente a parte frontal do seu pescoço, como se ela tivesse sido estrangulada. Além disso, achei um furo de agulha no pé esquerdo dela, bem em cima de uma veia. Os legistas não notaram porque o ponto estava sujo com terra. Diretora, eu lhe garanto. O assassino dela está nessa escola, mas eu preciso saber o que a senhora sabe até agora.

     — Isso não é coisa para uma jovem da sua idade se preocupar...

     — Sabe que não vamos obter respostas se depender da polícia. Você disse que eles estão preocupados com outros casos e mesmo que não estivessem, eles acham que foi suicídio. Não vão investigar um homicídio que eles nem sabem da existência.

     Ela parou por um momento, ficando imóvel na sua cadeira e parecendo processar e pensar se ela deveria me dizer o que eu quero. Depois de uns minutos, ela levanta seu olhar para mim novamente.

     — Você estava me espionando hoje. Na delegacia.

     — Não nego sua acusação.

     — Do que você precisa saber, Wandinha?

     — Primeiro, preciso saber quem foram os alunos desaparecidos e se tem certeza de que eles só não saíram juntos e não retornaram até agora.

Trust - Wandinha e XavierOnde histórias criam vida. Descubra agora