Trust - Wandinha e Xavier

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     A cada minuto que passava, o Pentágono ia se enchendo de alunos que tinham descido de seus quartos para fofocar com outros alunos que não tinham nada melhor para fazer além de cuidar de assuntos pessoais de outros indivíduos. Ainda assim, eu analisei aquele local de cima a baixo e eu não encontrei esse bendito sereiano.

     Que ódio. Ele está me atrapalhando. Espero que ele não esteja morto.

     Confiro no relógio do telefone e vejo que já são quase nove da manhã. Estou esperando há mais de duas horas e Kent não desce.

      Minha paciência começa a se esgotar mas não tive tempo para me aprofundar mais nisso porque vi Xavier vindo em minha direção. Um arrepio percorre meu corpo mas mantive minha postura fria e calma enquanto ele diminuía a distância entre nós. Me levantei e fiquei de frente para ele, que me encarava com expectativa e arrisco dizer, felicidade.

     — Oi, Addams. — Apesar de ter parecido calmo, ele parecia ter soltado junto com essa frase trinta quilos de alívio genuíno, como se ele estivesse com medo de que eu o ignorasse.

     Por que ele pensaria isso, não?

     — Xavier, oi.

     — Oi. — Ele parecia completamente surpreso, talvez até algo comparado à hipnose. Eu não sei dizer com certeza, não sei como se encontra seu metabolismo cerebral no momento, mas ele com certeza parecia hipnotizado por algo.

     Ou alguém.

     — Você acabou de me dar oi. Se recomponha, Thorpe. Isso é uma conversa normal, não precisa ficar agindo assim.

     — Assim como? — Seu tom parecia mais sóbrio e objetivo agora.

     — Como um idiota.

     — Talvez seja porque eu sou um idiota por você.

     Minhas bochechas coraram e eu arregalei discretamente e rapidamente os olhos. Como ele conseguia sair de um garotinho assustado para o cara que me faz ficar vermelha em questão de segundos?

     — Não fale assim.

     — É verdade. Eu sou um idiota por você e somente por você.

     Minhas bochechas formigaram ainda mais do que antes, mas evitei demonstrar que isso me afetou. Ainda que fosse bem pouco, claro.

     — Mas falando sério agora, tá tudo bem?

     Tudo bem? Claro. Eu estou sendo perseguida por um hacker, já ocorreram dois assassinatos relacionados à escola, um monte de alunos sumiram do nada e eu não consegui resolver nenhum desses casos e para piorar, ele fica falando essas coisas que me confundem ainda mais.

     — Então quer dizer que não é sério o fato de você ser um idiota por mim? — Perguntei me virando para voltar a sentar na mesa que eu ocupava antes de Xavier vir puxar assunto. Ele solta uma risada baixa e se senta na minha frente.

     — Não duvide nem por um momento de que eu sou sim louco por você.

     — Isso parece muito com uma frase que um serial killer diria para tentar atrair sua vítima...

     — Está me comparando com um assassino? — Ele pergunta com uma expressão de brincadeira e confiança calma no rosto.

     — Não, disse que o que você acabou de me falar pode ser algo que um assassino diria para tentar atrair sua vítima.

     — Aplicando essa metáfora com a gente, eu estou conseguindo?

     — Conseguindo o que?