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Confesso que fiquei levemente abalada com o que aconteceu com Xavier agora há pouco, mas disfarcei o máximo que consegui.

Eu não falei com ele.

Eu entrei num voto de silêncio até eu chegar no quarto e poder raciocinar melhor. Afinal ele não ia notar nada se eu não falasse nada. Se você não quer que ninguém saiba de algo, é só você não deixar as pessoas repararem. Isso é, na minha opinião, uma arte que poucas pessoas conseguem executar com perfeição e leva anos de experiência. Enid disse que isso não é muito saudável, mas saúde é para os fracos.

Enid naturalmente estava bem alterada com a descoberta em primeira mão de que tinha um assassino a solta na propriedade da escola. E era estranho e emocionante saber que qualquer um de nós poderia ser o próximo.

— Você precisa tomar cuidado. Eu já te disse isso. Imagina se essa pessoa vem atrás de você? Você não acha que é uma grande coincidência você ir interrogar alguém e no mesmo dia o matam?

— Óbvio que não. Isso foi tudo planejado. A pessoa que o matou estava no quarto com a gente quando eu fui até lá primeiro. Ele sabia que eu ia conseguir arrancar alguma coisa do Eric e o silenciou antes que ele pudesse deixar escapar algo. É um ato perigoso, claramente executado em um momento de desespero e que poderia facilmente ter acabado com quaisquer planos desse assassino. E eu quero descobrir que planos são esses. Para isso, eu queria te pedir... ajuda.

Enid me encara como se tivesse acabado de ver um fantasma. Talvez eu não devesse tê-la pedido ajuda.

— Perdão? Você quer minha ajuda? Eu não achei que já tínhamos chegado nesse ponto! Daqui a pouco, quem sabe você me deixa te abraçar quando eu quiser!

— Só quando o inferno congelar. Enfim, você vai me ajudar ou não?

— Depende. Se a ajuda envolver dissecar um cadáver ou desenterrar algum corpo, acho melhor eu chamar o Xavier para você.

— Na verdade, o que eu preciso de você são... informações. Sobre o Kent. O sereiano.

— Ou seja, você quer saber dos podres dele? Nunca achei que você fosse do tipo fofoqueira! Depois me lembra de te deixar inscrita no meu blog!

— Aquilo parece ter sido escrito por uma criança de quinta série, Enid.

— Pode até ser, mas se você acompanhasse, você não precisaria fazer o imenso esforço de me pedir ajuda.

— Prefiro me submeter a essa pequena humilhação. Vai me dizer o que sabe sobre ele ou não?

Enid apenas se ajeitou na cama antes de voltar a falar.

— Ele era louco pela Kara. Ficou arrasado depois do término. Ele não superou com facilidade o fato de que ela escolheu o Eric, principalmente pelo fato de que ouviram rumores de que ele gostava de outra menina que não estudava aqui. Kent vivia falando para a Kara que isso com o Eric era uma roubada e ela só estava sendo usada para suprir as "necessidades" dele, para não dizer outra palavra.

— E quem era essa outra menina?

— Ninguém sabe. Na verdade, nem se sabe se ela de fato existe. O povo só acha que ele gostava de outra pessoa. Enfim, o Kent também não reagiu bem quando descobriu que a Kara tinha morrido. Aparentemente, eles tiveram uma discussão no Pentágono alguns dias depois de terem a confirmação do óbito e ele estava visivelmente alterado. Mas não sei mais que isso. Você acha que ele é o assassino?

— Não sei. Mas ele é alguém de interesse na investigação.

— Certo, mas você pode só ir atrás dele amanhã? Já tá tarde.

Trust - Wandinha e XavierOnde histórias criam vida. Descubra agora